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ORIENTE MÉDIO

Vida do sultão Qaboos é envolta em mistério

Maria Lúcia Fragata/AE
O povo omani, como o tímido
menino, idolatra o chefe de Estado
Ele é um homem misterioso. Por lei, ninguém sabe se é solteiro ou casado nem quantas mulheres e filhos tem. Se alguém sabe, não põe na coluna social. Lei é lei. E, lá, ninguém quer correr riscos.

O sultão Qaboos Bin Said, considerado o primeiro "verde" nas Arábias, proíbe a matança da fauna do deserto há anos. Quem for flagrado, vai para a cadeia.

Os bichinhos protegidos são aranhas venenosas, lacraias, escorpiões e serpentes. Ainda bem que o deserto é deserto.

Mas, o homem, que é dono de tudo, é bem amado. Além das terras do país, tem nove palácios, um museu só dele e um aeroporto particular, entre outras coisinhas. E, há anos, constrói sua imensa mesquita. As más línguas locais dizem que a obra nunca será concluída, pois quando isso ocorrer, o sultão morrerá. E ninguém quer isso.

Quem é omani (nativo) está garantido: pode construir seus palacetes - quase não há pobres - em suas terras e alugá-los aos estrangeiros que trabalham lá. E os que pouco têm, ganham do sultão casa com mobília e eletrodomésticos. Mas, sem mais molezas: têm de pagar a água e a eletricidade.

O que Qaboos quer é lei. Por isso, o bairro mais rico de Mascate é inteirinho branco. Um detalhe bem discreto em azul aqui e outro lá, numas poucas casas, é o máximo de insubordinação admitida.

Bem diferente do pai, que condenava os fumantes à morte, proibia a importação de livros e óculos e fazia de tudo para manter o povo no maior atraso, Qaboos, criado na Inglaterra e, ajudado pelos britânicos, tomou o poder em 1970. E quer todos na escola, que não é obrigatória. As crianças entram aos 7 anos e saem com 18. E, como a saúde, a educação é gratuita.

Objeto do desejo - Cada povo com seus costumes. Em Omã, casar-se é o grande problema. O homem pode ter até quatro esposas desde que tenha como pagar a "taxa" que cada noiva merece - uma módica quantia que gira em torno de 60 mil dólares, metade dos quais em jóias de ouro e o resto para as despesas do casamento.

Mas não é só isso. Se a primeira mulher não quiser morar junto com a seguinte, o marido terá de comprar outra casa, no mesmo valor, para a segunda e assim por diante. Essa exigência é tão séria que muitos homens constróem verdadeiros condomínios com casas iguaizinhas. Quer dizer, aquelas damas cobertas de negro da cabeça aos pés também têm seus direitos.

Daí, o "harém" não é a maravilha sonhada pelos ocidentais. As mulheres não trabalham nem dentro nem fora de casa. Para as atividades domésticas utilizam-se dos serviços de indianas, sudanesas, tailandesas, etc. Elas pouco saem e têm como distração a leitura do Corão e de livros religiosos.

Por isso, é de se esperar fofocas bravas em família.

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O Estado de S. Paulo

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