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HANNOVER

Cidade-sede recuperou-se da destruição

Munique tem um centro antigo de tirar o fôlego. Hamburgo conta com um dos mais movimentados portos europeus. Colônia, nas margens do Rio Reno, orgulha-se de sua imponente catedral. E Hannover? Não pergunte a um alemão. Ele provavelmente dirá que se trata da cidade mais chata do país.

Um exagero. Se a cidade não desperta paixão à primeira vista, merece pelo menos um segundo olhar mais atento. E abstraia o fato dos próprios hanoverianos confessarem que simpatia não é mesmo seu ponto forte.

No começo dos anos 90, foi feito um plebiscito para saber o que a população da cidade - estimada hoje em 1 milhão de pessoas - pensava sobre sediar a Expo 2000. Resultado: 52% foi contra. Motivo: não gostariam de ver a cidade invadida por "hordas" de turistas e obras por todos os lados.

"Em uma década, a população conseguiu aceitar a idéia", conta Helga Menzel, de 49 anos. Dona de casa e com três filhos, Helga participou em abril de um curso oferecido pelo centro de informações turísticas. Acabou recrutada para trabalhar como guia bilíngüe, levando "hordas" de turistas aos pontos históricos da cidade. "Percebemos que, assim como as outras feiras internacionais que a cidade abriga, a Expo serviria para gerar empregos e aquecer o comércio."

Estrutura - A verdade é que, com a aprovação ou não de seus habitantes, Hannover tinha tudo para ser a sede da feira mundial. Já contava com um dos mais movimentados parque de exposições da Alemanha, infra-estrutura para acolher o evento e meios de transportes públicos eficientes. Foi escolhida quase por unanimidade pelos membros do Bureau Internacional de Exposições (BIE), organização com sede em Paris, para ser sede da Expo 2000 - o único voto contra foi o da concorrente canadense, Toronto.

Diferentemente de outras grandes cidades alemãs, a Capital da Baixa Saxônia não está repleta de imponentes edificações, daquelas capazes de fazer os turistas gastarem rolos e rolos de filmes fotográficos. Explica-se. Ao fim da 2ª. Guerra Mundial, em 1945, mais da metade de Hannover havia sido destruída por bombardeios dos Aliados. Quase 90% do centro estava em ruínas.

Ao ser reconstruída, Hannover ganhou um ar cosmopolita, com amplas avenidas, calçadão comercial e museus, como o surpreendente Sprengel. A vasta coleção de artistas influentes e controversos deste século, como o dadaísta Kurt Schwitters, filho ilustre de Hannover, pode ser visitada às terças, das 10 às 20 horas, e de quarta a domingo, das 10 às 18 horas. A entrada custa apenas US$ 4.

Rescaldo - Duas das grandes atrações da cidade são "sobreviventes" daquele período de terror e destruição da década de 40 na Europa. A primeira é a Rathaus, que em alemão significa prefeitura.

Localizado em frente ao amplo Parque Masch e seu lago artificial, o prédio foi construído no começo deste século para ser um palácio. Recentemente restaurado, abriga setores da administração municipal.

Espécie de cartão-postal da cidade, ele tem fachada em estilo neogótico e com influências de art déco. Dentro, no entanto, não há muito o que apreciar. No saguão, estão maquetes que reproduzem a Hannover de 1689, de 1939, de 1945 e a atual. Entre abril e outubro, das 10h30 às 12h45 e da 1h30 às 16h45, é possível subir ao domo da Rathaus, de onde se tem uma ampla vista da cidade. Para isso, paga-se US$ 2 e utiliza-se um curioso elevador, que sobe inclinado, para acompanhar o formato da cúpula.

A dez quilômetros do centro de Hannover está a segunda grande atração. São os jardins reais de Herrenhausen, construídos em estilo barroco no século 17, a pedido da princesa Sofia. Esculturas e fontes embelezam o local, que pode ser visitado diariamente, das 8 às 20 horas. O ingresso custa US$ 2,50 e crianças de até 14 anos não pagam.

Linha vermelha - A prefeitura resolveu dar uma mãozinha para os turistas que chegam à cidade. Mandou pintar uma linha vermelha, com quatro quilômetros de extensão, nas calçadas. Ela indica qual caminho seguir para chegar a 36 pontos de interesse turístico, todos devidamente identificados por números. É só seguir a marcação.

Uma guia, vendido a US$ 2 no Centro de Informações Turísticas, ao lado da estação central de trem, conta um pouco da história de cada parada. Pode-se escolher entre as versões em alemão, inglês, francês, japonês, russo e espanhol. Mais uma vez, o português ficou de fora.

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O Estado de S.Paulo

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