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ALEMANHA

Berlim é uma nova metrópole

"Sim, o muro caiu." Ao relembrar a confirmação de uma notícia por tempos sonhada pela população e de assimilação nada instantânea, o berlinense Thomas Mueller revela em seu olhar a emoção que dominou mais de 2 milhões de indivíduos que, assim como ele, viveram durante 28 anos aprisionados pelas grades da guerra fria, na então Berlim Oriental. Naquele 9 de novembro de 1989, o atual porteiro de um dos restaurantes mais requintados do centro histórico de Berlim era ainda funcionário do exército da extinta República Democrática Alemã (Alemanha Oriental).

Mueller era mestre da cozinha dos oficiais que controlavam a segurança do lado comunista da cidade. "Um soldado entrou no salão gritando, anunciando que o muro estava aberto. Não acreditei e no ato liguei para minha mulher, que confirmou a informação. Ela acompanhava extasiada pela televisão as multidões que buscavam um espaço para atravessar para o leste," conta Mueller, que aos 63 anos, como outros tantos berlinenses, coleciona experiências pessoais que ajudam a compor uma das histórias mais impressionantes deste século.

Mas, apesar de ainda incrustado na memória de seus habitantes e em cada monumento, o passado torna-se cada dia mais distante. Berlim é hoje uma cidade que se transforma, num ritmo frenético, em um dos principais centros econômicos, políticos, culturais e de entretenimento da Europa. É também, desde o fim da 2ª Guerra Mundial, um termômetro da situação mundial. Um espelho do embate entre socialistas e capitalistas que marcou o século 20.

No entanto, quando os cidadãos do lado oeste, com suas machadinhas, transformavam em cacos o muro - prova física da rivalidade entre as potências ocidentais e a ex-União Soviética -, legitimavam também ali a derrota do socialismo real. Naquele momento, abriam um rombo para a invasão do capitalismo. A década que se seguiu coroou a liberdade de consumo, com seus inerentes deslizes e encantos. Em pouco tempo essa libertação apagou as diferenças estabelecidas num divórcio que durou cerca de 50 anos.

Uma cidade em obras - Investimentos de US$ 200 bilhões - o correspondente a quatro vezes o que o Plano Marshall injetou na Alemanha no fim da guerra - estão sendo aplicados. É esse dinheiro que reata as amarras de Berlim leste e oeste, quase sem deixar cicatrizes estéticas. Destruir, construir e principalmente reconstruir resumem a rotina que consome a capital alemã nos últimos dez anos.

Na Postadamer Platz, por exemplo, foi erguido em quatro anos o complexo tecnológico mais moderno de Berlim. A região era um grande pátio na divisa da cidade, símbolo da repressão do exército da Alemanha Oriental. Em julho, o Sony Center, uma belíssima construção que abusa de recursos modernos, foi inaugurado, alterando o perfil deste local, palco no passado de imagens chocantes. Foi lá que Hitler se suicidou.

Seus moradores passaram a ter de conviver com as mudanças decorrentes da abertura. Para aqueles que viviam na ilha ocidental, cercada por 155 quilômetros de muro, as alterações não foram tão chocantes, pois ali o direito de ir-e-vir, apesar do enclausuramento, era respeitado. Pontes aéreas e linhas de trem ligavam o trecho ocidental às outras nações capitalistas.

Já para pessoas como Meuller, a queda do muro é vista como um renascimento.

"Não digo que a vida tenha melhorado, mas tivemos de nos readaptar ao mundo", confessa o berlinense. "Estamos ainda nos recuperando das destruições provocadas pelos bombardeios de 1945. Vivemos ainda o pós-guerra", explica o guia turístico Martin Seel, apontando para as centenas de guindastes que caracterizam o perfil da atual Berlim.

Cerca de 80% das construções existentes foram danificadas ou destruídas durante a 2ª Guerra Mundial. Grandes e importantes monumentos, como os prédios da Avenida Unter den Linden, que fica na parte oriental, mantiveram-se durante o período de domínio russo exatamente como os ataques aéreos dos aliados os deixaram: em ruínas. Apenas nesta década a restauração foi retomada e hoje está praticamente concluída. Ainda assim sobreviveram prédios de mais de 750 anos, margeados por parques e canais que fazem a cidade competir com Veneza em número de pontes: mais de 1.700.

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Jornal da Tarde

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