Com produtos de até R$ 50, linha de skincare foge do conceito “pele perfeita”
Marca da influenciadora Rosângela Silva quer levar produtos de qualidade (e com preços acessíveis) a mulheres negras de todo Brasil
Quando a Fenty Beauty – marca de Rihanna com foco em beleza negra -- ainda nem fazia sucesso nas redes sociais, a empresária Rosângela José da Silva já identificava uma lacuna no mundo dos cosméticos: não havia base, nem outro tipo de maquiagem, voltado às demandas do público negro, que corresponde a mais de 50% da população brasileira.
"Queria que minhas sobrinhas, minha mãe, minhas amigas pudessem ter suas necessidades atendidas”, conta Rosângela que, decidiu sair das redes sociais (onde há anos produzia conteúdo para mulheres negras, principalmente sobre cabelo afro) para o mundo real e investir no próprio negócio.
Foi dessa maneira que, em 2016, surgia a Negra Rosa, a primeira marca de beleza 100% digital "criada por mulheres negras para mulheres negras". Rosângela orgulha-se de ter criado os tons mais escuros de base para peles negras no Brasil, sempre apostando na diversidade de peles do país.
"Até quando fazia produtos para pretos, a indústria da beleza acreditava que existia só um tipo de pele, um tipo de beleza, um ideal padrão", diz Rosângela durante bate-papo realizado nesta quarta-feira (28) para lançar a mais nova linha de sua marca, dessa vez de skincare.
A linha conta com oito produtos: água micelar facial, um sabonete esfoliante facial, um gel creme hidratante facial, um sérum renovador antioleosidade, um sérum uniformizador antimarcas, além de óleos para tratamentos capilares faciais e corporais.
Segundo a criadora, a ideia da linha é valorizar ingredientes "tradicionais". “Muitos acham que é preciso sempre estar lançando produtos com algum componente novo, algo que seja diferente; na minha opinião, temos tantas coisas boas (como a babosa, por exemplo), que aprendemos desde novas com nossas mães a usar. É uma maneira de respeitar nossa ancestralidade", defende.
Acesso
Outro propósito da Negra Rosa é levar produtos acessíveis à população. Os da linha de skincare variam de R$ 20 a R$ 50 e podem ser adquiridos pela internet ou em farmácias espalhadas pelo Brasil.
“Quero que todas consigam ter condições de acessar coisas de qualidade. Representatividade é mais do que incluir modelos negras em shootings e propagandas, é fazer com que outras vejam que também é possível ocupar os lugares onde cheguei”.
Mas Rosângela evita levantar a bandeira da “pele perfeita”. O que a empresária conta ao Terra é que acredita que o skincare é movimento em defesa da saúde. “Não prego a perfeição, tampouco acho que os produtos da Negra Rosa podem transformar a aparência de alguém. Sou a favor do realce da beleza, como se a pele fosse apenas um reflexo da beleza interior".
Este é o começo de uma revolução. "Quando uma mulher negra fica segura de seu aspecto físico, ela se sente bem consigo mesma e ganha mais disposição pra encarar a luta contra o racismo", finaliza.