Animais selvagens: nossos novos perigos

A vegetação é muito mais exuberante. Os baobás, árvores de grande tamanho e de cor muito clara, elevam seus galhos nus. Os perigos são elefantes, serpentes e escorpiões. Um conselho: se ouvirmos algum barulho, não devemos gritar, nem ficarmos nervosos, simplesmente devemos ficar quietos.

Estamos há quase uma semana no Zimbábue, no entanto, hoje é o primeiro dia que estamos na África ou, pelo menos, no continente que todos nós imaginávamos.

Pela manhã, na cidade de Chinoyi, de ruas largas e intensa vida de rua, paramos um momento para comprar os mantimentos necessários para os quatro dias que seguirão. De novo estamos na estrada. Desta vez vamos mais rápido do que nunca, já que temos que chegar em tempo para obter a licença necessária para atravessar o Parque de Mana Pools, rumando até o lugar desde o qual observaremos o eclipse.

Ao chegar, notamos que algo mudou: o cheiro é diferente, a vegetação é muito mais frondosa e exuberante e tem insetos por toda parte. Antes de adentrarmos neste lugar, as autoridades, tão impecavelmente uniformizadas como sempre, obrigam-nos a deixar todas as frutas que levamos, já que os animais sentem-se atraídos pelo seu cheiro.

Adentramos nesta reserva natural, e ao dobrar numa curva, ficamos extasiados perante à paisagem. Os baobás, árvores de grande tamanho e cor muito clara, elevam seus galhos nus entre a vegetação dos bosques e os arbustos. Ao longe está o vale do rio Zambeze.

No grande leito de um rio seco temos a oportunidade de observar finalmente um elefante. Em silêncio aproximamo-nos com as câmaras, enquanto o entardecer tinge de cor-de-laranja a cena. A visão destes grandes animais no seu entorno natural provoca na gente uma sensação muito especial, mistura de espanto e respeito.

Quando cai a noite a surpresa não se faz esperar. Em nosso caminho cruzamos com uma hiena, mais tarde distingüimos a figura de dois leões. Nos amontoamos nas janelas, enquanto o Rudy, nosso guia ilumina-os com uma lanterna. Longe de assustarem-se, os felinos olham para a gente e afastam-se tranqüilamente. Está claro que neste lugar os intrusos somos nós. Agora nos sentimos enjaulados em nosso caminhão.

Atravessamos o Parque Nacional de Mana Pools e o Safari de Sapi. Já é de noite, mas desta vez, no nosso caminhão, ninguém dorme. As piadas e brincadeiras são sucessivas: e se fura um pneu? Quem seria o valente que desceria e trocaria o pneu? Eu certamente que não. Nos sentimos indefesos perante a vida selvagem, é uma nova sensação.

Depois de cruzar Mana Pools, atravessamos a reserva de Sapi. Como os acampamentos estão todos ocupados seguimos em frente. Atravessamos outra reserva, a de Chewore. Nesta zona tem rinocerontes pretos, com perigo de extinção, javalis, guepardos e várias espécies de antílopes.
Chegamos ao nosso lugar de acampar. O Rudy adverte que ao nosso redor tem animais selvagens e, se ouvirmos algum barulho, não devemos gritar, nem ficarmos nervosos, simplesmente ficarmos quietos. Pela noite também não devemos nos mover sozinho pelas redondezas.

Montamos as barracas e tendas todas grudadas, mais rápido do que nunca. Para ir nas latrinas, que ficam afastadas das tendas uns quantos metros, devemos ir em grupo. Outro dos perigos são as serpentes, que segundo o Rudy, costumam entrar nos buracos das latrinas e os escorpiões. Os elefantes também podem vir nos visitar, mas não tem perigo porque as barracas são para eles simples pedras. E eu me pergunto: não será possível que um elefante tropece com uma das tendas?

Antes de irmos dormir, o grupo científico de Shelios estuda nossa localização. Parece que este pode ser um bom local para a observação do eclipse. Vamos dormir, estamos na África .... até agora não ouvimos nenhum animal. Amanhã, com luz, montarão os aparelhos para a observação e serão realizadas provas. Já falta menos para o eclipse...

Sofía Aymat