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PUERTO ESCONDIDO

Arte local conta a história do povo oaxaquenho

Tecidos minuciosamente tingidos e pintados à mão, cerâmica negra moldada em jarros com a figura de animais, jóias de prata adornadas com jade, água-marinha e obsidiana. O colorido artesanato oaxaquenho é uma das heranças mais ricas que os indígenas conseguiram preservar para contar sua história.

Essa tribo que vivia nas montanhas de Oaxaca, a uma altitude média de 3 mil metros, já estava assentada na região há mais de 100 anos a.C. e era conhecida como "o povo das nuvens", mais tarde zapotecas. Sua cultura era baseada numa sociedade de sábios e guerreiros, com um calendário de 365 dias por ano e outro de 260, que marcava o tempo em que a Terra se destruía e se renovava por um fogo purificador.

Ao declínio desta cultura, ocorreu o auge dos mixtecas, seguidos pelos astecas, sem que nenhum deles tenha se extinguido por completo. Foi esse o complexo mosaico que os espanhóis encontraram quando chegaram ao território.

Muitos povos, repletos de rituais e tradições, falavam um sem-número de dialetos diferentes que os conquistadores e a Igreja católica não conseguiram aniquilar.

Usando técnicas medievais, imaginação e criatividade, nas quais o mundo da luz e da magia estão sempre presentes, a arte vive nas veias dos oaxaquenhos, e está presente, não só no artesanato, como nas danças, roupas e gastronomia. Todo este arsenal cultural de costumes milenares continua sendo passado oralmente pelos anciões, que invocam as forças supremas que dominam o mundo - o Sol e a Lua -, expressando-se por meio "da aparição do invisível", como definiu o escritor mexicano Juan García Ponce.

Oaxaca é um dos centros culturais mais fortes do México. A sua capital, de mesmo nome, foi declarada Patrimônio Histórico da Humanidade, e em Puerto Escondido - localizado a 310 quilômetros dali - dá para sentir um pouquinho deste gosto. Terra de visionários, artistas e poetas, a região seduziu desde o grande conquistador espanhol Hernan Córtes, em 1524, até John Lennon. O cantor inglês apaixonou-se por Oaxaca e trouxe de volta o ensinamento de uma velha tradição meso-americana que rende culto a Ometéotl, o deus da dualidade. Segundo a crença, o paraíso foi dado aos homens, mas para conquistá-lo é necessário um determinado esforço pessoal.

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Jornal da Tarde

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