"Pontocom"
cortam gastos em propaganda para sobreviver
Ernani
Assunção, de Nova York
Quando
o mercado tecnológico começou - em abril deste ano
- a sofrer desvalorizações após uma longa
temporada de fortes ganhos e ações supervalorizadas,
as empresas de Internet, principalmente, perceberam rapidamente
que a onda de altos lucros podia estar passando. Tanto as companhias
pontocom que já tinham capital aberto quanto as que estavam
de olho nos dólares trazidos pelos IPO's (Oferta Pública
Inicial) do mercado acionário foram obrigadas a repensar
suas estratégias. De lá pra cá começaram
a cortar gastos, diminuindo o número de empregados e os
investimentos em publicidade.
Há
algumas semanas, o site Salon.com, uma das mais bem-sucedidas
revistas eletrônicas dos Estados Unidos, demitiu 13 funcionários
na tentativa de cobrir as perdas que vem sofrendo em seu faturamento
com a queda nos anúncios publicitários. A CDNow,
que já foi dona de uma das estratégias de marketing
mais agressivas da web, anunciou em maio que está cortando
em cerca de US$ 12 milhões por trimestre os gastos com
propaganda.
Não há dúvida que algumas companhias deste
setor estão começando a ficar sem dinheiro. Na semana
passada, por exemplo, as ações da Amazon.com, maior
varejista online, despencaram num sinal claro de que o mercado
está ficando impaciente com as promessas de bons resultados
e os seguidos prejuízos.
Em
Wall Street comenta-se que muitas e-tailers (retailers/varejistas
da Internet) estão se arrastando para sobreviver até
dezembro. Depois de gastarem praticamente todo o dinheiro investido
pelos fundos de investimento, elas estariam apostando tudo o que
tem no movimento de Natal.
Segundo
o renomado analista Henry Blodget, da corretora Merrill Lynch,
mais de 75% das empresas de Internet vão desaparecer do
mapa em um espaço de tempo mais curto do que se imagina.
Alguns
analistas acreditam que o setor estará passando por uma
acomodação natural, uma vez que houve uma superestimação
de lucros para as empresas pontocom. Uma prova disso é
que as previsões de venda para o setor não são
nada ruins. Segundo uma companhia de pesquisa de Cambridge, em
Massachusetts, em 1999, os gastos com compras online chegaram
a US$ 20,2 bilhões. Para este ano, a previsão é
de que este valor suba para US$ 38,7 bilhões. Isso só
nos Estados Unidos.
O potencial é imenso. Uma pesquisa recente da ONU mostra
que apenas 5% dos cerca de 6 bilhões da população
mundial estão conectados à Internet. Para se ter
uma idéia do quanto o comércio eletrônico
ainda pode crescer, o estudo revela que, em 2004, o setor deverá
movimentar cerca de US$ 7 trilhões em todo o mundo - valor
equivalente a 13 vezes o PIB brasileiro. Esse mercado consumidor
de Internet só tende a crescer. Entretanto, é preciso
que as pontocom se reajustem a ele.
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