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3% dos jovens se identificam como transgênero, diz pesquisa nos EUA

Segundo o CDC, esses adolescentes apresentam taxas bem mais altas de sofrimento emocional

11 out 2024 - 14h02
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Segundo a pesquisa, 5% dos jovens nas escolas enfrentam bullying e isolamento
Segundo a pesquisa, 5% dos jovens nas escolas enfrentam bullying e isolamento
Foto: iStock / Jairo Bouer

Cerca de 3,3% dos estudantes de 14 a 18 anos, nos EUA, se identificam como transgênero, e outros 2,2% questionam sua identidade de gênero, de acordo com a primeira pesquisa nacionalmente representativa sobre esses grupos. Os dados foram publicados esta semana pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). 

A pesquisa também traz outra informação alarmante: adolescentes transgênero ou que questionam sua identidade de gênero relatam taxas muito mais altas de bullying na escola, tristeza persistente e pensamentos e comportamentos suicidas, segundo a pesquisa, realizada em 2023.

Cerca de um em cada quatro estudantes transgêneros disse ter tentado suicídio no ano passado, em comparação com 11% das meninas cisgênero e 5% dos meninos cisgênero.

Estigma afeta a saúde mental

"Temos 5% dos jovens no país que, por causa da forma como se identificam em relação ao gênero, são estigmatizados, sofrem bullying, sentem-se inseguros, desconectados na escola e, consequentemente, têm pior saúde mental e maior risco de suicídio do que seus colegas cisgênero", comentou Kathleen Ethier, diretora da divisão de saúde adolescente e escolar do CDC. "Isso é simplesmente de partir o coração."

Os dados vêm do Sistema de Vigilância de Comportamentos de Risco Juvenil do CDC, uma pesquisa realizada a cada dois anos com mais de 20 mil estudantes do High School em escolas públicas e privadas de todo o país. A pesquisa de 2023 foi a primeira a perguntar aos adolescentes em todas as escolas se eles se identificavam como transgênero.

Esse pequeno grupo de jovens tem despertado uma atenção política desproporcional no país, o que torna a situação ainda mais difícil para eles. Os dados da pesquisa foram coletados durante um ano com número recorde de mudanças de legislação relacionada a questões transgênero. Cerca de duas dezenas de estados norte-americanos recentemente aprovaram leis que limitam o uso de banheiros, a participação em esportes ou o acesso a tratamentos médicos para crianças transgênero menores de 18 anos.

Tristeza persistente ou desesperança

Na pesquisa do CDC, estudantes transgêneros e em questionamento de gênero relataram sentir-se pior do que até mesmo as meninas cisgênero, que têm atraído atenção nacional para a crise de saúde mental entre os jovens.

Cerca de 70% dos estudantes transgêneros e em questionamento relataram sentir tristeza persistente ou desesperança por um período superior a duas semanas no ano anterior, em comparação com metade das meninas cisgênero e 26% dos meninos cisgênero.

Dez por cento dos estudantes transgêneros relataram ter recebido tratamento médico de um médico ou enfermeiro por tentativa de suicídio no ano anterior, em comparação com 2,6% das meninas cisgênero e 1% dos meninos cisgênero.

Os estudantes transgêneros também eram muito mais propensos a sofrer bullying e isolamento na escola. Apenas 37% desses estudantes relataram sentir-se próximos de outras pessoas na escola, em comparação com 62% dos meninos e cerca de metade das meninas. Além disso, eles tinham cinco vezes mais chances de relatar instabilidade habitacional no último mês.

Diferença para estimativas anteriores

Estimativas anteriores do número de adolescentes transgêneros nos Estados Unidos eram consideravelmente mais baixas do que os 3,3%. Ainda não está claro até que ponto essas diferenças se devem a lacunas anteriores nas pesquisas ou a aumentos contínuos na população de jovens que se identificam como transgênero.

Um relatório de 2022 do Williams Institute, um centro de pesquisa em políticas públicas LGBTQIA+ da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, estimou que 1,4% dos adolescentes se identificavam como transgênero. Mas essa estimativa foi baseada em dados do CDC coletados em apenas 15 estados em 2017 e 2019; os pesquisadores, então, usaram modelagem estatística para extrapolar um número nacional.

"Dados como este são extremamente raros", disse Jody Herman, pesquisadora sênior de políticas públicas no Williams Institute e autora do relatório de 2022.  Ela diz que os novos dados parecem estar alinhados com tendências que o instituto já havia observado: mais jovens se identificam como transgênero do que adultos, e esse número cresceu ao longo do tempo.

Mas ela alertou contra comparações diretas com as estimativas anteriores do grupo. "Se a tendência de idade se mantiver, imaginamos que, com o tempo, esse grupo etário mais jovem possa ter mais jovens se identificando como trans", disse ela. Mas essa ideia não pode ser confirmada até a próxima leva de dados da pesquisa do CDC.

Leis agravaram sofrimento

Um estudo revisado por pares, publicado em setembro pelo Projeto Trevor, uma organização sem fins lucrativos de prevenção ao suicídio LGBTQIA+, descobriu que adolescentes transgêneros e não binários em estados que aprovaram leis recentes contrárias aos direitos dessa população relataram mais tentativas de suicídio do que aqueles em estados que não aprovaram, de acordo com pesquisas online feitas pelo grupo.

"O que estamos descobrindo é que, quando você não cria ambientes escolares seguros e de apoio para os jovens mais vulneráveis, isso tem um impacto na saúde mental deles e em seus pensamentos e comportamentos suicidas", disse Ethier, do CDC.

Se você está sofrendo...

Existem alguns serviços muito bacanas com os quais você pode contar caso precise de ajuda, ou queria ajudar alguém que está sofrendo. Um deles é o CVV (Centro de Valorização à Vida), que você pode acessar ligando no 188 ou pelo site (cvv.org.br). Inclusive há um chat que pode ser usado para se conectar com alguém.

Outro site que oferece esse tipo de serviço é o Mapa da Saúde Mental (mapasaudemental.com.br), com várias opções de auxílio. 
O Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) também lançou um canal de escuta acolhedora para adolescentes e jovens via chatbot, que pode ser acessado pelo site Pode Falar.
Você ainda pode buscar auxílio profissional dos CAPS, nas Unidades Básicas de Saúde (Saúde da Família, Postos e Centros de Saúde), ou no setor de psiquiatria dos hospitais.
Se você suspeitar de uma emergência, não hesite: ligue para o SAMU (192), ou procure um serviço de emergência (em pronto-socorros, hospitais ou numa UPA 24H).
Jairo Bouer
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