Nova regra deve incentivar negócios com carbono
- Sabrina Bevilacqua
- Direto de São Paulo
O mercado brasileiro já conta com uma norma para transações de crédito de carbono. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) lançou hoje, na Fiesp, a ABNT NBR 15948:2011, que apresenta requisitos e princípios para a comercialização voluntária de Reduções Verificadas de Emissões (RVE).
Segundo o coordenador da comissão de estudo especial de mercado voluntário de carbono da ABNT, Marco Antonio Fujihara, a intenção foi criar uma norma simples e objetiva para facilitar o acesso das organizações a esse mercado. Ele diz que, cada vez mais, as empresas percebem a importância da sustentabilidade em seus negócios. Por isso, o mercado voluntário tem crescido nos últimos anos e é necessário incentivá-lo. Em 2009, o mercado brasileiro comercializou 94 McCO2e (milhões de toneladas de CO2e). Com a nova norma, a expectativa é chegar a 400 McCO2e em 2012.
A simplicidade das regras também facilita o poder de adaptação das mesmas. Algo importante para que no futuro as regras possam ser utilizadas em transações globais. "O desafio agora é fazer com que essa norma seja aceita internacionalmente, transformá-la em uma ISO", diz Fujihara.
Para as instituições envolvidas, a medida pode ser considerada uma oportunidade, uma vez que em 2010, o Brasil se comprometeu com a Convenção Quadro das Nações Unidas para a Mudança do Clima a reduzir voluntariamente suas emissões entre 36,1% e 38,9%. Em 2009, o mercado mundial de carbono comercializou mais de 4.713 MtCO2e, movimentando mais de US$ 144 bilhões. "É o momento de convencer as pessoas de que é possível obter lucro com ética", afirma o vice-presidente da Fiesp, Celso Carvalho.
Emissões por desmatamento- Fujihara afirma que o próximo passo é criar instrumentos que colaborem para a proteção das florestas brasileiras. Segundo ele, uma comissão trabalha agora em uma norma para incentivar a redução de emissões por desmatamento e degradação (Redd). "O Brasil tem obrigação de criar normas internacionais nesse sentido, para não ficarmos sujeitos a regulamentações criadas por outros países", diz ele.