Adeus, África!

Já nos despedimos do Zimbábue. Na nossa última etapa visitamos Kariba, uma cidade situada num grande lago artificial formado pela construção da represa que fornece energia elétrica para quase todo o país.

Esta paisagem é uma espécie de paraíso para os turistas. As embarcações e o iates situados nas margens do lago batem de frente com o turismo "mais discreto" que encontramos até agora. Uma viagem de barco por este lago artificial, o maior do mundo, permitiu que vejamos de perto uma manada de hipopótamos.

Depois da excursão, montamos o acampamento num camping cheio de estrangeiros. Nas nossas costas, uma cerca eletrificada adverte o perigo que tem do outro lado: hipopótamos e crocodilos. Estes últimos, segundo alguns nativos do lugar, comem cada ano mais de um turista.

Na noite de sábado, o desejo de desfrutar o máximo dos últimos dias na África deu-nos ânimo para sair. Foi uma experiência incrível. Acompanhados pelo Rudy nos aventuramos para ir dançar. Então tá, "Where is the disco? ... e vamos lá". Quando chegamos ao local, um grupo de rapazes, acompanhados pela sua correspondente cerveja, olhou para nós que nem bichos raros. Na realidade, nós éramos.

Com a prudência que devemos ter perante uma situação na qual não se conhece as regras do jogo, entramos em uma sala pouco iluminada e semi coberta por um teto alto. Só tinha homens, alguns dançando. Tudo era diferente: o jeito de dançar, a música e, a coisa mais impressionante, só era possível beber cerveja se pagássemos adiantado. Depois de dançar e dançar, e com a intenção de estudar as reações das pessoas, nós marcamos presença com uma "jota" (dança típica espanhola). Cansados e divertidos depois da experiência, fomos dormir.

No dia seguinte, nos dirigimos até a capital, Harare, onde nossa expedição acabaria com um jantar na Embaixada Espanhola. Depois de tantos dias de estrada, e sem quase roupa limpa dentro das mochilas, nossa aparência não era a mais adequada para a ocasião. Porém, a amabilidade do senhor Embaixador, Tomás Solís, e da sua esposa Lola, que nos ofereceram uma noite memorável, fez com que esqueçamos rapidamente da nossa indumentária meio "deselegante". Afinal, éramos uns aventureiros!

O contraste foi enorme. Acostumados com as cadeiras de camping, os pratos de plástico e os copos de metal, nos encontrávamos agora perante uma mesa maravilhosamente apresentada, na qual compartilhamos, além do jantar (berinjelas, carne de lombo, pudim de leite e vinho tinto), nossas experiências no Zimbábue. O embaixador falou-nos sobre esse belo país em que mora há quatro anos e todos coincidimos numa coisa: as pessoas são, além de alegres, muito acolhedoras com o estrangeiro.

Desde aqui queremos agradecer a don Tomás Solís pela sua hospitalidade e, sobre tudo, seu interesse pelos objetivos da expedição Shelios-Terra, que contou com a sua ajuda nos momentos mais difíceis, quando os problemas na fronteira com nosso material de trabalho, nos fizeram duvidar do sucesso da nossa aventura.

Agora, já podemos dizer que nossa viagem terminou. Com uma mistura de tristeza, por separar-nos do resto de expedicionários com os quais compartilhamos durante 15 dias alegrias e dificuldades, e a ansiedade de voltar para ver aqueles dos quais temos saudades. Certamente, já não somos os mesmos. Vivemos nosso primeiro eclipse total do sol, conhecemos um país incrível, tanto pela sua maravilhosa e selvagem natureza como pela sua gente e, sobretudo, compartilhamos um objetivo comum com um grupo de pessoas que, sem dúvida, deixou-nos algo muito especial: sua amizade.

Sofía Aymat