Saboreie os deliciosos exageros de Florença
Mario Viana/AE
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No Museu Bargello, escultura de Michelangelo é a atração
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Caso tenha planejado passar uns três dias em Florença, prepare-se. Por volta das 16 horas do segundo dia, saindo do terceiro museu visitado desde que chegou e checando no mapa o caminho até uma igreja, onde existe um afresco imperdível, vai bater a angústia: "Não vou ter tempo de visitar tudo." Há quem chame isso de Síndrome de Florença. O fato é que três dias em Florença são mesmo insuficientes para visitar tudo quanto é museu, igreja, prédio histórico ou palácio importante. Também não adianta ficar uma semana - ou um mês, dois... Florença é assim mesmo, um exagero só. Culpa dos Médicis. A família que mandou e desmandou na cidade, do século 15 até a primeira metade do século 18, foi além do poder. Queriam construir uma cidade que embasbacasse o mundo. Conseguiram - até com a ajuda dos adversários, que tentaram suplantar os Médicis em gigantismo. Um desses casos é o magnífico Palácio Pitti, de 1458, do outro lado do Rio Arno. Ironia da história: Luca Pitti empenhou tanto dinheiro na construção que seus herdeiros acabaram falindo - e o prédio foi comprado pelos Médicis, em 1549, tornando-se a residência oficial da família. Listinha - A melhor coisa a fazer em Florença é montar uma lista do que se quer ver mesmo. As opções não têm fim: Galeria degli Uffizi, Academia, Museu Bargello, Palácio Pitti. Igrejas: Santa Maria dei Fiori, Santa Croce, Capela Medicee, Santa Maria Novella, Capela Brancacci. E ainda tem a Casa de Dante, a Casa Buonarroti, a Ponte Vecchio, a Praça della Signoria, o Duomo, o Batistério e o Campanário de Giotto - ah, e precisa passar pela Badia Fiorentina, a igreja onde o poeta Dante Alighieri teria visto sua amada Beatriz pela primeira vez. É muita coisa. Se o seu tempo só permitir um museu, não há dúvidas: Galeria degli Uffizi, o maior da Itália e certamente um dos melhores do mundo. O acervo é de fazer chorar: O Nascimento de Vênus, de Botticelli; Adoração dos Magos, de Leonardo da Vinci; Sagrada Família, de Michelangelo; Vênus de Urbino, de Ticiano, e O Sacrifício de Isaac, de Caravaggio. Nem pense em ir direto. As filas são quilométricas. O melhor é fazer a reserva do ingresso - o número é (055) 47-1960. Pode-se ligar de manhã e ir à tarde. Mesmo assim, você enfrentará uma fila de, pelo menos, meia hora entre a bilheteria dos que reservaram e a entrada. É na Galeria da Academia, o segundo mais importante museu florentino, que fica o original Davi, de Michelangelo, quase na entrada. Gaste algum tempo cercando o Gigante, como a obra foi apelidada, e depois, dê atenção às outras belezas do acervo. Para evitar a fila, vá bem cedo. O museu abre às 8h30 e se você estiver por ali até as 9 horas vai ficar só 45 minutos à espera. O ingresso de US$ 13 dá direito ao Museu Bargello e à Capela Medicee - o Circuito Michelangelo. Baco - O Museu Bargello fica num prédio do século 13, que já foi prefeitura e cadeia - no pátio, há um poço onde os presos eram torturados. No térreo, há mais obras de Michelangelo: Baco e o Tondo Pitti. No andar de cima, outro Davi, assinado por Donatello, mostra o herói bíblico adolescente. Outro museu notável fica no bairro de Oltrarno. É uma ótima chance de caminhar pela Ponte Vecchio, de 1345, com lojinhas dos dois lados. Na Idade Média, as lojas eram açougues e curtidores de couro, que sujavam o rio. Em 1593, eles foram substituídos por joalheiros. O Palácio Pitti tem, além dos apartamentos dos governantes, uma coleção de artes invejável - Caravaggio e diversos Rafael, entre muitos outros. VEJA TAMBÉM: » Duas damas cheias de charme » Passeie ao som das "Quatro Estações" » Poder dos doges resiste na Praça São Marcos » Paradinhas ao longo do caminho » Quanto custa Veneza » Circuito das igrejas é repleto de atrativos » Nem toda boa refeição custa caro » Quanto custa Florença » Pacotes para Florença e Veneza
O Estado de S.Paulo
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