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SANTA CATARINA

Ilha do Arvoredo é uma das três reservas biológicas marinhas brasileiras

Você sente como se sobrevoasse o local com asas próprias. Tudo fica lento e silencioso, como se a pressa e o barulho da cidade não existissem mais. Mergulhar é uma experiência única, ainda mais se o local for o arquipélago do Arvoredo, uma das três reservas biológicas marinhas brasileiras (as outras ficam em Abrolhos, na Bahia, e Fernando de Noronha, em Pernambuco), a 11 quilômetros da Ilha de Santa Catarina.

As ilhas do Arvoredo, Deserta, Galés e Calhau de São Pedro formam uma área de 17,8 mil hectares. No fundo do mar é possível encontrar animais raros ou até em risco de extinção, como tartarugas marinhas, esponjas amarelas, gorgônias ou mesmo a arraia-prego, que mede três metros e meio de envergadura por cinco de comprimento, e até golfinhos.

Mas atenção: para curtir a beleza da região o visitante tem de ter cuidado. Os turistas não podem sequer tocar nos animais, pedras ou svegetação. O acesso ao interior das ilhas, onde há uma reserva de Mata Atlântica, só para estudos científicos e com autorização do Instituto Brasileio do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Todos esses cuidados são observados pelas escolas de mergulho que organizam passeios à região, nso quais as pessoas são autorizadas a nadar como uma forma de misturar passeio e conscientização ambiental. Nos últimos dois anos, estima-se que mais de 20 mil visitantes procuraram Arvoredo para mergulhar.

"As escolas são as mais interessadas em preservar a região", explica o proprietário da Parcel, Cláudio Chico, que durante a temporada de verão organiza dois passeios diários (um a mais nos finais de semana) à Reserva com até 15 pessoas em cada saída.

Ele explica que a única coisa que o visitante pode pegar no fundo do mar é lixo para ser recolhido, desde que não esteja em processo de biodegradação. Quem seguir as regras e tiver passado pelo curso pode ir com o equipamento a até 40 metros de profundidade, acompanhado por alguém com mais experiência. Um mergulho mais curto, de 15 metros, pode durar até 50 minutos - limite do tanque de ar comprimido - dependendo da capacidade pulmonar da pessoa. A viagem custa até R$ 134 por pessoa, incluído o aluguel do equipamento (R$ 53 para quem já o tiver).

Chico mantém o negócio de passeios conjugado com sua escola de mergulho, que funciona na Cachoeira do Bom Jesus, em Florianópolis. Para aprender as regras básicas desse esporte são necessários pelo menos seis dias. O curso custa R$ 440 com turmas de oito alunos e idade mínima de 12 anos. Quando o aluno chega ao final do aprendizado, depois de horas nadando em piscinas, é levado para seu "batizado" na Reserva do Arvoredo. Para quem achar os custos altos, a empresa oferece a opção de uma mensalidade de R$ 25 que dá direito a quatro mergulhos mensais, sem custo de equipamento.

A Sea Divers, também de Cachoeira do Bom Jesus, organiza dois passeios diários com até 25 pessoas à região. O custo é de R$ 54 sem aluguel do equipamento. Incluído esse valor, chega a R$ 120. O curso trabalha no verão com até cinco turmas de oito alunos por semana, a R$ 440. Tanto as aulas da Sea quanto as da Parcel são dadas seguindo os padrões da Professional Association of Diving Instructors (PADI).

Reserva guarda espécies raras

A Reserva do Arvoredo, formada pelas três ilhas do arquipélago, encontrava-se em relativo estado de abandono, quando era cuidada apenas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Ministério da Marinha. Essa situação durou até 1977, época em que o mergulho começou a ser praticado na região como uma forma de educação ambiental da população. Em 1990, foi criada a reserva biológica marinha da região, preservada em conjunto pelas operadoras de mergulho, Ibama e Polícia Ambiental, que tratam de restringir a presença humana no local.

A razão para isso é a imensa biodiversidade das águas da reserva, proporcionada principalmente pelo encontro das águas das correntes marítimas brasileiras com as das Ilhas Malvinas, na Argentina, que propiciam um grande volume de nutrientes para os animais. Graças a isso pode-se encontrar especies raríssimas como focas-leopardo, arraias-manteiga e tartarugas marinhas. No interior das ilhas, a vegetação é formada por resquícios de Mata Atlântica. As florestas abrigam aves raras como o Trinta Réis. Só são permitidas visitas para pesquisas científicas.

O maior perigo para as espécies em extinção são as redes dos pescadores, que vêm à região pegar tainhas e garoupas, entre outros peixes, sem respeitar os períodos destinados à reprodução. Barcos de captura costumam sem expulsos por lanchas das escolas de mergulho que organizam passeios às ilhas. "A gente acaba fazendo o trabalho do Ibama, que atua em condições muito precárias", queixa-se o proprietário da escola Parcel, Cláudio Chico. O instituto conta com apenas uma lancha de baixa velocidade e dois barcos a remo.

Passeios de barco:

Sea Divers
*Passeios diários às 8h (somente mergulhadores habilitados) e às 14h
*Capacidade: 25 pessoas
*Custo: R$ 120 por pessoa (sem aluguel do equipamento, R$ 54)
*Telefone: (48) 284-1535
Visite o site da Sea Divers

Parcel
*Passeios diários às 8h e 13h (nos finais de semana também 18h)
*Capacidade: 15 pessoas
*Custo: R$ 134 por pessoa (sem aluguel do equipamento, R$ 53)
*Telefone: (48) 284-5564
Visite o site da Parcel


Zero Hora/ Agência RBS

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