No surfe, o vilarejo é igual ao Havaí para o México
Divulgação
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HAVAÍ NO MÉXICO: Miguel Ramirez conserta pranchas - o 'salvador da pátria'
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Os mexicanos costumam comparar a onda da Praia de Zicatela com a de Pipeline no Havaí, e apelidaram-a de "Mexpipe". "Mas é melhor ainda, pois em vez de um pico só, são vários," orgulha-se Coco, um dos melhores surfistas locais e atual campeão nacional. O melhor horário para o surfe é pela manhã, quando o vento terral - que sopra da praia para o mar - segura o lip (crista) da onda, proporcionando tubos enormes, onde o surfista chega a levantar os braços para cima. Geralmente por volta das 11h, o vento maral passa a dominar e as ondas ficam mexidas, inviabilizando a prática do esporte. Por isso a necessidade de despertar "bien tempranito" para surfar. Mas quem pensa que é só ir chegando e descendo as ondas está muito enganado. Elas são fortes, pesadas e perigosas. O fundo de areia é raso e há o risco de se machucar. Basta conversar com os nativos, para que eles mostrem em seus corpos as cicatrizes deixadas por Zicatela. Quem não está com o surfe no pé pode começar se arriscando nas ondas da Praia La Punta, um pouco mais tranqüilas. Para os iniciantes, a Praia de Carrizalilo é ideal: tem ondas pequenas e gordas. E é a preferida das crianças, que ali dão suas primeiras remadas e sonham um dia brilharem nos tubos de Zicatela. Pranchas quebradas - Todo dia de surfe é a mesma história: pranchas e mais pranchas partidas no meio pela força das ondas. O surfista sai da água com um pedaço em cada mão e logo é abordado pelo "salvador da pátria": Miguel Ramirez, nascido e criado na Praia de Zicatela, e que parou de surfar depois de quebrar várias costelas numa onda. Há 12 anos na profissão, Ramirez já perdeu a conta de quantas pranchas consertou: "Acho que foram mais de 20 mil", contabiliza. Seu recorde num dia foi de 25, que ele levou todas juntas na capota de seu inconfundível fusquinha vermelho. Miguel cobra U$ 40 por prancha, serviço que faz com maestria em apenas um dia, graças ao calor que seca a resina muito rápido. "Ele é o melhor do mundo", elogia Luiz Certain, um surfista paulistano agradecido por receber de volta seu material de trabalho partido em um tubo. Fotógrafo de areia - "Hai que tenir huevos", diz o surfista Coco, sobre a coragem dos colegas para pegar as ondas de Zicatela nos dias grandes. Para os que se arriscam, no entanto, e são bem-sucedidos, a recompensa pode ser dupla. Primeiro pela satisfação pessoal de vencer um desafio e desfrutar de tamanha adrenalina. Segundo, porque este momento histórico pode ficar para sempre registrado pelas lentes de um dos vários fotógrafos que ganham a vida na areia. Dos profissionais que vivem na região e que ficam por lá clicando diariamente, um é brasileiro: o paulistano Leandro Formas, de 30 anos, localmente conhecido como Léo Chan. Há seis anos ele chegou a Puerto para surfar; apaixonou-se pelas ondas, pelo clima e também pela mexicana Alejandra Noguera, com quem acabou se casando e fixando moradia. Hoje, além das fotos, Léo importa biquínis brasileiros que vende na sua loja, a Bikini Brasil, situada estrategicamente bem em frente do local onde quebra a onda mais famosa do México. Cada foto é vendida por US$ 2 e os maiores clientes, é claro, são os brasileiros "A plasticidade e a beleza das ondas, aliadas à proximidade da praia faz com que elas sejam recuerdos históricos" diz Léo. VEJA TAMBÉM: » Conheça o point mexicano » Brasileiro dá show na Praia de Zicatela » Ecoturismo também tem vez na região do Pacífico » Arte local conta a história do povo oaxaquenho » Tortilha é prato típico mexicano » "La Escondida": origem remete ao século 17 » Faça as malas para Puerto Escondido
Jornal da Tarde
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