Finalmente estamos no lugar desde o qual observaremos o eclipse. Tivemos muitos problemas. A África é assim mesmo. Nunca se sabe! Nosso equipamento de retransmissão já está arrumado. Em Chinoyi, tivemos a sorte de encontrar um autêntico "faz-tudo" numa oficina de consertos de tudo o que é tipo de aparelhos chamado "Inspired Technologhy".
Certamente, inspirado é que devia estar aquele homem para conseguir "destripar" e modificar um transformador que fora adaptado ao nosso vídeo-fone, com as ferramentas mais precárias que a gente possa imaginar.
Depois de montar o acampamento, emocionados pela paisagem e pelos animais que finalmente tínhamos avistado, fomos dormir. Nosso acampamento e o lugar de observação estão instalados numa concessão para caça, onde afastar-se das barracas e tendas pode ser tão perigoso pelos animais quanto pelos caçadores.
Desde as 11h a equipe de cientista da Shelios está funcionando. Sobre uma grande esplanada rodeada pelas tendas, os telescópios apontam já para céu, limpo e sem nuvens.
O sol esquenta com força e o calor nos acompanha durante todo o dia. Enquanto a equipe de cientistas trabalha na calibragem dos instrumentos, nós conseguimos tomar uma ducha bem natural: um simples encanamento que se eleva a uns quantos metros sobre uma pequena esplanada de areia fina. A água, logicamente, fria e as paredes são um simples plástico formando um quadrado. Tomar uma ducha enquanto o sol bate na gente no meio da natureza é algo novo na nossa viagem e é curioso porque ninguém sentiu saudades da típica ducha "quentinha" dos outros dias. Isto é diferente e especial!
Ao entardecer, nos afastamos um pouco, somente uns quantos metros, do nosso acampamento acompanhados pelo Rudy, que levou a gente até um charco no qual os animais desciam para beber ao entardecer. Ali, camuflados num lugar estratégico, esperamos durante um bom tempo pela chegada de algum animal, agüentando moscas e mosquitos que rodeavam-nos. O Rudy deixou-nos sós, mas não sem antes nos advertir que se aparecesse algum leão, o que devíamos fazer era ficarmos quietos e afastar-nos aos poucos sem ficar de costas. Certamente que era uma das suas piadas! Acho que se não fosse, não teria nos deixado sozinhos.
Depois de esperar por um bom tempo e quando a luz tingia-se de laranja, barulhos de carros e de crianças estragaram nosso planos. "Mas o que é que fazem aqui?", pensamos. É isso, tinham vindo ver o eclipse. Já não estamos sós!
De noite, o Rudy deleitou-nos com um jantar delicioso: frango assado na grelha e pão de cerveja, feito por ele mesmo. Tínhamos que comemorar: finalmente amanhã seria o grande dia para a expedição Shelios-Terra!
Sofía Aymat
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