Coloque o tênis e descubra Morro de São Paulo
De alguns pontos de Valença, cidade colonial do século 18 a 248 quilômetros de Salvador, a única coisa que se avista de Morro de São Paulo - o pedaço mais famoso do pólo turístico chamado Costa do Dendê - é seu farol. Mesmo mostrando certa imponência, ele não chega a dar a mais ligeira impressão dos encantos do lugar, que só começam a ser descobertos depois da travessia de uma hora e meia de barco e saveiro ou 30 minutos de lancha rápida a partir do Rio Una. As surpresas começam já durante a viagem para Morro. As águas mornas da região atraíram ilustres visitantes: os golfinhos, que não se intimidam com o barulho dos motores dos barcos e exibem o seu balé. Enquanto os turistas são distraídos com as acrobacias dos primeiros anfitriões e brindados com o sol que brilha o ano todo, o que era um pequeno ponto avistado ao longe começa a descortinar-se. É a Ilha de Tinharé, que engloba os povoados de Morro de São Paulo, Gamboa, Garapuá e Galeão. O povoado de Galeão e a igrejinha de São Francisco Xavier, construída no início do século 17, são os primeiros destaques da Ilha de Tinharé. Gamboa é o povoado seguinte e, finalmente, chega-se a Morro de São Paulo. A primeira imagem é digna de um cartão-postal: além do farol, também estão na beirinha da ilha as ruínas do velho forte e o Portaló, um antigo portal do século 17, de pedra, que dá as boas-vindas aos visitantes e foi transformado em um dos marcos do lugar. Sem carros - Desembarcando no terminal marítimo, você verá que Morro de São Paulo tem boas subidas, o que é comum em muitos lugares da Bahia. Nem por isso vá pensando que uma van o conduzirá até sua pousada. No vilarejo de 1.800 habitantes e ruas cheias de areia da praia, não circulam carros. Malas, compras e tudo o que é trazido do continente é transportado em carrinhos de construção ou tratores. Ou seja: andar é obrigatório. Se o sol estiver escaldante quando você completar a subida da rampa de acesso ao povoado, renda-se à água de coco vendida nos barzinhos das redondezas - custa entre R$ 1,00 e R$ 1,50. Aproveite para conhecer a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Luz, construída em 1845. Pintada de azul e branco, seu altar é uma cópia do existente na Igreja de São Francisco, em Salvador. Muitas histórias e até um milagre rondam a igreja. Segundo conta o povo da cidade, um almirante holandês destacou um navio para saquear Morro. Do mar, os piratas tiveram a visão de que uma grande esquadra estava pronta para a defesa e resolveram recuar. Como essa defesa não existia, atribuíram o ocorrido a um milagre de Nossa Senhora da Luz. Pôr-do-sol - Com o fôlego refeito, comece a explorar a ilha. A primeira visita pode ser à Fortaleza São Paulo. Erguida no século 17, o forte foi palco de várias batalhas. Da antiga construção, cercada por guaritas e canhões, sobraram ruínas e 678 metros de muralhas, hoje tombadas pelo Patrimônio Histórico Nacional e cenário de apresentações artísticas. Assistir ao entardecer no local, quando o sol adquire tons de laranja e vermelho, é um programão. Por uma trilha pelo meio do mato, chega-se ao famoso farol do povoado, datado do século 19, que ainda orienta navios na Baía de Todos os Santos. De Guaibim, distrito de Valença, sua luz pode ser avistada todas as noites. Do mirante, mais um cartão-postal: a seqüência de praias e piscinas naturais em tons de azul e verde, separadas umas das outras por coqueiros e arrecifes de corais. A vista é linda e a vontade que se tem é de sair correndo para mergulhar naquelas águas. Esse, certamente, é o próximo programa imperdível de Morro. VEJA TAMBÉM: » Sombra e água fresca » Arquitetura de Valença preserva o esplendor do período colonial » Para agitar ou descansar, escolha sua praia » Percurso revela cachoeiras e tradição cultural » Um paraíso escondido chamado Maraú » Localize-se na Bahia
O Estado de S. Paulo
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