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ARGENTINA

Capital da "Sibéria argentina" tem noite agitada e museus

Até os anos 60 e 70, Ushuaia era um vilarejo pacato com pouco mais de dez mil habitantes, quando começou a ser descoberta pelo turismo e passou a receber incentivos do governo argentino, que atraiu para lá indústrias como a da Coca-Cola, feita com água derretida do gelo dos glaciares.

Hoje a cidade do fim do mundo (ou da Sibéria argentina) tem mais de 60 mil habitantes, o que lhe confere uma vida agitada, principalmente ao longo da Avenida Simon Bolívar, com muitas opções de hotéis, pousadas, lojas, restaurantes, cafés e rotisseries. Vale a pena experimentar o carneiro assado à moda fueguina (ele é esticado ao lado do fogo) e os peixes e frutos do mar, como a merluza-negra e a centolla (um caranguejo gigante). O consumo de crustáceos e frutos do mar da região exige cuidados, pois ocorrem marés tóxicas causadas por algas.

Museus - Também vale a pena visitar os museus da cidade, principalmente o Museu Marítimo, que ocupa o prédio do Presídio de Ushuaia construído no fim do século passado e desativado entre 1947 e 1950, quando de lá saíram os últimos prisioneiros condenados a trabalhos forçados. O visitante pode percorrer dois dos cinco longos corredores cercados de celas que se irradiam em dois andares a partir do prédio principal. As pequenas celas guardam surpresas: bonecos de cera mostrando os antigos prisioneiros, vigiados por outros bonecos que fazem as vezes de guardas nos estreitos corredores. Algumas delas exibem biografias de prisioneiros famosos, assaltantes reincidentes, assassinos e presos políticos como anarquistas do início do século.

Uma ala do presídio, ocupada pelo Museu Marítimo, exibe miniaturas de navios famosos que passaram por aquela região e lembram importantes exploradores do passado, mostrando como eram e como viviam os índios que primeiro habitaram Ushuaia e a epopéia dos colonizadores brancos. O museu também tem coleções de animais empalhados e objetos de uso cotidiano dos índios e dos exploradores.

Outras coleções imperdíveis são a do Museu do Fim do Mundo, perto do porto, com animais da região empalhados (alguns quase extintos, como o pingüim-rei, que chega quase à altura de uma pessoa) e objetos dos colonizadores, como proas de navios esculpidas em forma de mulher -, e a do Museu de Maquetes, algumas quadras adiante, que reproduz cenas do passado e mergulha na vida dos nativos.

Ushuaia também é sede de instituições científicas como o Cedic, que estuda as plantas e animais marinhos e faz medições do rombo provocado na camada de ozônio por gases poluentes emitidos pelos países industrializados. Esse buraco na fina camada de ozônio que reveste o planeta e protege os seres vivos dos raios ultra-violeta, está aumentando - tem hoje mais de 11 milhões de quilômetros - e fica justamente sobre a Antártida, estendendo-se pela Terra do Fogo e Patagônia até o Sul do Brasil.

Ozone é justamente o nome de um dos mais animados nightclubs da cidade, que fica no começo da Avenida Simon Bolívar. Turistas e ushuaianos se preparam para curtir a noite: eles prolongam a siesta que normalmente vai da hora do almoço até as 16h ou 17h, quando todas as lojas ficam fechadas, e avançam o sono pela noite. Dá para levantar e servir-se de um brunch. Ainda sobra tempo para uma boa produção, pois as pessoas começam a chegar depois da 1h da madrugada. É lá que as gatas e gatos argentinos encontram seus equivalentes do mundo todo, de norte-americanos a espanhóis e japoneses, saltitando ritmos tecno.

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