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O médico reumatologista Thiago Bitar Barros, consultor do portal Reumatoguia, criado para desmistificar as doenças reumáticas e orientar os pacientes que convivem com o problema, ressalta que o tratamento é individualizado.
Entre os diversos medicamentos disponíveis, ele destaca os bisfosfanatos - moduladores seletivos dos receptores de estrogênio -, o hormônio da paratireoide (PTH), o ranelato de estrôncio e mais recentemente o primeiro remédio biológico específico para osteoporose (Denosumabe).
Os medicamentos podem ser divididos em duas categorias: antirreabsortivos (ou anticatabólicos), que agem inibindo a perda óssea, e os anabólicos, que estimulam a formação óssea.
Os antirreabsortivos - que incluem estrogênio, os bisfosfanatos e os anticorpos monoclonais humanos - reduzem a destruição dos ossos levando ao aumento da densidade mineral óssea.
Já os anabólicos, que incluem o hormônio da paratireoide (não disponível no Brasil) e a teriparatida estimulam diretamente o processo de formação óssea, aumentando a densidade mineral óssea e diminuindo o risco de fraturas por fragilidade.
Ranelato de estrôncio é outro medicamento que reduz o risco de fratura. Ele produz efeitos menos intensos sobre a remodelação óssea e, provavelmente, melhora a força dos ossos.
O tratamento de osteoporose é garantido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) com base em uma portaria de julho de 2002. Estão disponíveis duas dosagens de bisfosfanatos, considerado o principal medicamento para o tratamento da doença. Os medicamentos são os seguintes: Alendronato em cápsulas de 10 mg e 70 mg.
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Nem sempre o tratamento medicamentoso para o osteoporose é para a vida toda. Em média, a medicação para controlar a doença dura de quatro a cinco anos. O paciente é tratado e, quando responde ao tratamento, recebe alta. A mudança de hábito, que incluiu exercícios físicos e alimentação rica em cálcio, essa sim é para vida toda.
Conforme a pesquisa inédita que avaliou a percepção das mulheres e da população em geral sobre a doença encomendada pela Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (Abrasso) ao Ibope, 69% das mulheres com mais de 45 anos entrevistadas fazem uso de medicação para osteoporose. Desse percentual de mulheres em tratamento, 19% está há menos de um ano, 23% entre um e dois anos, 35% entre dois e cinco anos e 22% há mais de cinco anos.
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Segundo a Fundação Internacional de Osteoporose (IOF, na sigla em inglês), a prevenção é formada por um tripé:
- dieta balanceada, com verduras, legumes e frutas, rica em cálcio, vitamina D e proteínas;
- prática regular de exercícios físicos para o fortalecimento muscular e dos ossos;
- realização de exames para o diagnóstico precoce da doença, a densitometria óssea. As mulheres na pós-menopausa devem fazer o exame a cada dois anos.
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Para melhorar a massa óssea, os médicos associam medicação à atividade física. Se o osso não for submetido a uma carga de compressão (exercícios de impacto) e tração (fortalecimento), ele tende a se desmineralizar, ou seja, perde massa. Os ossos param de perder massa com a medicação e os exercícios ajudam a melhorar a qualidade do osso.
A atividade física é importante, pois aumenta a força do músculo exercitado e do osso. Como o músculo está ligado ao osso por tendões, estes farão uma pressão maior no osso na hora da atividade. Para que esse osso aguente a pressão, ele também irá se adaptar e se fortalecer aumentando a massa óssea com maior absorção de minerais (cálcio e fósforo).
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Fazer exercícios físicos como caminhada, corrida, ginástica, musculação e dança são importantes em todas as fases da vida. Eles auxiliam no processo de formação da massa óssea nos jovens, mantêm a densidade do osso nos adultos e retardam a perda de massa óssea nos idosos.
Pensando nisso, a Comissão de Doenças Osteometabólicas e Osteoporose elaborou uma série de exercícios para os pacientes com osteoporose, incluindo esses de alongamento que estão disponíveis no site www.sejafirmeforte.com.br.
1. Pescoço – incline a cabeça em direção ao ombro para o lado direito e esquerdo, para cima e para baixo.
2. Tríceps – coloque a mão atrás da cabeça e com a mão contralateral puxe o cotovelo para baixo.
3. Músculo peitoral – cruze as mãos atrás da cabeça e empurre os cotovelos para trás abrindo o peito (estimule a respiração profunda).
4. Músculos paravertebrais e glúteos – aperte com as mãos os joelhos e, ao mesmo tempo, force as coxas e os joelhos em direção ao tórax. Conte até dez, devagar, e depois solte. Certifique-se de que os ombros e o pescoço estão relaxados.
