História de Asterix e Obelix é marcada pelo sucesso
Agência Estado
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Obelix e Asterix foram criados em 1950
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A dupla de gauleses mais famosa do mundo nasceu numa tarde de 1959, num apartamento modesto na periferia de Paris, em Bobigny-les-Courtillieres. O escritor René Goscinny (1926-1977) e o desenhista Albert Uderzo, 73 anos, haviam recebido a encomenda de uma história em quadrinhos para uma revista que seria lançada. Entre as muitas idéias que tiveram, os franceses lembraram-se de uma frase corrente no país: "Eureka! Nossos ancestrais, os gauleses!". Pronto, foi o ponto de partida para a criação de um lugarejo fictício, por volta de 50 a.C, onde circulavam personagens gauleses irredutíveis, com nomes terminados em "ix". Foi um sucesso instântaneo. A idéia geral era criar personagens europeus que se contrapusessem aos heróis padronizados pelos quadrinhos norte-americanos. Bingo. Asterix é baixinho, narigudo e feio. Obelix é rechonchudo e tão desajeitado que caiu no caldeirão de poção mágica do druida Panoramix quando era criança. Mas os franceses reconhecem neles a essência do espírito francês, a espirituosidade, a resistência à invasão, o desprendimento. Em Asterix, nunca há mortes, os vilões são sempre tão ingênuos que chega a dar pena, viaja-se o tempo todo: é o mundo fictício ideal, onde se critica o avanço da modernização e a excessiva seriedade dos que exercem o poder. Desde o lançamento do primeiro livro, Asterix, O Gaulês, em 1961, as histórias foram traduzidas para quase 80 idiomas e tiveram mais de 280 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo. Depois da morte do companheiro, em 1977, Uderzo lançou seis títulos. Alguns críticos chegaram a argumentar que a coleção - os 30 volumes foram traduzidos para o português - ficou menos engraçada e perdeu a presença de espírito desde que o desenhista, que é daltônico, resolveu continuá-la sozinho. Mas as vendas sempre foram altas. Para se ter uma idéia, a Editora Record, que detém o direito de publicação desde 1983, vende cerca de 100 mil exemplares de Asterix por ano. Os livros custam, em média, R$ 12,00. Campeão - Uma pesquisa recente, realizada na Europa, sobre quais os nomes dos personagens clássicos que a juventude se lembra de ter lido, deu zebra na Inglaterra: Asterix na cabeça. Isso foi encarado como falta de conhecimento literário pelos organizadores da enquete, mas pode ser visto também como uma demonstração de senso de humor e bom gosto. Quando o personagem comemorou 35 anos, o ex-primeiro-ministro francês Jacques Chirac inaugurou uma exposição na prefeitura de Paris. Foi levado ao cinema em oito longas-metragens, sete deles como desenho animado. No começo deste ano, chegou às telonas brasileiras Asterix & Obelix Contra César, dirigido por Claude Zidi. Não é nenhuma obra-prima, nem pode ser comparado aos grandes clássicos da escola francesa de cinema, encabeçada pelo diretor Jean-Luc Godard. Mas o filme tem sua graça. Gerárd Depardieu é a perfeita encarnação do obeso entregador de menires Obelix; Christian Clavier está impagável como o enfezado Asterix. O bardo Chatotorix (Daniel Prévost) não poderia parecer mais maçante com sua harpa. E até os romanos estão mais loucos do que nunca - com o reforço de Roberto Benigni (aquele mesmo, que, com A Vida É Bela, minou as chances do Brasil ganhar um Oscar) no papel do centurião Lucius Detritus. Em 2001, ainda sem data confirmada, estréia mais uma aventura dos gauleses no cinema, Asterix e Cleópatra. Depardieu, que teve problemas de saúde e precisou ser internado durante as gravações, estará novamente à frente do elenco. VEJA TAMBÉM: » A origem da civilização galo romana » Capital cultural européia é ponto de partida » Museus e cripta guardam vestígios de Lutécia » Arena era palco para atores e gladiadores » Uma chance de provar o melhor da culinária gaulesa » Parque temático reproduz o clima das HQs
O Estado de S. Paulo
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