Diversão no melhor estilo bávaro
Viviane Kulczynski/AE
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Hofbräuhaus, de 1589: a cervejaria mais tradicional
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A frieza dos alemães só pode ser comparada à temperatura da cerveja que bebem. E como bebem. A loira gelada é uma unanimidade nacional. O consumo per capita na Alemanha é de 150 litros de cerveja por ano, contra 50 no Brasil. Mas acredite, em Munique a média chega a 280 litros por habitante. A cidade é a terceira maior produtora de cerveja do mundo, com seis grandes fábricas, algumas de fama internacional, como a Löwenbräu. Os berlinenses, mais chegados a uma taça de vinho, costumam caçoar dos bávaros. Dizem que eles não abrem a boca para nada, a não ser para beber mais cerveja. Em Munique, cerca de 400 bierkellers (bares fechados) e biergartens (bares ao ar livre) concorrem para saber quem tem o happy hour mais animado. Muitos deles ficam lotados de turistas, que se misturam sem cerimônia entre os locais para conferir de perto o sabor único da encorpada cerveja bávara. A tradição dos bierkellers e biergartens vem da Idade Média, quando os pequenos produtores guardavam os barris de cerveja em casa e precisavam plantar castanheiras ao redor, para fazer sombra e refrescar o ambiente. Eles recebiam os clientes ali mesmo, em acomodações rústicas, com grandes mesas e bancos de madeira. Com o tempo, as residências ficaram pequenas para tanto público e o jeito foi estender a festa para os jardins. História - Alguns fatos que marcaram a história de Munique e do país tiveram esses bares como cenário. Hitler esteve envolvido em dois deles. Em 1923, planejou um golpe de estado nas dependências do Hofbräuhaus, e se deu mal. Em compensação, em 1939, sofreu um atentado no Burgerbräukeller. Sessenta pessoas ficaram feridas e oito morreram. O führer saiu ileso. E não são poucos os atos políticos e manifestações artísticas que ainda ocorrem por lá. Portanto, se tiver apenas uma noite livre, não hesite. Vista-se à vontade, escolha a cervejaria mais próxima e vire o caneco. Entre os bierkellers mais tradicionais e mais disputados está o Hofbräuhaus (Platzl, 9, tel. 089-290-1360), aquele mesmo, o preferido de Hitler. Em 1589, já existia uma cervejaria no local, reservada para a corte do duque Wilhelm V. No começo do século 19, o governo comprou a área e construiu o prédio atual, ampliado em 1897. Na época, a cervejaria servia de ponto de encontro para artistas, estudantes e funcionários públicos. Saúde - A casa produz sua própria cerveja e oferece cerca de 4.500 lugares, espalhados por dois andares, uma cobertura com pista de dança e um pequeno jardim. Uma divertida bandinha anima os clientes a partir das 11 horas e, entre uma canção e outra, promove vários brindes à saúde de todos. Lado a lado, alemães e grupos de turistas estrangeiros espremem-se em longas mesas de madeira. Todos disputam os enormes canecões chope que os garçons carregam de um lado para o outro, derramando espuma nos desavisados. O litro da cerveja custa US$ 5,70 e pode ser degustado enquanto se belisca alguns aperitivos ou pratos mais elaborados. O Hofbräuhaus abre às 9 horas e só fecha depois da meia-noite, quando muitos clientes começam a exibir os efeitos do álcool. VEJA TAMBÉM: » Munique é a terra da cerveja e de uma longa dinastia » Roteiro deve incluir visita às pinacotecas » Residenz foi a casa oficial dos Wittelsbach » Cidade prepara-se para mais uma Oktoberfest » Parque foi construído para os Jogos Olímpicos de 1972 » Museu da BMW ajuda a contar a história da indústria automotiva » Dachau serviu de laboratório para nazistas » Saiba mais sobre o Oktoberfest » Munique na ponta do lápis
O Estado de S. Paulo
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