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A criação na infância cria as raízes da saúde mental

Como a criação pode causar impactos profundos no bem-estar emocional na vida adulta A infância é uma fase de descobertas, aprendizado e crescimento. É nesta fase que estabelecemos a base da nossa visão de mundo, das pessoas ao nosso redor e de nós mesmos. É quando nossa personalidade começa a se formar, e por isso, […]

9 out 2024 - 16h09
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Como a criação pode causar impactos profundos no bem-estar emocional na vida adulta

A infância é uma fase de descobertas, aprendizado e crescimento. É nesta fase que estabelecemos a base da nossa visão de mundo, das pessoas ao nosso redor e de nós mesmos. É quando nossa personalidade começa a se formar, e por isso, as relações e experiências acumuladas, desempenham um papel fundamental nesse processo. 

Foto: Pixabay
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Foto: Revista Malu

As bases emocionais e afetivas estabelecidas na infância, podem ter impactos profundos em nossa saúde mental ao longo da vida adulta. A Mente Afiada conversou com a neuropsicóloga da USP Elaine Di Sarno, especialista em atendimento infantil e familiar. Para entender a importância dos primeiros anos de vida na formação do bem-estar emocional e mental. 

A infância é a origem de traumas

É comum ouvir que a forma como os pais nos criaram pode causar transtornos emocionais na vida adulta. Segundo a especialista, isso acontece porque os acontecimentos durante esse período influenciam diretamente as atitudes e escolhas dos adultos. "Quando falamos de infância, estamos falando, principalmente, dos 3 primeiros anos de vida. Durante esse período, a atividade cerebral é intensa e o desenvolvimento emocional também. Portanto, tudo o que acontece durante essa fase reflete no futuro e permanece ao longo dos anos." 

"Se uma criança foi muito criticada durante a infância, se foi comparada negativamente a outras crianças, se sofreu maus tratos ou outros problemas, é bem provável que ela se torne um adulto inseguro. Com baixa autoestima e com o pensamento negativo constante, atrapalhando o seu crescimento emocional e o sucesso na vida afetiva e profissional", destaca a psicóloga.

Lidando com sentimentos na infância

Outro ponto importante sobre essa temática, é de que forma invalidar os sentimentos da criança pode afetar a sua capacidade de se expressar e lidar com as emoções na vida adulta. De acordo com Elaine, a invalidação emocional ocorre quando os sentimentos e emoções de uma pessoa são tratados como errados ou inadequados para a ocasião. "Isso é muito comum em crianças, quando elas sentem medo ou tristeza por razões que, para adultos, não são grande coisa. Nesses casos, os pais costumam fazer comentários que fazem a criança sentir que suas emoções estão erradas, como 'que besteira, não tem porque chorar'", exemplifica.

A especialista afirma que esse tipo de resposta ao sentimento da criança faz com que ela não aprenda a lidar com suas próprias emoções. Já que ela se vê, de certa forma, obrigada a reprimi-las. "Desta maneira, o desenvolvimento da inteligência emocional da criança é corrompido. E a consequência? Uma regulação emocional fraca e ineficiente, fonte de muito sofrimento", conta.

Ansiedade, depressão e insegurança

Além de enfraquecer as estruturas afetivas, a falta de apoio emocional na infância pode ter um impacto significativo no desenvolvimento de transtornos de ansiedade e depressão na vida adulta. É durante a adolescência, por exemplo, que desenvolvemos a manutenção de hábitos sociais e emocionais importantes para o bem-estar mental. Que incluem, segundo a psicóloga: "a adoção de padrões de sono saudáveis; exercícios regulares; desenvolvimento de enfrentamento; resolução de problemas e habilidades interpessoais; e aprender a administrar emoções", listou. "Ambientes de apoio na família, na escola e na comunidade em geral também são importantes", pontua Elaine.

O excesso de controle sobre o filho também é um problema. Muitos pais acabam se perdendo ao tentar equilibrar proteção e liberdade. Além disso, ultrapassar alguns limites do cuidado, também pode atrapalhar o desenvolvimento saudável e originar problemas de comportamentos mais sérios.

"Além de uma maior ocorrência de ansiedade e depressão, crianças superprotegidas também têm menor autoestima e confiança em sua capacidade de resolver problemas cotidianos", explica a psicóloga.

Relações abusivas e ausência de parâmetros desde a infância

Existem problemas ainda maiores que afetam o desenvolvimento saudável da criança. E podem ter efeitos duradouros na vida adulta, como estar inserido em contextos de relacionamentos abusivos ou disfuncionais. De acordo com a especialista em atendimento infantil, dificuldades enfrentadas na infância, como abuso sexual, psicológico ou físico, bullying, experiências de rejeição, abandono, humilhação e situações de vulnerabilidade podem persistir ao longo da vida e causar ainda mais problemas na fase adulta.

"Algumas das consequências dessas experiências incluem propensão a dívidas, insegurança, agressividade, intolerância à frustração e tendência a se envolver com parceiros abusivos. Adultos inseguros, em relacionamentos abusivos ou que evitam relações amorosas podem estar repetindo memórias afetivas construídas na infância", analisa Elaine.

Além disso, a ausência de exemplos positivos durante a infância, especialmente por parte dos pais e responsáveis, pode influenciar a formação de crenças distorcidas e disfuncionais na vida adulta. Crenças essas que, pela ausência de parâmetro, se tornam profundamente enraizadas e constroem o entendimento que as pessoas têm acerca de si mesmas, sobre o mundo e sobre os outros, como esclarece a especialista.  "Essas crenças podem ser disfuncionais, ou seja, causar sofrimento físico e/ou mental ao paciente, fazendo com que ele enxergue a realidade com um olhar distorcido, pessimista e autossabotador."

A solução é terapia! 

Os traumas são reais e podem ser tratados - ou ao menos ter seus efeitos minimizados - através da terapia. O olhar de um profissional diante da história do paciente pode auxiliar adultos a, em primeiro lugar, reconhecer as dores causadas pela criação e o contexto de onde surgiram.  "Essas crenças podem ser identificadas e trabalhadas em terapia, como na Terapia Cognitivo-Comportamental", aconselha Elaine, que também aponta que é possível curar essas feridas para desenvolver relacionamentos saudáveis no futuro. "A terapia ajuda a pessoa a desenvolver habilidades de comunicação eficazes, definir limites saudáveis e reconhecer os sinais de um relacionamento tóxico ou abusivo. Além disso, a psicoterapia pode ajudar a pessoa a lidar com gatilhos mentais que lembram o trauma e aprender com a dor."

Elaine finaliza com um alerta. "É importante ressaltar que cada pessoa é única. E pode precisar de abordagens diferentes para superar seus traumas, por isso é importante buscar ajuda profissional para encontrar o melhor caminho para cada caso."

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