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ALEMANHA

Dachau serviu de laboratório para nazistas

Viviane Kulczynski/AE
As sete torres de observação
da SS permanecem intactas
A idéia pode até ser desagradável, mas um passeio pelo primeiro campo de concentração nazista coloca o turista diante de fatos chocantes que marcaram a recente história mundial. Pouco menos de 20 quilômetros a noroeste de Munique, Dachau era até o começo dos anos 30 uma pacata comunidade de artistas em início de carreira. Em março de 1933, logo depois que Adolf Hitler tornou-se chanceler em Berlim, 5 mil soldados da polícia alemã, a SS, transformaram a cidade num trágico símbolo da era nazista. Utilizaram as instalações de uma antiga fábrica de munição da 1ª Guerra Mundial para construir um laboratório de horrores, local de treinamento das piores técnicas de tortura - física e pscicológica -, que seriam posteriormente aplicadas em outros campos.

Embora não tenha sido criado como um local de extermínio, milhares de pessoas foram mortas em Dachau. A frase de "boas-vindas", gravada no portão de entrada do campo, virou o slogan do Terceiro Reich: "Arbeit Macht Frei", ou Só o Trabalho Leva à Liberdade. Logo que chegavam, os prisioneiros imaginavam que seriam obrigados apenas a praticar trabalhos forçados. Que engano.

Registros oficiais indicam que mais de 206 mil pessoas foram mandadas ao campo de concentração, mas o número exato de prisioneiros nunca foi revelado. Estima-se que, pelo menos, 31.951 prisioneiros morreram ali, vítimas das atrocidades dos nazistas e de várias epidemias, como a de tifo, que fazia, diariamente, entre 100 e 200 vítimas.

No começo, Dachau recebia prisioneiros políticos, comunistas, jornalistas de oposição e intelectuais, entre os quais Johann Elser, que planejou um atentado contra Hitler, em 1939, e o escritor francês Robert Antelme, marido de Marguerite Duras e autor de Corrida Humana, em que narra o período que passou em Dachau. Antelme participava do grupo de resistência Richelieu, liderado pelo ex-presidente francês François Mitterand.

Instalações - A alguns metros de distância da entrada do campo de concentração, avistam-se as sete torres de onde os soldados da SS faziam vigília. Os fossos que correm junto aos muros e as cercas duplas de arame farpado também faziam parte do cenário original. Todos os 32 alojamentos foram destruídos pelos Aliados depois do fim da guerra. Linhas quadrangulares de cimento marcam o exato local onde ficavam os barracões.

Cada um tinha capacidade para 200 pessoas, embora alguns tenham sido ocupados por mais de 1.600. Dois deles foram reconstruídos, com seus beliches de madeira.

Quem assistiu ao filme A Lista de Schindler, de Steven Spielberg, deve lembrar-se da cena em que prisioneiros são levados aos banhos coletivos. Na maior parte das vezes, o que saía das torneiras não era água, mas uma solução gasosa letal. Entre os poucos prédios que foram mantidos intactos em Dachau está o que abriga as câmaras de gás, camufladas exatamente como no cinema, de chuveiros coletivos. Por causa de um detalhe técnico, elas jamais foram utilizadas. A guerra terminou antes que fosse feita a ligação que levaria gás até o local. Próximo dali, ainda estão dois fornos crematórios, onde os corpos eram incinerados para evitar o alastramento de epidemias.

Um museu foi montado no prédio maior, o Wirtschaftsgebüde, onde funcionavam a cozinha, a lavanderia, os banheiros e algumas prisões. Fotografias e documentos mostram a ascensão do nazismo, as ações da SS e a dura rotina imposta aos prisioneiros neste e em outros campos de concentração. Há imagens que mostram como se realizavam as perseguições aos judeus, aos ciganos e a outros grupos que também eram alvo do nazismo. De terça a domingo, às 11h30 e às 15h30, pode-se assistir, em inglês, ao documentário KZ-Dachau. Em 22 minutos, é contada a história do Terceiro Reich. Três memoriais - um católico (1960), um protestante (1965) e um judaico (1965) -, além de uma capela russa-ortodoxa (1995), foram construídos em Dachau.

Exploração - Terrível imaginar que ainda haja pessoas explorando os horrores do holocausto e ganhando dinheiro em cima da desgraça alheia. Embora não se pague pelo ingresso no campo de concentração, uma lojinha vende toda sorte de artigos ligados ao tema. Um catálogo da exposição fotográfica custa US$ 12,50 e o mapa do campo, com rápidas explicações sobre o local, US$ 0,15. Um livreto de 28 páginas, com 5 fotos em preto-e branco e vasta bibliografia, é vendido no museu por US$ 1,50.

Caso não queira enfrentar sozinho uma viagem de 20 minutos de trem (S-Bahn #2) a partir de Munique e outros 10 minutos de ônibus (linha 722, que parte da estação ferroviária central) em Dachau, o turista pode optar por passeios guiados até o local. Várias empresas oferecem o tour em inglês e em alemão, entre elas a Radius (tel. 89-5502-9374), de terça a domingo, com saída de Munique às 13 horas, e a Gray Line (tel. 89-5490-7560), aos sábados, partindo às 13h30. A primeira cobra US$ 15 e a segunda, US$ 20.

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O Estado de S. Paulo

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