Solly Boussidan, de Yerevan
O sul da Armênia é provavelmente um dos locais mais intrigantes do Cáucaso. Ensanduichado entre um exclave autônomo do Azerbaijão, conhecido como Nakhichevan, o território separatista de Nagorno-Karabakh e a fronteira com o Irã. A região é habitada continuamente há pelo menos 10 mil anos, com a rica história local tornada ainda mais dramática pela beleza indescritível da natureza.
Partindo de Yerevan, em pouco mais de duas horas chega-se ao monastério de Noravank, fundado em 1205 em meio a esplêndidas montanhas e florestas. Como não bastasse a exuberância do local, o monastério em si é extremamente interessante pelo fato de ser a única igreja ortodoxa construída em dois andares. O andar superior é atingido escalando-se pequeninos degraus encrustados na parede externa da igreja principal e que fazem parte da delicada decoração que adorna o monastério. Uma das lendas sobre o monastério conta que o local foi originalmente construído por um plebeu que queria se casar com a filha de um aristocrata. Para dar a mão de sua filha em casamento, o nobre exigiu que o camponês fizesse algo que o impressionasse. O resultado foi a construção de Noravank. Mesmo assim o nobre não cumpriu sua promessa e o camponês acabou se suicidando. Poucos lugares possuem a magia que domina o local.
Uma excelente parada cerca de 100 quilômetros mais ao sul de Noravank é a vila de Sissian. A cidadezinha conta com bons hotéis e restaurantes para os visitantes que desejarem pernoitar no sul do país. O caminho até Sissian tem paisagens deslumbrantes de altas montanhas totalmente cobertas de neve. A partir de Sissian é possível explorar diversas trilhas que levam a piscinas termais e a uma hidrelétrica rodeada por pessegueiros e montanhas.
Duas atrações imperdíveis do sul da Armênia são o Monastério de Tatev, no alto de uma colina com vista para um vale verde coberto por macieiras e o enorme teleférico próximo ao local – com quase seis quilômetros de extensão é um dos mais longos teleféricos do mundo.
Outro local impressionante na região são os rochedos de Carahunge, também conhecidos como a Stonehenge da Armênia. O local tem aproximadamente 7,5 mil anos de história e centenas de rochas dispostas em posições circulares e alinhadas, com furos precisos que permitem refletir e marcar a posição dos astros intrigam arqueólogos e astrônomos. Não há consenso se o local era um grande cemitério, um refúgio, um centro religioso ou um observatório espacial. É fácil sentir o poder esotérico de Carahunge e deixar a imaginação correr solta.
Para tornar sua visita ainda mais completa, tome a estradinha que leva de Sissian a Goris em pouco mais de uma hora de viagem – o pequeno vilarejo é rodeado por cavernas que serviam de habitação a tribos locais e a cidade em si possui alguns bonitos prédios do século XIX. O ponto alto do percurso, no entanto, é mesmo a estrada, que cruza os picos nevados a uma altitude de mais de 2 mil metros. Quando a estrada não está tomada por neblina é possível ver as nuvens passando abaixo da rota, dando a sensação de se estar em um avião. Não esqueça sua máquina fotográfica e um bom casaco independentemente da época do ano em que estiver visitando.