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SANTA CATARINA

Joinville abriga a primeira escola do Bolshoi fora de Moscou

Amir Sfair Filho/Divulgação
Disciplina e determinação: para
continuar no elenco é preciso
tirar boas notas
Quando integrantes da Escola do Teatro Bolshoi de Moscou estiveram no Festival de Dança de Joinville, há quatro anos, foi revelado o desejo de se fundar uma extensão da escola de dança em três países: Brasil, Estados Unidos e Japão.

A administração municipal da cidade não perdeu tempo e logo ofereceu-se para sediar a primeira Escola do Ballet Bolshoi fora da Rússia. Atributos não faltaram para tanto, pois além de abrigar o maior festival de dança do País, a cidade possui toda a infra-estrutura necessária para sediar a escola.

O projeto foi levado adiante e a escola, com instalações moderníssimas, foi construída no local das apresentações do festival, o Centreventos Cau Hansen, e inaugurada em março deste ano.

Como a Escola do Teatro Bolshoi de Moscou foi criada para incentivar crianças desamparadas no pós-guerra, a prefeitura de Joinville resolveu seguir o caráter filantrópico e promover bolsas de estudos para 126 meninos e meninas de escolas municipais. Segundo o prefeito da cidade, Luiz Henrique da Silveira, "pela primeira vez o País formará bailarinos internacionais e este projeto é, acima de tudo, voltado para a área social".


Curso para brasileiros Houve uma seleção nas próprias escolas municipais pelos professores de Educação Física e as crianças já fazem parte do time de novos talentos da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil. Os alunos particulares, cerca de 50, pagam R$ 300 por mês no curso de dança que dura de dois anos (aperfeiçoamento) a oito anos (formação).

Para se ter uma idéia da representatividade da instituição, 47 alunos foram morar na cidade especialmente para estudar na escola. É o caso de Mayara Chiella, de 14 anos, que veio de Florianópolis para se dedicar exclusivamente ao Bolshoi, sem esquecer do colégio, é claro, pois lá os alunos têm de ter notas boas para continuar no elenco. Questionada sobre a disciplina exigida pela escola, a jovem revela que todo os esforços - alimentação, exercícios - valem a pena, porque o prazer de subir no palco supera as dificuldades.

Já para o aluno Maikon Golini, 10 anos, que quer seguir carreira no balé clássico, o único inconveniente de tudo isso é acordar cedo."Mas quem tem fé no trabalho, consegue realizar seu sonho."

A diretora da escola, Jô Braska, que foi professora de dança contemporânea na Escola do Teatro Bolshoi de Moscou, ressalta que o curso não engloba somente a dança. "Os alunos despertam para uma nova vida, para a arte, música e para a escrita, pois recebem preparação cênica, aulas de música e até conhecimentos de nutrição e higiene."

A escola, com capacidade para até 200 alunos, conta com cinco salas de aula, dotadas de câmaras de ar sob o piso, vestiários, espaço cultural - com acervos de vídeos e indumentárias de Moscou - além do lounge, onde recebe visitas.

Entre o corpo docente estão professores russos e brasileiros, todos com treinamento da técnica original. A professora de balé clássico Jane Dickie, 49 anos, afirma que a experiência está sendo muito positiva porque possui uma estrutura bem organizada. "É gratificante ver crianças que nunca tiveram a oportunidade de dançar aprendendo as técnicas de uma escola profissional."

Segundo ela, em quatro semanas já foi possível modificar o perfil dos alunos, que não tinham formação cultural. "Eles aprenderam a disciplina, estão mais educados e autoconfiantes."

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