A noite é uma surpresa sem-fim
Quando o sol se põe, surge um novo cenário em Berlim. No centro histórico a iluminação amena constrói uma aura romântica. Nas entranhas da cidade, vielas escondidas entre prédios, ora em ruínas, ora restauradas, revelam os mistérios da noite berlinense. É para elas que os jovens berlinenses se dirigem em busca de diversão. E é a partir das 23h que os locais mais interessantes vão ganhando vida Na Rua Oranienburge os turistas são os clientes principais. Restaurantes judeus ou típicos alemães e uma casa de comida japonesa, com cadeiras artesanais de ferro fundido, cada uma com um formato. Há também pubs em estilo inglês e bares que tocam música eletrônica freqüentados principalmente pelos próprios europeus, com cabelos coloridos e brincos espalhados por todo o corpo. As fachadas são irregulares e todas estão pichadas, propondo um clima de submundo. No entanto, é preciso se despir de valores e preconceitos e encarar de frente esse universo tipicamente berlinense. Atenção: entradas sombrias podem ser um surpresa, com passagens para corredores que desembocam em bares interessantes. Mas é no Hackscher Markt que as vielas se revelam. O bairro fazia parte da Berlim Oriental e era povoado por operários. É um dos poucos lugares onde as marcas da destruição estão preservadas nas fachadas. Atualmente, é ponto de encontro de artistas. São bares, discotecas, galerias e ateliês. O boêmio, entretanto, tem de ter sorte para descobrir as entranhas de Berlim. Há estudantes que ocupam construções baldias e as transformam em salões de festas irresistíveis. Elas podem durar dias até que a polícia se manifeste e acabe com a brincadeira. Saraus nas ruas surpreendem, encantam e até assustam. Muitos dos músicos que se apresentam pelas calçadas são imigrantes do leste, principalmente russos e poloneses. Tocam afinados no violino, acompanhados por flauta doce, uma valsa completa de Bach, em troca de uns trocados. Além das festas escondidas, existem os bares ilegais, que geralmente ocupam os porões de prédios em ruínas. Não estão ligados em rede elétrica, nem têm água encanada. A refrigeração das bebidas e o som são abastecidos por geradores e a iluminação é à vela. Também não têm endereço definido, pois estão à mercê da atuação da fiscalização. Estes lugares agitam principalmente os estudantes até o nascer do dia. Aí, como se um sonho tivesse terminado, eles voltam para casa. VEJA TAMBÉM: » Berlim é uma nova metrópole » Parlamento alemão é atração turística » Dez anos de reunificação » Um giro pelos museus e lojas berlinenses » Saiba como ir para Berlim
Jornal da Tarde
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