Upcycling: marca baiana faz sucesso ao vender roupas produzidas com sucata
Reutilização de descartáveis está cada vez mais comum no mercado de moda; entenda
Com o avanço da crise climática, diferentes setores têm trabalhado para reduzir os impactos ao meio ambiente. Na agropecuária, por exemplo, surgiu o bife de baixo carbono. No ramo das passarelas, estilistas trabalham com o upcycling, um segmento do slow fashion, que visa produzir roupas e acessórios com materiais descartados.
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No upcycling, que no português significa "reutilizar", a ideia de lixo é inexistente. Nele, o estilista trabalha com materiais reutilizáveis, estilizando-os, mantendo suas características originais ou não, fazendo com que a economia gire, mas reduzindo o despejo de detritos em aterros, como o famoso deserto de roupas no Atacama, no Chile.
O "movimento da reutilização" vem ganhado espaço entre as grandes marcas nos últimos anos devido aos expressivos danos que a indústria têxtil provoca ao ecossistema. De acordo com o levantamento da Global Fashion Agenda, organização sem fins lucrativos que promove a colaboração da indústria na sustentabilidade da moda, o setor é o segundo mais poluente do mundo, responsável pelo descarte de cerca de 92 milhões de toneladas de resíduos anualmente. A projeção é que até 2030 este número tenha um pico, alcançando a margem de 140 milhões de toneladas anuais.
Dentro deste contexto, a Santo B, criada pela estilista Márcia Carvalho, tem se destacado com peças de materiais descartados. Estão disponíveis na loja itens como, bolsa, porta-vinho, lixos de carro, porta-lápis, porta-moeda, porta-cartão e chaveiros.
“É uma importante solução para o meio ambiente, o lixo têxtil hoje é um grande problema no mundo e o upcycling dá um respiro ao ecossistesma. Isso porque, a partir do momento que um material destinado ao descarte se transforma em produto para ser utilizado, aliviamos o impacto no planeta [...] Quem faz moda precisa ter responsabilidade com o ambiente, porque a gente está trabalhando para o futuro. Fazer upcycling ou reciclar o produto é responsabilidade e é muito viável”, afirma Márcia.
Com o material em mãos, a única fase terceirizada é a caracterização das bolsas. “Nossa base e estrutura de produção sempre é a sucata. Se uso as cordas, o que sobra delas eu utilizo para fazer outras coisas. Eu tento ao máximo não ter lixo. Faço o porta-cartão com o que sobra dos recortes das bolsas e assim por diante”, explica a estilista.
Márcia enfatiza que o intuito das bolsas não é somente seguir tendências, mas mostrar ao público que é possível ser estiloso, elegante e ainda assim ser sustentável.
E para além do "conceito verde", ela também faz questão de deixar as suas raízes em seu trabalho. “[Sou nordestina, então é tudo] muito colorido, eu trago isso sempre no meu produto, faço muita mistura de cor, algo bem vibrante e que evoca alegria e animação. Eu já ouvi que o meu produto é divertido e isso é verdade. Não é um produto descartável. Já usei uma bolsa e a coloquei como um cesto de roupa suja. Então os produtos podem mudar de função, tem uma flexibilidade muito grande, você pode usar de diferentes formas. Isso é sustentável”.