Munique é a terra da cerveja e de uma longa dinastia
Viviane Kulczynski/AE
|
|
Um passeio pelo centro histórico deve começar no Karlstor
|
Terra natal da imperatriz austro-húngara Sissi (1837-1898) e do compositor Richard Strauss (1864-1949), Munique é apresentada pelos locais como a Paris alemã. Seja por lançar moda, pela forte atração que exerce sobre ricos e famosos ou por receber de braços abertos uma interminável leva de escritores, pintores, músicos e cineastas aspirantes ao sucesso. Capital do Estado da Baviera desde 1503, a terceira maior cidade da Alemanha ocupa 30 mil hectares, é cortada pelo Rio Isar e tem hoje uma população estimada em 1,3 milhão de habitantes. Eles, mais do que ninguém, entendem de cerveja. Não foi por acaso que a Oktoberfest nasceu lá. Pouco mais de 20 anos depois de sua fundação, em 1158, pelo duque Henrique, o Leão, Munique passou a ser controlada - política e economicamente - pela família real bávara Wittlesbach. A dinastia resistiu longos 738 anos no poder, de 1180 a 1918. Embora 45% da cidade tenha sido destruída durante a 2ª Guerra, boa parte do que os turistas encontram lá é resultado da Era Wittlesbach. Três portões do período medieval, responsáveis pela proteção da cidade contra invasores, resistiram aos bombardeios e marcam os limites do centro histórico. Vinte minutos de caminhada os separam, mas isso não significa que você conseguirá conhecer tudo em apenas um dia. Dois ou três são o ideal. Restos mortais - O ponto de partida para quem quer desbravar a cidade deve ser o Karlstor, portão mais próximo da estação ferroviária central. Seguindo pela Rua Neuhauser, não há como errar. Dominada pelo comércio, com grandes magazines e lojas de suvenires, ela leva a locais imperdíveis, como à Igreja de São Miguel. A construção do templo levou sete anos e, quando chegou ao fim, sua torre tombou. Para erguer uma nova, em 1590, foi preciso alterar toda a estrutura da edificação. Em sua cripta estão os restos mortais de muitos Wittelsbachs, entre eles o rei Ludwig II, o Louco. Paga-se US$ 1 para visitá-la. Pouco adiante, fica o coração de Munique, a Marienplatz. A praça fica lotada de turistas em quatro horários. Às 11, 12, 17 e 21 horas, visitantes do mundo inteiro correm até lá para observar o carrilhão da Neue Rathaus, a prefeitura nova. Durante dez minutos, ficam todos olhando para o alto, enquanto soam os sinos e o relógio toca uma música contagiante. Bonecos representam cenas do casamento do duque Wilhelm V, ocorrido em 1568, e das comemorações pela erradicação da peste negra, por meio de uma dança criada em 1517. Depois de apreciar o espetáculo, aproveite para subir de elevador ao 13º andar da prefeitura. O ingresso custa US$ 1,50. Prepare a máquina fotográfica, pois esta é uma das melhores chances de clicar Munique do alto. Outra é a partir do topo da Igreja de São Pedro, quase em frente da Neue Rathaus. Detalhe: para alcançar os 91 metros de altura, é preciso desembolsar US$ 1,75 e ainda encarar 314 degraus, pois não há elevador. Soldados de chumbo - Na Marienplatz também fica a Alte Rathaus, antiga sede do poder executivo municipal. Reconstruído em 1975, o prédio abriga o fascinante Museu dos Brinquedos, aberto diariamente das 10 às 17h30. Pessoas de todas as idades ficam encantadas com as preciosidades do acervo, como soldadinhos feitos de projéteis de chumbo utilizados na 1ª Guerra. Os ingressos custam entre US$ 0,50 e US$ 2,50. Saindo dali, que tal uma paradinha para um lanche? O mercado a céu aberto Viktualien vende desde comidinhas frugais até deliciosas salsichas acompanhadas de mostarda forte. Conclua o passeio com uma chegadinha à Catedral de Nossa Senhora, um dos ícones de Munique. Reza a lenda que, em 1468, o arquiteto Jerg von Halspach teria feito um pacto com o diabo. Se arrecadasse o dinheiro suficiente para a obra, Halspach teria de construí-la sem janelas. Quando o diabo foi conferir o resultado final, foi traído por seu ponto cego e não percebeu que havia várias janelas escondidas atrás de grossas pilastras. Enfurecido por não ter ganho a alma do arquiteto, ele teria deixado uma pegada de cor preta na entrada da catedral. Como a igreja foi totalmente reconstruída depois da guerra, a historinha ficou ultrapassada. Mas a pegada, novinha em folha, está lá, para quem quiser conferir. VEJA TAMBÉM: » Roteiro deve incluir visita às pinacotecas » Residenz foi a casa oficial dos Wittelsbach » Diversão no melhor estilo bávaro » Cidade prepara-se para mais uma Oktoberfest » Parque foi construído para os Jogos Olímpicos de 1972 » Museu da BMW ajuda a contar a história da indústria automotiva » Dachau serviu de laboratório para nazistas » Saiba mais sobre o Oktoberfest » Munique na ponta do lápis
O Estado de S. Paulo
|