As ilhas que vieram do fundo do mar
Diretamente das profundezas do mar para a superfície terrestre. As Ilhas Galápagos, também chamadas de Arquipélago de Colombo (embora o navegante genovês nunca tenha passado sequer por perto), surgiram das lavas lançadas por vulcões submersos, dos quais oito ainda hoje ativos. Ir até lá "é como voltar ao passado". É o que está escrito em uma tabuleta fincada numa espécie de pracinha logo à saída do minúsculo Aeroporto de Baltra, uma das ilhas que integram esse conjunto de massa vulcânica endurecida – de aspecto desértico e desolador à primeira vista – cercada pelas águas cristalinas do Pacífico. A tabuleta não mente. O arquipélago, localizado a mil quilômetros da costa equatoriana (cerca de duas horas e meia de vôo a partir de Quito), veio à tona há quatro milhões de anos. Graças ao isolamento das ilhas – 13 grandes, 6 menores e 42 ilhotas –, às características biológicas e ao bom estado de conservação, o visitante encontra ali um ecossistema terrestre e marinho único no mundo, preservado durante milênios. Apenas no século 15 começam a aparecer registros sobre as primeiras pessoas a colocarem o pé no arquipélago, situado ao norte e ao sul da Linha do Equador, com área de 8 mil quilômetros quadrados – uma vez e meia o Distrito Federal. Biodiversidade colorida Endereço de iguanas? Um laboratório de experimentação científica? As ilhas são isso, sim, e a associação com répteis de aspecto repelente e com a Teoria da Evolução das Espécies, do inglês Charles Darwin, é inevitável. Mas o arquipélago é, acima de tudo, um fiel depositário da beleza de uma era natural desaparecida na face da Terra. Palavras de Darwin, que esteve nas ilhas em 1835 em busca dos princípios da biodiversidade. Nesse santuário a céu aberto, a vida, em suas diferentes manifestações, obedece apenas às condições que a natureza impõe. Em outras palavras, ecologia pura preservada por decreto e reconhecida pela Unesco como Patrimônio da Humanidade. Graças à exuberância selvagem, Galápagos não atrai apenas cientistas. A cada dia chega por lá uma outra espécie de visitante cuja presença evolui a olho nu e em números crescentes: o ecoturista. Desde o fim dos anos 700, o fluxo turístico cresceu 700%. Uma vez nas ilhas, constata-se a existência de muito mais coisas para ver – e fotografar – que apenas iguanas e tartarugas gigantes. Há pelicanos, leões-marinhos, pássaros com pés azuis (mergulhões), pingüins, flamingos cor-de-rosa, gaivotas, pássaros de papo vermelho (fragatas, que estufam o papo para atrair a atenção da parceira), lagartos de muitos tamanhos, caranguejos e centenas de peixes multicoloridos. Toda essa diversificada paleta de cores não se restringe ao mundo animal. Sob um céu imaculadamente azul há praias de areia vermelha, costões rochosos, imensos cactos verdes, falésias que mudam de cor de acordo com a luminosidade, crostas de lava negra solidificada e lagos transparentes escondidos nas montanhas. Uma infinidade de matizes que só encontra paralelo na graduação de tons do pôr-do-sol e no rico artesanato indígena. O Parque Nacional de Galápagos foi criado em 1959, no centenário da publicação da Teoria de Darwin. As ilhas, que podem receber até 60 mil visitantes anualmente, arrecadam cerca de US$ 4 milhões por ano com as taxas cobradas dos turistas (europeus e norte-americanos pagam US$ 100 e sul-americanos, US$ 50). Mas ir a Galápagos requer do turista muito mais que "gostar de natureza". Exige, sobretudo, saber respeitar o meio ambiente com atitudes de proteção e preservação. A quem possa imaginar que basta comprar passagem e pagar as taxas de entrada e saída (cobram um imposto, de US$ 25, quando se deixa o país) para ter acesso a esse santuário, um aviso: trata-se de um parque, sim, mas de verdade. Nada no arquipélago é de mentirinha, de plástico. Há muito o que ver e fazer, com garantia de emoção e adrenalina nesse parque onde o faz-de-conta tecnológico é substituído por um cenário real que, se não for preservado, corre o risco de desaparecer. E, se isso ocorrer, não há dinheiro nem efeito especial que devolva à humanidade o patrimônio perdido. Leia mais: » Equador dá uma lição de ecoturismo » Guia para Galápagos
Agência Estado
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