Felipe é o responsável pela viagem, foi ele quem teve a ideia e convenceu a namorada a o acompanha-lo. “Tenho três grandes paixões: viagens, mergulho e fotografia”, disse ele, que largou o curso de turismo na faculdade para ser instrutor de mergulho em Felipe de Noronha. Foi no arquipélago pernambucano que o desejo por dar a volta ao mundo se desenvolveu.
Ele voltou aos estudos em São Paulo e começou a trabalhar em uma operadora de turismo. “Ainda assim, após colocar na cabeça que a viagem não poderia demorar a acontecer, o sonho continuava distante, já que havia alguns obstáculos para isso. Alguns deles eram pequenos, como convencer a Ana a largar tudo e vir comigo e outros enormes, como a questão financeira”, contou o turismólogo.
Deixar tudo para trás
“Abrimos mão de tudo, de coisas materiais e emocionais. Vendemos nossos carros e deixamos nossos empregos”, contou Ana. Antes de viajar, ela trabalhava no marketing do restaurante América e Felipe na agência Freeway. Segundo ela, escolher ficar mais de 500 dias fora do mercado de trabalho não foi um problema, pois eles passaram a prestar serviços para as duas empresas citadas com dicas de culinária típica e de turismo.
“A parte mais difícil é deixar a família e os amigos para trás, se desapegar das coisas que te trazem segurança”, disse Ana. De acordo com a viajante, a saudade das pessoas queridas “sempre foi a pior parte”, mas a experiência de vida durante a viagem vale à pena. Largar tudo por um sonho pode parecer algo súbito, impensado ou prematuro. No entanto, para realizar este desejo é importante um projeto emocional e financeiro. Além disso, é essencial estar em um momento de vida adequado. “Logicamente, após ter filhos ou atingir certo patamar profissional, é difícil largar tudo para correr o mundo”, justificou Felipe.
Planejamento
A escolha da rota não foi a tarefa mais fácil, de acordo com Felipe, mas foi a mais divertida. No início, a lista do casal agregava mais de 70 países, no final, 46 países dos cinco continentes. Natureza, cultura, história e possibilidade de mergulho foram os pilares para a seleção. Felipe e Ana estipularam o tempo de viagem, o roteiro e começaram a levantar o orçamento para a viagem. “Percebemos que com a venda de nossos carros e mais um dinheiro que tínhamos guardado seria possível fazer um bom trecho da viagem”, contou Felipe.
Para arrecadar os demais fundos, o casal criou o blog The Route Maker com relatos das viagens e conseguiu patrocinadores. “Damos dicas de viagem para aqueles que pretendem visitar os destinos por onde passamos. E resolvemos usar o site como uma forma de chamar a atenção para questões ambientais e a preservação das culturas de cada lugar”, disse Felipe. O América publica as quintas-feiras, nas redes sociais, relatos sobre as comidas locais e os países visitados pelo casal.
O plano inicial era gastar em média US$ 75 por dia, porém, com o patrocínio eles conseguiram um fundo maior. “Após um bom tempo viajando, acreditamos que um bom budget para que possa aproveitar todas as oportunidades seria algo em torno de US$ 150 por dia”, sugeriu o turismólogo. O fim da do tour está previsto para 10 de outubro de 2012, mas eles estão em busca de novos apoios para estenderem a viagem. Se conseguirem, Chile, Peru, Bolívia e Argentina devem entrar no roteiro.
foto: The Route Maker / Divulgação