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PARIS

Paris festeja seu metrô centenário

Divulgação
As históricas placas dão ainda
mais charme a praças e ruas
O metrô de Paris completa 100 anos. Parecia que não conseguiria. No fim do século passado, o projeto da primeira linha chegou a ser considerado antipatriótico e atentatório à glória da cidade por muitos deputados conservadores. Mas o espírito de competição com Londres e Berlim levou o projeto adiante.

A capital inglesa já tinha, desde 1863, o famoso "tubo". Berlim havia inaugurado o seu em 1871. Até Budapeste, ao lado do Rio Danúbio, já dispunha de seu metrô desde 1896. Hoje, a rede parisiense é a maior do mundo, com 211 quilômetros, 297 estações e 14 linhas.

O problema na época era outro, a pouca velocidade dos ônibus, ainda puxados a cavalo: 7 a 8 quilômetros por hora. Nesse tempo, 74 milhões de pessoas eram transportadas anualmente numa cidade que já contava com 2 milhões de habitantes - não muito menor do que a Paris atual, de 2,35 milhões.

Paralelamente, surgiu o bonde, que contribuiu para a primeira fase de congestionamentos na cidade, a partir de 1873. Bonde e ônibus puxados a cavalo atrapalharam a circulação nas principais vias. A velocidade máxima dos ônibus foi fixada também para os bondes, mas não era respeitada - eles chegavam a circular a 10 quilômetros por hora.

Previsão - O escritor Júlio Verne (1828-1905) já havia imaginado um metrô aéreo para Paris. Surgiram outros projetos audaciosos, mas eles não tinham o apoio de Victor Hugo, que rejeitava imaginar a cidade desfigurada. Estado e município divergiam feio. O primeiro defendia projetos que privilegiassem a ligação entre as diversas estações ferroviárias da cidade. A prefeitura preferia dar prioridade às ligações entre os bairros. A prefeitura acabou levando a melhor diante da iminência da Exposição Universal de 1900, mas o impasse atrasou a construção da primeira linha, Porte Maillot a Porte de Vincennes, servindo a região dos Champs-Elysées.

O fim do século 19 foi marcado pela economia liberal. O metrô acabou seguindo as normas ditadas pela época. A prefeitura garantiu a infra-estrutura, com túneis e viadutos, por exemplo. As vias de circulação, as instalações elétricas e a adaptação das estações ficaram sob a responsabilidade de uma empresa privada, a Companhia do Metropolitano de Paris (CMP).

Dois mil operários trabalharam dia e noite, a partir de 4 de julho de 1898 para concluir a obra em 19 de julho de 1900. Na data, a primeira composição atravessou Paris em apenas 30 minutos - metade do tempo para uma travessia de bonde no mesmo trajeto.

Rapidamente, o parisiense apoiou a obra. Em 1913, mais de 500 milhões de pessoas passaram pelas catracas. O crescimento fez com que as linhas de ônibus fossem fechadas - só foram restabelecidas durante a 2ª Guerra Mundial. Em 1938 foi a vez de o bonde se render, deixando de circular na capital.

Modernidade - Um século depois de sua inauguração, o metrô de Paris dispõe de 14 linhas. A mais nova, Meteor, é inteiramente automática - sem piloto - e liga a região da Madeleine à Biblioteca François Mitterrand.

Seus trens, com 90 metros de comprimento, contam com 6 vagões, que transportam até 722 passageiros ao mesmo tempo, a uma velocidade média de 40 quilômetros por hora.

Dos 17 milhões de passageiros transportados em 1900, o número passou para 1,15 bilhão no ano passado. O recorde de passageiros transportados, entretanto, data de 1946, quando foi atingida a marca de 1,6 bilhão de passageiros. Os números impressionam. Mais de 40 milhões de quilômetros são percorridos anualmente pelos trens do metrô parisiense. Cerca de 500 mil pessoas passam diariamente na Estação do Norte, a mais movimentada. Mais de 2.700 condutores trabalham no metrô. Na hora do rush, transitam 570 trens.

História - Cada estação de metrô em Paris tem sua particularidade. Na construção da Estação da Bastilha, por exemplo, foram achados vestígios das fundações da prisão da Bastilha, destruída durante a Revolução de 1789. Uma parte das descobertas estão expostas na própria estação. Na de Guimard, ferro e vidro destacam-se, no estilo art nouveau de Hector Guimard. A mais profunda é a Estação de Buttes-Chaumont, a 31,66 metros abaixo da rua.

Já a mais badalada é a Fleche D'Or Café (Rua Bagnolet, 102). Trata-se de uma estação transformada em café, hoje reduto de artistas. A mais histórica é Saint-Germain-en-Laye. Inicialmente, foi projetada para ser uma estação ferroviária, mas a partir de 1937, foi transformada em estação de metrô.

Desenhada por Le Nôtre, ela mantém uma deslumbrante vista sobre o parque de Saint-Germain-en-Laye, ponto de partida para um passeio pelas ruas antigas dessa cidade. Isso sem falar da Estação do Louvre, com reproduções das peças do museu.

Os nomes da maioria das estações de metrô refletem a geografia e a história da cidade e do país. Além de 17 batalhas, 27 generais, 23 portas da cidade, nomes como Rochechuart ou Miromesnil (ministro da Justiça de Luis XVI), são pouco familiares do grande público. Em 1914, a estação Berlim, em razão da 1ª Guerra Mundial, passou a ser chamada de Liége. Outras são conhecidas até hoje por seus nomes originais como Iena, Alma, Republique, Opera etc.

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O Estado de S. Paulo

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