Um pedaço do México resiste no velho Texas
Mário Viana/AE
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População católica tem missas em inglês e espanhol na Catedral de San Fernando
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O nome da cidade é espanhol, a catedral é dedicada a San Fernando e algumas ruas têm denominação hispânica, como San Jacinto, Nueva e Soledad. No Mercado Central, as lojas de artesanato vendem caveirinhas doces, sombreros e blusas bordadas à moda mexicana, e um dos bairros mais turísticos se chama justamente La Villita. Quase tudo em San Antonio faz o turista se sentir no México, embora a fronteira esteja a cerca de cinco horas de estrada. Nona maior cidade dos Estados Unidos, com 1,2 milhão de habitantes, San Antonio é a melhor maneira de se conhecer o México sem enfrentar os "perigos" de um país empobrecido. A latinidade acolhedora ganha a eficiência norte-americana e o que se vê é uma cidade mexicana onde a moeda é o dólar e o cartão de crédito é aceito sem restrições. Nem mesmo o tempero apimentado da cozinha mexicana assusta. A cozinha tex-mex, com acento mais leve, menos picante, nasceu justamente em San Antonio e arredores. Fundada em 5 de maio de 1718, San Antonio acabou dando sorte. Entroncamento de várias rotas comerciais entre Leste e Oeste, a cidade cresceu e atraiu povos do mundo todo. O resultado é, hoje, uma cidade pequena, porém de tradição extremamente cosmopolita. Para reforçar a teoria, basta hospedar-se no Hotel Menger, construído por um imigrante alemão em 1859, ou passear de barco pelos canais do River Walk, uma das atrações mais famosas de San Antonio e que dão ao interior do Texas um toque veneziano. História - Se Dallas é o Texas endinheirado e sem pudor de exibir seus dólares, San Antonio é a reserva histórica do Estado. O Texas nasceu em San Antonio, ainda no século 18. Naquela época, os reis espanhóis levaram um susto ao saber que piratas franceses andavam ciscando nas terras do Novo Mundo. Preocupado e com medo de perder terreno, o rei espanhol Felipe V enviou Martin de Alarcón e 50 soldados para fundar uma missão e um forte às margens do Rio San Antonio. Destruído, o forte foi reconstruído em outra parte do terreno e ganhou o nome que carrega até hoje: Álamo. Foi no Álamo que se passou o episódio mais dramático da história texana. Em fevereiro de 1836, numa luta contra os soldados mexicanos - o Texas era parte do México naquela época -, 189 homens seriam mortos depois de 13 dias de guerra. Em abril, o Texas conquistaria a independência, para nove anos depois ser anexado à federação dos Estados Unidos. Antes disso, San Antonio já vinha crescendo bastante. Em 1722, então chamada de Villa de San Fernando, foi nomeada capital da Província Espanhola do Texas. Hoje, os turistas que visitam o Palácio do Governador Espanhol podem ver hasteadas seis bandeiras, representando - além do símbolo do Estado e da cidade - as nações que foram "donas" do Texas: Espanha, França, México, Confederação Republicana e Estados Unidos. A casa de adobe é um dos monumentos históricos da cidade. Construída inicialmente como casa do diretor do presídio, no começo do século 18, a casa teve inúmeras funções ao longo da história. Foi loja de roupas usadas, cantina, restaurante e escola pública. Em 1929, comprada pela prefeitura de San Antonio, a casa passou por uma restauração radical - da construção original, restavam apenas as paredes principais. O restauro devolveu ao prédio seu traçado e os cômodos foram decorados com móveis do século 17. Templo e forte - História também existe na Catedral de San Fernando, já visitada pelo papa João Paulo II. A catedral começou a ser construída em 1738, por insistência das 15 famílias que vieram da Espanha para colonizar os índios que viviam por ali. Um guia distribuído na entrada orienta os visitantes para as preciosidades do templo, como o monumento aos heróis do Álamo e a réplica do Cristo Negro da Guatemala. São celebradas missas em espanhol aos sábados (às 8 horas) e domingos (às 6, 10 e 12 horas). O epicentro histórico em San Antonio é o Álamo, o forte em que tombaram mortos os heróis da independência texana. Construído em 1724 como Missão de San Antonio de Valero, o prédio foi centro difusor do catolicismo durante quase 70 anos. Em 1793, o governo espanhol tirou os religiosos das missões e transformou os prédios em fortificações militares. Atualmente, o Álamo é a atração mais visitada da cidade. Além de um jardim belíssimo, o prédio funciona como museu, com armas, uniformes e objetos pessoais dos heróis mortos ali. Com tempo, antes de visitar o forte, vá ao Imax Theatre, que fica a cinco minutos do Álamo. A sala exibe o filme O Preço da Liberdade, com a dramatização da última batalha no velho forte. Na tela gigantesca, o filme de 45 minutos - mesmo sem atores conhecidos - se torna um bom programa. Depois da sessão, vá direto ao forte original. A visita fica ainda mais interessante. Ingresso: US$ 7,50 por pessoa. Informações no site www.IMAX-sa.com. VEJA TAMBÉM: » Canais cortam a região boêmia » Missões implantaram cristianismo entre índios » Oriente-se » Texas na ponta do lápis
O Estado de S. Paulo
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