Se a inspeção acabou, um sonho se realizou
Paulo Gleich/Repórter Terra
A bordo do barco de passeio Cisne Branco, a equipe de terra do Greenpeace, acompanhada de jornalistas, recebeu com euforia o Arctic Sunrise. Enquanto assessoras de imprensa falavam incansavelmente ao celular e tentavam organizar a chegada da embarcação, nós, repórteres, começávamos nossas entrevistas com os demais integrantes da ONG.
Tendo o cais do porto de Porto Alegre iluminado pelo sol amarelado da manhã como pano de fundo, a chegada do navio do Greenpeace era uma bela cena. Como Simone Corinn Czech, uma voluntária da ONG, definiu, aquele navio, que sempre se viu na TV correndo atrás de baleeiros e protestando contra a poluição, não parecia estar ali de verdade.
Visivelmente emocionada, ela confessou que, naquele momento, um sonho estava se realizando. Tive que interromper a entrevista por alguns minutos para que ela pudesse contemplar em silêncio aquele navio que simbolizava, segundo ela, um sonho de infância. Ela é uma das voluntárias que embarcará no Arctic Sunrise e seguirá até o Rio de Janeiro, última cidade visitada pela expedição.
Quando desembarcamos no cais, o Arctic Sunrise já estava sendo amarrado à terra firme. Depois de conversar com as assessoras, que seguiam no mesmo ritmo frenético de um lado para o outro, fui para perto do navio. À minha frente, uma comitiva de três agentes do governo também caminhava para lá: um agente da Receita Federal e dois da Vigilância Sanitária. A escada do navio foi baixada, dando passagem apenas aos três, que sumiram no interior da embarcação. Ninguém mais subia e ninguém mais descia.
Enquanto o navio era inspecionado, esperamos. Ansiosa, Simone aguardava o momento no qual conheceria sua casa pelos próximos meses, mas nem sinal dos três inspetores. Pouco a pouco, os repórteres começaram a ir embora, até que só sobramos nós, eu e Daniel Galera, como representantes da classe.
Mais de uma hora e meia depois da entrada dos inspetores no navio, desistimos. Nos despedimos da equipe de terra, que no momento já estava por terra de tão cansada de esperar, e fomos. Até tinha pensado em ficar, mas desisti depois que Rebeca, assessora da ONG, me revelou que, em uma inspeção, até as datas de validade das latas foram checadas.
Amanhã descubro se o navio já foi liberado e conto para vocês.
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