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FOZ DO IGUAÇU

Monumento da engenharia moderna vira atração turística

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Itaipu ("pedra que canta", em guarani), a maior hidrelétrica do mundo, é injustamente mais elogiada pelas mídias estrangeiras do que pela brasileira. Aqui pesam contra ela as acusações de ter destruído as Sete Quedas do Rio Paraná, um conjunto espetacular de cachoeiras, embora menos grandioso do que as Cataratas do Iguaçu, que ficou submerso no grande lago de 1.350 quilômetros quadrados contendo 29 bilhões de metros cúbicos de água, cuja força aciona as turbinas de suas 18 unidades geradoras, cada uma pesando 3.300 toneladas e capaz de gerar 12.600 MW - o correspondente ao consumo de Estados como a Califórnia, nos EUA.

Dos 1.350 quilômetros quadrados ocupados, 770 mil km2 estão do lado brasileiro e 580 mil km2 no lado paraguaio. Para construir a represa, que consumiu 15 vezes mais concreto que o Eurotúnel, foi necessário mudar o curso do sétimo rio do mundo, o Paraná, na fronteira entre o Brasil e o Paraguai, e remover mais de 55 milhões de metros cúbicos de rochas.

O fato é que, passados mais de 20 anos de sua construção, a grande produção de energia proporcionada pela hidrelétrica revelou-se necessária para o País e hoje se pensa que seria até burrice ter tal disponibilidade de água e não aproveitá-la. Atualmente, Itaipu fornece 25% da energia consumida pelo Brasil e 80% da usada pelo Paraguai.

O sacrifício das Sete Quedas em nome do progresso é um pouco aliviado pela existência de outros grandes espetáculos do mesmo nível ainda pouco conhecidos pela indústria turística, em rios como o próprio Iguaçu, afluente do Paraná. A 220 quilômetros de Foz - 80 deles em estrada de terra -, esse rio outra vez se abre em conjuntos de cataratas, tão extensas como as de Iguaçu, embora menos altas. São as Cataratas de Iucumã, na fronteira com o Paraguai. As agências de Foz promovem excursões para o local.

O grandioso reservatório de Itaipu, que tem a forma de uma ramificada espinha de peixe constituída por um trecho de vários quilômetros do Paraná e seus afluentes, submergiu propriedades, casas e vilas - e os moradores nem sempre ficaram contentes com as novas terras oferecidas como ressarcimento.

O fato é que a empresa Itaipu até hoje acompanha a vida daquelas comunidades ribeirinhas e lhes ofereceu muito mais oportunidades econômicas do que teriam sem a represa.

Projetos comunitários - Para atender à população local e minimizar o impacto ambiental da represa, Itaipu desenvolveu inúmeros projetos comunitários na região, como trabalhos de conservação do solo, fornecimento de água para irrigação, reservatórios comunitários e programas de reciclagem de embalagens, além de ter criado o Ecomuseu (um parque temático com importante acervo arqueológico, geológico, cultural, botânico e faunístico da região) e centros de pesquisa e referência sobre a fauna e a flora locais.

Um deles é o Centro de Educação Ambiental, que divulga os conceitos do uso sustentado da natureza nas escolas e entre a população local. Outra iniciativa da hidrelétrica, a dos refúgios reflorestados formados na faixa de proteção da represa, que ocupam 108.886 hectares, permitiu a volta de animais que já estavam quase extintos antes da represa, por causa da atividade agrícola.

O centro de produção de mudas para reflorestamento já reintroduziu 17 milhões de mudas de árvores nativas na região. Isso sem falar no criadouro de animais silvestres, que reproduz animais nativos para repovoamento da área e em dez anos já multiplicou em cativeiro 347 animais de 29 espécies.

Chegou até a ser notícia no exterior quando seus técnicos e cientistas reconstituíram o bico quebrado de um tucano usando novos e resistentes materiais.

Pesquisadores de Itaipu, do CNPq, do Ibama, da Universidade Federal do Paraná e do Zoológico de Curitiba reproduziram espécies raras como o gato-do-mato-pequeno e o veado-bororó (o menor do Brasil com 45 centímetros de altura e 73 cm de comprimento), nas margens brasileiras da represa.

Nas margens paraguaias, excelentes resultados estão sendo obtidos na reprodução do cachorro-do-mato-vinagre e do cervo-do-pantanal, entre outros ameaçados de extinção.

Espécies de peixes - Como resultado dessa ação continuada desde os anos 70 e do fechamento das comportas, em 1982, a quantidade de espécies de peixes presentes no Rio Paraná antes da represa aumentou de 113 espécies para 179. Hoje esse lago apresenta o melhor rendimento para a pesca comercial em todo o Rio Paraná.

Se antes da usina havia apenas 113 pescadores cadastrados na região, hoje eles são mais de 500, sem contar os ribeirinhos. Por ano, eles obtêm do rio cerca de 1.550 toneladas de peixes como armado (chega a 8 quilos), corvina (2 quilos), mapará (1 quilo), curimbatá (2 quilos), dourado (30 quilos), além de peixes pequenos como cascudo e mandi.

Nas margens brasileiras da represa, foram identificadas 44 espécies de mamíferos e 305 de aves. No lado paraguaio, onde as matas ainda não tinham sido tão devastadas pela atividade agrícola, encontraram-se 62 espécies de mamíferos e 409 de aves. Espécies raras ainda são vistas nessas florestas, como a onça-pintada, o veado-bororó e o gavião-real, a maior ave de rapina da América do Sul, depois do condor dos Andes e do urubu-rei.

Tema de ópera - Mais de dez milhões de pessoas, de 70 países, já visitaram a hidrelétrica que virou até tema de ópera feita por Phillip Glass. Os interessados têm três opções de visita a Itaipu: a turística, que permite vista externa panorâmica dos oito quilômetros de extensão da usina, com paradas em dois mirantes; a especial, que dá acesso às partes externas e internas da usina, com paradas nos mirantes e no Edifício de Produção; e a técnica, dirigida a engenheiros e estudantes, que permite chegar até o eixo de uma turbina.

Além de fomentar a pesca, a criação do reservatório também estimulou o turismo, as atividades de lazer e os esportes náuticos na região, que tem oito praias - Sete Lagoas, Santa Terezinha, São Miguel, Santa Helena, Itaipulândia, Missal, Porto Mendes e Pato Bragado - e várias bases para canoagem, pesca e jet ski.

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