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Até
acidente de carro afeta resultado da Nasdaq
Ernani
Assunção, de Nova York
Para
entender o desempenho de uma bolsa de valores basta acompanhar
a performance de um índice durante uma semana. Neste espaço
de tempo, tudo pode acontecer. O mercado financeiro é movido
não só pelas estimativas e projeções
divulgadas pelas empresas e avaliadas pelos analistas, mas também
pelos boatos, rumores e, por que não dizer, fofocas. O
simples rumor de que o presidente de uma grande empresa que tem
tido um exemplar desempenho administrativo está se aposentando
ou deixando a companhia por uma concorrente pode fazer com que
as ações de uma despenque e da outra exploda. Até
o boato de um possível acidente de carro sofrido por Alan
Greenspan, presidente do banco central norte-americano, chegou
a afetar a bolsa na semana passada.
Veja a performance da Nasdaq na semana passada, por exemplo. Logo
na segunda-feira, a bolsa eletrônica subiu consideravelmente,
impulsionada por várias notícias positivas. A Intel
(Nasdaq: INTC), maior fabricante de chips do mundo, anunciou que
estava construindo uma nova fábrica só para conseguir
suprir a alta demanda de seus produtos. Para ajudar, uma de suas
maiores concorrentes, a Advanced Micro Devices (Nasdaq: AMD) disse
que pretende lançar o processador de computadores mais
barato do mercado. As duas novidades caíram no gosto dos
investidores e ajudaram todo o setor tecnológico.
Na terça-feira, as ações das fabricantes
de chips continuavam a puxar a alta do índice. Só
que desta vez o maior destaque foi a Microsoft (Nasdaq: MSFT),
líder mundial na fabricação de software.
Como todos sabem, a empresa de Bill Gates tem participado de uma
verdadeira batalha judicial com o governo norte-americano. Depois
de ser investigada num processo antitruste, onde era acusada de
monopólio, a Microsoft foi condenada e, como pena, a Justiça
decidiu que a empresa teria de ser dividida em duas. Uma seria
responsável pelos programas Windows e a outra por todos
os outros aplicativos. Como a divisão poderia afetar o
desempenho da companhia, as ações da Microsoft vinham
se desvalorizando.
Mas na terça-feira a história foi diferente. Além
da notícia de que estaria encaminhando uma apelação
à Corte Suprema, a Microsoft também anunciou seu
novo plano de investida em direção à Internet.
Uma nova linha de produtos que deve facilitar a interação
de seus programas com a Internet. A notícia elevou as ações
da empresa na bolsa e animou os investidores. A Nasdaq entrou
na onda e subiu fechando acima dos 4 mil pontos pela primeira
vez em mais de dois meses.
Na quarta-feira, a confirmação oficial de que a
Microsoft conseguiu suspender, temporariamente, a aplicação
das penas estipuladas pela Justiça continuou mantendo o
mercado empolgado e as ações da Microsoft subindo.
Na quinta, depois de três dias consecutivos de alta, a bolsa
eletrônica passou a operar no vermelho. O motivo era simples:
depois de toda a valorização acumulada no início
da semana, os investidores resolveram vender suas ações
para a retirada dos lucros obtidos com os bons negócios.
No começo da semana o movimento foi grande porque as ações
estavam baratas. No final da semana, como elas se valorizaram,
era a hora de lucrar.
A única notícia que influenciou o mercado foi a
de que Alan Greenspan, presidente do Federal Reserve, o banco
central norte-americano, havia sofrido um acidente de carro. Como
Greenspan é uma espécie de guru da economia mundial,
e praticamente dita os rumos da política monetária,
o mercado acionário está sempre de olho em qualquer
coisa que aconteça com ele. Mas tudo não passava
de boato e o Fed logo tranqüilizou o mercado.
No último dia da semana a Nasdaq foi surpreendida por um
comentário negativo direcionado à maior empresa
de comercio varejista de Internet. Um analista conhecido disse
que a Amazon.com (Nasdaq: AMZN) não tem mais dinheiro para
cobrir os constantes prejuízos e que, pelas contas dele,
não sobreviveria por muito mais tempo. A notícia
fez com que as ações da empresa despencassem levando
junto todo o mercado tecnológico. A Amazon apareceu dizendo
que a notícia não tinha nenhum fundamento, mas o
mercado, cansado de ver a empresa registrando prejuízo,
preferiu acreditar no analista. Em um dia, a Amazon perdeu cerca
de US$ 3 bilhões do seu valor de mercado.
Nesta segunda-feira, a Nasdaq começou o dia recuperando
as perdas das duas últimas sessões. Hoje, todos
estão de olho na próxima reunião do comitê
de política monetária que acontece terça
e quarta-feira. O comitê liderado por Alan Greenspan vai
definir se aumenta a taxa de juro básico dos EUA. Há
exatamente um ano, o banco central do país vem elevando
a taxa de juro na tentativa de desacelerar a economia americana
que enfrenta problemas por ter crescido demasiadamente - um problema
que soa estranho em um país como o Brasil.
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