5. Panturrilha – empurre a parede (alterne os pés). Coloque as mãos contra a parede com uma perna atrás da outra. Mantenha a perna que está reta e os dedos olhando na direção da parede. Incline o corpo para frente, devagar, dobrando a perna que está à frente. Você deve sentir alongar a panturrilha, sem tirar o calcanhar do chão. Segure nesta posição contando até 10 devagar.
6. Ísquios tibiais (musculatura posterior da coxa) – com as pernas apoiadas na parede, force os dedos dos pés na direção do seu corpo. Conte até 10, devagar, e descanse.
7. Músculo quadríceps – Apoie uma mão na parede, dobre o joelho para trás elevando o pé e puxe-o com a mão em direção ao glúteo.
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Se inserir o exercício físico na rotina de uma pessoa saudável já é difícil, no dia a dia de uma pessoa com osteoporose pode ser ainda mais complicado. Isso faz da atividade física a principal causa de rejeição e desistência no tratamento de osteoporose, revela o médico e professor de Reumatologia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Jamil Natour.
O contraditório é que o grupo de risco tem consciência da importância da atividade física para o tratamento. A prática de exercícios físicos regulares aparece em segundo lugar dentre as medidas conhecidas para prevenir osteoporose pelas mulheres acima de 45 anos entrevistadas pelo Ibope. O instituto de pesquisa avaliou recentemente a percepção das mulheres e da população em geral sobre osteoporose a pedido da Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (Abrasso).
São muitos os fatores que contribuem para o aumento de quedas na terceira idade. Independentemente da causa, se a pessoa tem osteoporose e sofre uma queda a consequência fatalmente será uma fratura.
Por isso, cabe ao médico avaliar a rotina do idoso para descobrir quais os motivos que normalmente causam suas quedas e tentar minimizar ao máximo esses riscos. Problemas de equilíbrio são normais nos idosos, normalmente associados ao processo natural de envelhecimento. Algumas medicações de uso frequente para o tratamento de outras doenças também podem levar ao desequilíbrio.
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Medidas simples precisam ser adotadas pela família que tem um paciente com osteoporose confirmada para evitar quedas e, consequentemente, as fraturas. Apesar de incluir a retirada de alguns objetos e a realocação ou substituição de outros, essas alterações no cotidiano familiar causam grande resistência e até desistência do tratamento de osteoporose, revela Jamil Natour, professor de Reumatologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Entre os itens que geram maior contrariedade, Natour aponta a retirada dos tapetes. Segundo ele, muitos idosos são reticentes com essas pequenas interferências, por mais banais que possam parecer. E a justificativa é sempre a mesma: “mas eu nunca caí”. O problema é justamente esse, sempre pode haver a primeira vez e o tapete pode ser o vilão do escorregão.
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Se por um lado os animais de estimação cumprem um papel importante na vida do idoso, eles também podem ser causas de acidentes domésticos. O professor de Reumatologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Jamil Natour, diz que essa conversa é sempre difícil.
“O idoso que tem um animal de estimação não quer nem saber da possibilidade de abrir mão do bichinho. Mas muitas vezes, principalmente se for um cão pequeno ou um gato, o animalzinho pode passar pelo meio das pernas do idoso e causar uma queda”, exemplifica Natour.
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Nem sempre a simples retirada de alguns objetos ou uma nova disposição dos móveis é suficiente para garantir a segurança do idoso com osteoporose confirmada.
Se o médico considerar necessário, ele pode sugerir pequenas interferências dentro da casa para o melhor conforto. Isso pode incluir a colocação de corrimões, a remoção de móveis baixos e até mesmo a adaptação do banheiro do dormitório, com barras e corrimões.
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Segundo o professor em Reumatologia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Jamil Natour, não está esclarecido o que causa especificamente a perda de massa óssea no caso do fumo e do consumo de álcool, mas está comprovado que as duas substâncias são tóxicas para os ossos.
Está comprovado cientificamente também que o consumo de sal e cafeína deve ser evitado. Eles podem acarretar a perda de cálcio no organismo, especialmente se a ingestão de cálcio for inadequada.
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A importância de se expor à luz solar no tratamento de osteoporose está ligada a produção de vitamina D pelo corpo. O tempo ideal de exposição sem filtro solar recomendado varia de um especialista para outro. Mas considera-se que até 15 minutos por dia, ao menos três vezes por semana, são suficientes.
Em contato com os raios solares, o corpo fabrica a vitamina D, que serve como uma proteção aos ossos. Porém, a exposição solar correta requer alguns cuidados. O ideal é aproveitar 15 minutos do sol da manhã (das 8h às 10h) ou da tarde (depois das 16h), quando a radiação é mais branda e o indivíduo pode fazer uma atividade física – corrida, caminhada, de maneira segura e saudável. E, sem protetor solar, uma vez que o bloqueio da radiação ultravioleta (UVB) reduz a conversão significativamente.
