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Ações da empresa que mapeia Genoma sobem 1.400%

Ernani Assunção, de Nova York

A notícia do mapeamento do Genoma, já considerada pelos cientistas tão importante quanto a chegada do homem à Lua, em 1969, e a invenção do microprocessador, em 1970, é também recebida com comemoração pelos homens de negócio. Para se ter uma idéia, as ações da empresa biotecnológica Celera Genomics são negociadas hoje por cerca de US$ 110, valor 1.400% acima do preço registrado na mesma época do ano passado.

A Celera é considerada responsável por grande parte do sucesso das pesquisas do Genoma, uma vez que seus cientistas mapearam 98% dos genes e decifraram a exata seqüência de 3,1 bilhões de bases do DNA humano. Com apenas dois anos de existência, a Celera já figura na lista das empresas mais valorizadas do mercado.

Em 25 de fevereiro deste ano, as ações da Celera atingiram US$ 252, o valor mais alto desde que a empresa abriu seu capital. Desde então houve uma reviravolta no setor provocada pelo temor de que o governo obrigaria as empresas a colocarem o conteúdo de suas pesquisas à disposição do público, de graça. As autoridades esclareceram, mais tarde, que apenas os resultados deveriam ser divulgados à sociedade, e não o conteúdo das pesquisas.
O produto chave da empresa é a informação sobre o Genoma. O objetivo da Celera é, em um curto prazo de tempo, começar a lucrar
com a venda de informações para laboratórios farmacêuticos, universidades e no auxílio de pesquisadores em geral.

Até agora o negócio não tem sido lucrativo. No ano passado, o faturamento da Celera chegou a US$ 12,4 milhões. O detalhe é que as perdas foram grandes. Cerca de US$ 43,5 milhões foram gastos com a contratação de empregados e investimento em máquinas. Isso explica por que na segunda-feira, mesmo com a divulgação de uma notícia tão boa envolvendo o nome da empresa, as ações da Celera registraram queda em vez de subirem. O que importa mesmo são os resultados e a previsão de lucros.

Mas as previsões são boas para a companhia. Em 1999, gigantes como a indústria biotecnológica Amgen, da Califórnia, a suíça Novartis e a fabricante de remédios norte-americana Pharmacia Corp., de Nova Jersey, assinaram contratos de três anos para receber informações da empresa. Cada contrato teve o valor estipulado em US$ 25 milhões. Há pouco tempo a Celera anunciou que a Pfizer, outra potência do mercado farmacêutico, e a Takeda, maior fabricante de remédios do Japão, também assinaram contratos no valor de US$ 50 milhões cada.

Os analistas acham que, em um curto prazo, quase todos os fabricantes de remédios serão clientes da Celera. Isso faz com que, de acordo com as estimativas, em 2004, a Celera Genomics tenha um faturamento anual de cerca de US$ 800 milhões.


 

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