Las Vegas quer ser mais que a capital mundial dos cassinos
Tiago Décimo/AE
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As luzes da Strip, à noite, retrata a Las Vegas dos sonhos dos jogadores
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Nunca o apelido de Capital Mundial do Entretenimento caiu tão bem para Las Vegas. A cidade, uma maravilha que só a conjunção de muito dinheiro e altíssima tecnologia poderiam construir, quer deixar de ser apenas a meca dos jogos de azar e diversificar as atrações. "Vamos proporcionar diversão para toda a família", promete o vice-presidente sênior do Mandalay Resort Group - um dos grandes grupos hoteleiros da cidade -, Tony Alamo. Essa revolução talvez seja mais difícil de ser feita que a própria construção da cidade, instalada em pleno deserto do Estado de Nevada, perto da divisa com o Arizona. As décadas nas quais Las Vegas fez fama com jogos, máfia e prostituição criaram uma mística que deve demorar para ser apagada. Quase metade dos gastos dos visitantes que chegam à cidade são em jogos. E olha que eles não gastam pouco. Dados do Las Vegas Convention & Visitors Authority contabilizam US$ 600 por dia, por visitante. Isso é quase seis vezes mais que os gastos de estrangeiros no Brasil. Mas é difícil conter a tentação. Já no saguão do aeroporto, centenas de caça-níqueis dão as boas-vindas. Mudança - Os empresários estão esforçando-se para reverter o quadro. Não que eles queiram substituir os jogos por outras atividades. Nada disso. Eles só desejam que os visitantes gastem mais com outras coisas. Por isso, investem bilhões de dólares construindo megaresorts para todos os gostos (leia reportagem à pág. V-10). O mostruário disso tudo está na Las Vegas Boulevard, avenida conhecida como The Strip, centro das atrações da cidade. Em 3,5 quilômetros de agito, cores e formas estranhas misturam-se, mostrando a força que o dinheiro tem de transformar uma terra árida em fonte de diversões. Crescimento - Las Vegas é uma das cidades que mais crescem nos Estados Unidos. A população aumenta aproximadamente 6% ao ano e já passou de 1,2 milhão de pessoas. O turismo responde por mais de 60% dos empregos da cidade. A cada ano, chegam mais de 30 milhões de visitantes, que mantêm os hotéis com uma taxa de ocupação média de 90% e giram US$ 25 bilhões. O gigantismo não pára. Há perto de 145 mil caça-níqueis e 4.500 mesas de jogos na Grande Las Vegas. Eles renderam, só de impostos para o governo, em 1999, mais de US$ 7 bilhões. E olhe que a cidade ainda não conseguiu atrair os mais jovens. Como jogos de azar e consumo de bebidas alcoólicas são vetados para menores de 21 anos no Estado, só 10% dos visitantes ficam abaixo dessa faixa etária. A maioria tem cerca de 50 anos. As adversidades climáticas fizeram Vegas penar bastante. Em 1855, os mórmons fundaram um povoado ali. Em 1911, a vila foi transformada em cidade. A partir de 1931, Vegas começou a tomar os ares de hoje, quando Nevada regularizou o jogo. Na época, 8 mil pessoas viviam ali. Em 1975, a cidade atingiu 150 mil habitantes e arrecadou o primeiro bilhão de dólares com o jogo. E nunca mais parou. Veja também: » Boas sugestões para quem quebrar a banca » Montanha-russa é a mania na terra dos caça-níqueis » Noite arrebata os visitantes » Faça as malas » De véu, grinalda e fantasia de Elvis Presley » Shopping é outra atração de Las Vegas
O Estado de S. Paulo
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