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Como detalha Cristina Hoffmann, coordenadora da Área Técnica de Saúde do Idoso, a recomendação do Ministério da Saúde é que mulheres e homens, ao entrarem na menopausa e andropausa, ou chegarem aos 60 anos, procurem uma unidade de saúde para avaliação médica. “Nos casos indicados, poderão ser realizados o exame de densitometria óssea. O Sistema Único de Saúde (SUS) garante o tratamento, que pode ser feito desde as unidades básicas de saúde até os hospitais de maior complexidade.
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É na infância que o corpo ganha estatura, fortifica o esqueleto e adquire o máximo de massa óssea possível, por isso a importância de a prevenção ser iniciada ainda nessa fase. O Ministério da Saúde enumera três fatores como essenciais para atingir essa meta: alimentação saudável rica em cálcio, a exposição ao sol por 15 minutos antes das 10h e depois das 16h e a prática de atividade física.
O ginecologista Bruno Muzzi Camargos, presidente da Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (Abrasso), exemplifica a importância da atividade física. “Não adianta a criança tomar quatro copos de leite e ficar o dia sentada olhando TV. Só o leite não adianta. É preciso oferta de cálcio, vitamina C com a exposição solar e exercício físico”, ressalta.
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O cálcio é importante para o desenvolvimento dos ossos e dentes do bebê, mas também é responsável por garantir um coração saudável, bons nervos e músculos. O feto precisa desse mineral durante a gestação para equilibrar os batimentos cardíacos e a capacidade de coagulação do sangue. Se a gestante ingere pouco cálcio durante a gravidez, o bebê acaba roubando parte dele dos ossos da mãe, o que pode trazer consequências ruins para ela.
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Cabe ao seu médico decidir se você precisa de suplementação de vitamina D. A exposição ao sol é responsável por 90% da absorção de vitamina D que o organismo precisa. Para saber se seu corpo é deficiente dessa substância basta fazer um hemograma, exame de sangue.
A suplementação de vitamina D pode ser manipulada em comprimidos ou gotas, de acordo com a necessidade do paciente. O médico também pode indicar cápsulas de cálcio com vitamina D.
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A alimentação é parte importante para a boa saúde dos ossos. Algumas medidas simples e práticas na hora de comer podem ajudar a enriquecer o cardápio com cálcio. Seja café da manhã, almoço ou jantar, não importa: a atenção deve estar sempre voltada para o aumento da quantidade de cálcio ingerido. O site www.sejafirmeforte.com.br tem dicas simples de inserir cálcio nas refeições.
- Um copo de leite é sempre um bom acompanhamento em qualquer refeição
- Consuma sopas ricas em cálcio: caldo verde, sopa de espinafre e de agrião
- Nos molhos para as saladas, opte por iogurte natural, simples ou misturado com maionese light, aumentando, assim a quantidade de cálcio do cardápio
- Faça pratos de carne, peixe ou vegetais com molho branco (use leite para preparar o molho)
- Costuma ter fome no intervalo entre as refeições? Experimente comer frutas secas (nozes, figos), um pedaço de queijo ou um copo de iogurte. Eles alimentam e são muito nutritivos
- Se você tiver intolerância aos lácteos, prefira aqueles livres de lactose e consulte o seu médico ou nutricionista sobre a possibilidade de suplementação como alternativa de garantir uma boa saúde óssea
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A pesquisa encomendada pela Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (Abrasso) ao Ibope que avaliou a percepção das mulheres e da população em geral sobre a osteoporose identificou bons hábitos entre o grupo de risco.
Cerca de 70% das mulheres com mais de 45 anos disseram que fazem atividade física por tempo superior a 30 minutos e mais de três vezes por semana. O consumo diário de leite e seus derivados atinge um nível bem aproximado: 67% das pesquisadas acima dos 45 anos consome esses produtos.
Quando perguntadas sobre o ideal a ser consumido diariamente de leite e derivados para manter o corpo saudável, as opiniões divergem. Veja gráfico:
Confira o gráfico consumo de leite e derivados (%)
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A osteoporose pode aumentar a incidência de quedas na terceira idade. Os tombos e as consequências da doença para os idosos no Brasil têm assumido dimensão de epidemia, atesta o Ministério da Saúde. Os custos para o idoso que cai e acaba se fraturando são grandes e repercutem em toda a família.
Para o sistema de saúde, as despesas para atender esses pacientes são elevadas e crescentes. Em 2011, o Governo Federal gastou quase R$ 80 milhões com internações de idosos que sofreram fraturas.
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