Viaje por 100 mil destinos em 28 países da Europa
A cada dia, partem 80 mil pessoas das estações de trem européias. Para a maioria delas, o trajeto sobre os trilhos já é parte da rotina, uma forma prática de poupar o tempo e o bolso. Mas, para os turistas do mundo todo, incluindo os brasileiros, as vantagens vão muito além. E parece que eles já perceberam isso. Depois dos próprios europeus, os norte-americanos lideram o ranking de viajantes sobre as ferrovias do Velho Continente, seguidos pelos asiáticos e sul-americanos. Se as tendências não saírem dos trilhos, esse meio de transporte vai espalhar-se cada vez mais por lá. A malha ferroviária do continente já é de 240 mil quilômetros. Nela, pontilhados, estão 100 mil destinos em 28 países. E, quanto aos resultados, 95% dos usuários estão satisfeitos, de acordo com a rede Eurail/Euro. Os velozes - Bélgica, Finlândia, França, Alemanha, Inglaterra, Itália, Espanha, Suécia, Suíça, Dinamarca, Áustria, Holanda, Bélgica e Luxemburgo. A onda dos trens de alta velocidade, que começou há quase 20 anos (1981), na França, já alcançou a todos esses países. Entre os mais famosos, os Eurostar, os TGVs (Train à Grande Vitesse) e o Artesia de Jour, que percorre França e Itália. Para quem quiser economizar tempo, eles são ideais: a velocidade fica em torno dos 300 km/h. Um dos mais modernos é o Thalys, que liga França, Bélgica, Holanda e Alemanha. Mais precisamente, Paris, Bruxelas, Amsterdã, Colônia e Düsseldorf - uma linha criada para servir o norte europeu. Mas, de acordo com o porta-voz da companhia, Michel Jadot, "ela está se expandindo para o sul, o leste e o oeste". Já existem linhas especiais com destino à Disneylândia, em Paris, e para regiões de esqui. Mas a marca registrada dos trens modernos é o Eurostar, que atravessa o Canal da Mancha. Inaugurado no fim de 94, ele comporta 766 passageiros e liga Grã-Bretanha, França e Bélgica. O trecho Paris-Londres é, sem dúvida, o mais procurado. A viagem leva três horas, mas a travessia do Canal da Mancha, apenas 20 minutos. É comum que o silêncio do trem seja quebrado com celulares dos executivos. Afinal, seria a "Ponte Aérea" sobre trilhos. Ele oferece, ainda, serviço de bordo e embarque e desembarque em estações centrais. Um passe para esse trajeto (somente ida), na Carlson Wagonlit, sai por US$ 239 na primeira classe e US$ 159 na segunda. Ele é um dos trens em que a reserva antecipada é essencial. Além dele, vale a dica para o francês TGV, o italiano Cisalpino, o Artesia de Jour, entre França e Itália, entre outros. Alta velocidade à parte, o trajeto por si só pode ser o motivo da viagem. Daí a preferência pelas linhas panorâmicas, mais lentas, nas quais a beleza do caminho é o ponto alto. Tempo livre - Seria mesmo um pecado fazer com pressa trechos como o de Montreux a Lausanne, na Suíça, que contorna o Lago Genebra, ou mesmo, atravessar as plantações de maçã entre Paris e Rouen, na França. Isso ainda é válido na Itália, de Florença a Veneza, passando por vinícolas e castelos medievais, e na região do Alentejo, em Portugal, em meio a oliveiras e trigais. Enfim, se o tempo não estiver no limite, deixe a Europa passar vagarosamente pela janela. Vale lembrar que nos trens de alta velocidade isso não é impossível, mas quem já testou as duas formas garante: o encanto fica menor. Um dos trens mais panorâmicos do mundo é o Glacier-Express, na Suíça. No trajeto entre Brig e St. Moritz, por exemplo, o viajante passa por 300 pontes e 90 túneis. Uma dica: procure pelos vagões mais envidraçados - há um em cada classe. Outro bastante apreciado é o Centovalli, que passa pelo interior da Suíça e Itália. Trens-hotéis - Se a viagem for mais longa e estiver programada para ser feita à noite, nada de trens panorâmicos. Nesse caso, há por todo o continente os trens-hotéis, como o Train Talgo Trans Pyrennées, o Artesia de Nuit, o CityNightLine, o Hotel Train Lusitania e o DB Nachtzug - lembrando que o viajante poupa uma diária de hotel. As acomodações variam em cada um. No Talgo Trans Pyrennées, por exemplo, que percorre Espanha, França, Itália e Suíça, elas dividem-se em três classes: a turística, para quatro pessoas; a primeira classe, com compartimentos para um ou dois passageiros (incluindo café da manhã); e a mais sofisticada, a classe de luxo, também para um ou dois viajantes, com café da manhã e jantar. O trem aceita tanto o passe Europass como o Eurail mas as taxas extras aumentam proporcionalmente ao conforto desejado. Turistas brasileiros - Segundo o promotor de Vendas da operadora Carlson Wagonlit, Marcos Destro, o inverno europeu é a época mais solicitada pelos brasileiros. "Os meses mais procurados são dezembro e janeiro. Já chegamos a vender 3 mil passes num só mês." VEJA TAMBÉM: » Conheça o mundo sobre trilhos » Passes de trem facilitam a vida e o bolso do turista » Ferrovias mostram EUA de maneira diferente e charmosa » Atravesse o Canadá de leste a oeste » Orient-Express revive o glamour do século passado » Conheça lugares exóticos em trens luxuosos
Jornal da Tarde
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