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Até 2050, metade da população terá algum tipo de alergia, aponta OMS

Alergias respiratórias e alimentares são as mais comuns e tratamento adequado evita complicações

3 ago 2024 - 10h04
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Durante os meses de inverno, há um aumento dos sintomas típicos das alergias respiratórias, como congestão e espirros
Durante os meses de inverno, há um aumento dos sintomas típicos das alergias respiratórias, como congestão e espirros
Foto: iStock / Jairo Bouer

Segundo pesquisas da OMS (Organização Mundial de Saúde), cerca de 35% da população mundial sofre de doenças alérgicas respiratórias e a projeção é de que, até 2050, metade da população do planeta terá alguma forma de doença alérgica. As mudanças climáticas e oscilações de temperatura têm favorecido o aumento de casos de crise alérgica. Há também outros tipos de alergia e as causas incluem fatores hereditários e ambientais.

Dados recentes do levantamento da epharma, uma das principais plataformas de gestão de programa de benefícios de medicamentos (PBM) do país, mostram um crescimento de 114,1% no volume de vendas de medicamentos entre os beneficiários para tratamento de alergias de janeiro a maio de 2024, em comparação com o mesmo período de 2023. O Nordeste foi a região que apresentou maior número de usuários que adquiriram medicamentos para tratamento de alergia por meio da rede credenciada, com crescimento de quase sete vezes nos primeiros cinco meses de 2024, em relação ao mesmo período do ano passado.

Inverno piora sintomas

Durante os meses de inverno, há um aumento dos sintomas típicos das alergias respiratórias, como congestão e obstrução nasal, espirros e lacrimejamento, muito comuns na rinite alérgica ou na asma. Além do frio, a umidade favorece o crescimento de fungos e, por outro lado, o pólen das árvores aumenta durante os meses de inverno, principalmente das cupressáceas (ciprestes).

Se não tratadas, algumas alergias podem provocar inchaços nas regiões do rosto, lábios e garganta e, consequentemente, obstruir as vias aéreas e dificultar a respiração. Ampliar o acesso aos medicamentos é um modo de contribuir para aumentar a qualidade de vida da população, evitar crises alérgicas e reduzir complicações, impactando positivamente na economia da saúde. Os princípios ativos mais vendidos entre janeiro e maio de 2024 foram betametasona + dexclorfeniramina, dexametasona, fexofenadina, mometasona e budesonida.

Se você tem alergia, algumas recomendações:

-Reduza ao máximo os níveis de umidade em sua casa usando umidificadores.

-Ventile os quartos diariamente.

-Tome banho e troque de roupa quando chegar em casa.

-Troque os filtros do ar-condicionado.

-Evite passeios em parques e áreas com alta prevalência de pólens.

-Evite atividades que possam remover partículas de pólen, como cortar a grama, varrer o terraço, etc. Em caso de alergia ao pólen das gramíneas, não é aconselhável deitar-se na relva.

Alergia alimentar: uma preocupação adicional

Segundo a Asbai (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia) reações adversas a alimentos é o termo aplicado para todas as reações que ocorrem após a exposição a um alimento, sejam alérgicas ou não. Estas reações podem ser divididas em tóxicas e não tóxicas. As reações tóxicas podem ocorrer em qualquer pessoa, desde que adose da toxina seja suficientemente alta. Por exemplo, consumo de ovo contaminado com Salmonella pode ser confundido com alergia ao ovo. As reações alimentares não tóxicas se caracterizam por não envolver o sistema imunológico e podem ser:

- Enzimáticas: o exemplo clássico é a intolerância à lactose;

- Farmacológicas: como ocorre com a cafeína, histamina e tiramina;

- Não definidas: ocorrem nas reações aos aditivos alimentares.

A alergia ou hiper-sensibilidade alimentar engloba as reações adversas que envolvem o sistema imunológico. São reprodutíveis e induzidas por proteínas alimentares, que ocorrem em indivíduos geneticamente predispostos. Habitualmente, as manifestações clínicas ocorrem após ingestão do alimento, mas são passíveis de serem observadas após contato direto na pele, pela veiculação do alérgeno por cuidadores que o consumiram e ficaram com resquícios de suas proteínas nas mãos, boca ou utensílios comuns ou, até mesmo, por via inalatória.

Em tese, informa a Asbai, qualquer alimento potencialmente pode levar a sintomas de alergia. Porém, apenas um pequeno grupo responde pela maior parte das reações. São eles: leite, ovo, soja, trigo, amendoim, castanhas, peixes e frutos do mar. Outros alimentos, no entanto, cada vez mais aparecem como vilões das alergias, caso das sementes (gergelim, linhaça, chia, mostarda) e algumas frutas, com destaque para banana, mamão e kiwi. Ressalta-se que alguns alimentos relatados como alergênicos são muito menos responsáveis por alergias, ao contrário do que se imagina. Entre eles, podemos citar o chocolate, a carne de porco e os corantes.

Manifestação em qualquer idade

Lia Buschinelli, nutricionista formada pela Universidade de São Paulo (USP), comenta que este tipo de alergia geralmente começa na infância, mas pode se manifestar em qualquer idade. Os sintomas incluem sinais na pele (urticária, inchaço, coceira, eczema), no aparelho gastrintestinal (diarreia, dor abdominal, vômitos) e no sistema respiratório (tosse, rouquidão e chiado no peito). Normalmente a alergia à proteína do leite de vaca desaparece à medida que a criança cresce, porém alergias a nozes, amendoim, peixe e frutos do mar podem permanecer por toda vida.

Uma das formas de entender se há ou não algum tipo de alergia, é fazer um diário alimentar anotando os alimentos consumidos e sintomas manifestados, quanto tempo depois da ingestão aquele sintoma surgiu, e quanto tempo durou. "Há também testes realizados em consultório que são capazes de identificar rapidamente se há ou não alguma alergia presente no paciente. A exclusão do alimento alergênico da dieta é a principal recomendação, com reintrodução gradual sob supervisão médica", finaliza a nutricionista.

Fontes Asbai / epharma

Jairo Bouer
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