Grandes escritores que nunca foram contemplados na Academia Brasileira de Letras

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Vários escritores de renome da literatura brasileira nunca foram contemplados com o título de “imortal” da Academia Brasileira de Letras. Veja a lista de alguns que, apesar do reconhecimento, nunca ocuparam uma das cadeiras da casa.

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Mário Quintana (1906-1994) - Gaúcho de Alegrete, o "poeta das coisas simples" tentou três vezes, mas não foi eleito. Decepcionado, disse que a ABL estava politizada e que era até melhor ficar de fora, pois a academia "atrapalha a criatividade". Luís Fernando Veríssimo, seu conterrâneo, afirmou que, sem Quintana, o prejuízo era da ABL.

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Luís Fernando Verissimo (1936, 85 anos) – Modesto, afirmou não ter uma obra literária que merecesse a honra da imortalidade na academia, o que soou como ironia diante de tantos "imortais" que não são propriamente escritores.

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Érico Veríssimo (1905-1975) - Pai de Luís Fernando Veríssimo, foi um dos mais ilustres escritores do país. Livros como "O Tempo e o Vento" e "Olhai os Lírios do Campo" se popularizaram na teledramaturgia. Érico não se candidatou à ABL. Afirmou que era contra formalidades e jamais usaria fardão.

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Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) – Para muitos o maior poeta brasileiro do século XX. Quando Getúlio Vargas assumiu uma cadeira na ABL, no Estado Novo (ditadura getulista), Drummond e o escritor Sérgio Buarque de Hollanda, pai do compositor Chico Buarque, se comprometeram a nunca ingressarem na casa.

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Antonio Candido (1918-2017) – Escritor, sociólogo e crítico literário, autor de vasta obra adotada nas universidades. Defendia o direito para todos de acesso à literatura, considerando a leitura uma necessidade para a boa formação. Não quis se candidatar. Disse que não gostava de participar de grupos.

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Monteiro Lobato (1882-1948) - Escreveu um único romance ("Presidente Negro"), mas se consagrou como um dos maiores autores da literatura infanto-juvenil. Seus livros inspiraram produções na TV, no cinema e no teatro. Entre elas, "Sítio do Pica-Pau Amarelo". Também fez contos e crônicas.

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Vinícius de Moraes (1913-1980) - Escritor e dramaturgo, um dos maiores poetas brasileiros, com forte ligação na área musical. Fez letras para canções que se eternizaram, com reconhecimento internacional. O "Poetinha" se notabilizou por sonetos. O mais famoso: "Soneto de Fidelidade".

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Dalton Trevisan - (1925- 96 anos) - Nascido em Curitiba, é famoso por seus livros de contos e já recebeu diversos prêmios. Avesso a entrevistas, chegou a ser apelidado de "Vampiro de Curitiba" (nome de um de seus principais livros) por gostar de viver recluso.

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Clarice Lispector (1920-1977) – Brasileira nascida na Ucrânia, autora de romances, contos e ensaios. Entre as suas obras mais importantes estão “A Hora da Estrela”, "Água Viva" e “Laços de Família”. Nunca se candidatou à ABL.

Foto: Ana Carolina Braga - FLICKR

Em 2024, a atriz australiana Cate Blanchett, um dos maiores nomes do cinema, declarou que é fã de Clarice Lispector e que a leitura de seus livros exerce influência e inspiração sobre ela.

Foto: Instagram @cate_blanchettofficial

Lima Barreto (1881-1922) - Neto de uma escrava liberta, foi autor de romances, contos e crônicas memoráveis; jornalista polêmico; ícone na luta contra o preconceito racial; um dos mais destacados escritores das primeiras décadas do século XX. Tentou sem êxito ser eleito para a ABL. Morreu aos 41 anos.

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Graciliano Ramos (1892– 1953) - Autor de uma das obras mais importantes sobre o sertão nordestino (“Vidas Secas”), foi um expoente no regionalismo. Militante comunista, chegou a ser preso e morreu aos 60 anos, deixando obras póstumas notáveis. Entre elas, "Memórias do Cárcere".

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A Academia Brasileira de Letras foi inspirada no modelo da Academia Francesa e fez a sessão inaugural em 20/07/1897. Ao longo do tempo, elegeu não apenas escritores, mas também pessoas que exercem outras atividades na cultura e na política.

Foto: Estúdio Luiz Musso / Domínio Público

A instituição funciona no palacete Petit Trianon, réplica da construção homônima em Versalhes. O imóvel foi doado pelo governo francês à ABL em 1923.

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A ABL tem 40 membros efetivos e perpétuos. Quando um acadêmico morre, a cadeira é declarada vaga e quem quer concorrer à vaga tem dois meses para se candidatar.

Foto: Acervo ABL/Domínio Público

Os "imortais" são escolhidos mediante eleição por voto secreto dois meses depois de a cadeira ter sido declarada vaga.

Foto: Arquivo Nacional / Domínio Público

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