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Amir Slama desfila no Brás e diferencia de SPFW: "aqui é para vender"

Estilista fala sobre a experiência de fazer moda para um público popular e elogia o imediatismo do Mega Polo Moda

28 fev 2013 - 14h48
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Ele já comandou muitos desfiles nas semanas de moda nacionais à frente da Rosa Chá e acaba de voltar de Milão após desfilar sua coleção para a grife italiana Yamamay. Mas o estilista brasileiro Amir Slama, especialista em moda praia, mostra que seu trabalho não se faz apenas para um público elitizado. Prova disso é que ele lançou uma linha de 30 bodies pela marca Estratosfera durante o Mega Polo Moda. O evento traz desfiles com tendências para o outono-inverno 2013, no shopping localizado no Brás, região central na capital paulista.

A ideia, segundo o estilista, é tornar os modelos mais acessíveis e, claro, alcançar o maior número de consumidores. No atacado, as peças saem a partir de R$ 90. “Aqui é um desfile pensado em compradores de loja. É um desfile de shopping. Por outro lado, o São Paulo Fashion Week é uma semana muito mais focada na imprensa, nos jornalistas, no formador de opinião. Aqui é para vender”, disse.

Em entrevista para o Terra, ele falou sobre a experiência de fazer moda para um público popular, contou as inspirações para criar a coleção e elogiou o imediatismo do Mega Polo Moda, onde as roupas desfiladas já estão nas vitrines : “não acredito mais no formato de um desfile que você vai apresentar hoje para chegar às lojas só daqui a seis meses”. Confira a seguir.

Terra: A parceria entre grandes estilistas e multimarcas está cada vez mais forte e agora você trouxe esse conceito para o atacado. Como surgiu essa ideia?

Amir Slama: Vivo um momento em que estou assinando coleção com duas lojas: uma em São Paulo e outra no Rio. Eu tenho uma coleção mais limitada, mais exclusiva, mas quando faço essas parceiras consigo ter acesso a um número maior de pessoas. 

Os bodies têm muito a ver com meu trabalho, com a proximidade do corpo, além de que o jeito de vestir é muito parecido com um maiô, então serve como um complemento, um espaço para produzir coisas novas. Quando eu conheci a Renata [proprietária da Estratosfera] e vi o trabalho dela, achei muito bacana poder fazer isso em conjunto, tanto que eu coloquei as peças nas minhas lojas também. Eu tenho uma linha de maiô para o inverno que combina muito com essa linha, de cores e texturas.

<p>A coleção de bodies é inspirada nos anos 30</p>
A coleção de bodies é inspirada nos anos 30
Foto: Bruno Santos / Terra

Terra: Qual foi sua inspiração para criar essa coleção?

A.S.: É uma coleção inspirada nos anos 30, com muita referência da geometria do déco. Procurei usar bastante couro, que é um material que eu já venho trabalhando há um ano e meio na minha coleção regular. A ideia é mostrar a proximidade com o corpo, então as estruturas, os bojos, as formas procuram ajudar a mulher na visibilidade, mas sem alterar muito as curvas. Além disso, como são peças que as mulheres usam o dia todo, a gente trabalhou muito a questão da modelagem e conforto dos tecidos.

As cores são um pouco mais invernais, com marinho, verde-escuro e roxo – que é uma cor que eu aposto bastante –, mas tem algumas peças em cores mais fortes, como amarelo e branco, que dão uma iluminada.

Terra: Você já passou por semanas de modas nacionais, acabou de voltar de Milão, e é conhecido por trabalhar focado em um público elitizado. Como é fazer uma coleção para o consumidor popular?

A.S.: Com a Rosa Chá eu cheguei a ter 25 lojas, então não era uma linha tão limitada. Eu tinha uma produção grande, trabalhava com 150 multimarcas pelo Brasil e produzia em média mil peças por modelo. Então não é muito diferente do que é o atacado hoje. Agora, a minha sensação é de que as pessoas procuram ter um produto conceitual, de qualidade, por um custo menor, e o atacado acaba conseguindo oferecer isso pelo volume que ele produz. Acho que isso complementa a possibilidade do estilista se comunicar com o maior número de pessoas. Quando eu cresci profissionalmente, acabei me distanciando um pouco do grande público.

Terra: É possível manter a qualidade das peças mesmo com os preços acessíveis?

A.S.: Qualidade não é mais um diferencial. Até uns anos atrás, você podia vender um produto mais caro por ter qualidade, mas hoje tudo tem que ter qualidade. Você entra na C&A, na Renner, na Riachuelo, ou numa loja na Oscar Freire, e a qualidade tem que ser igual. O que diferencia é o design do produto, os tecidos que você vai usar... A qualidade hoje está em todos os produtos porque as pessoas tem muita informação.

Terra: Há muita diferença entre o que é apresentado nas passarelas do São Paulo Fashion Week e o Fashion Rio com o Mega Polo Moda?

A.S.: Aqui é um desfile pensado em compradores de loja. É um desfile de shopping. Por outro lado, São Paulo Fashion Week é uma semana muito mais focada na imprensa, nos jornalistas, no formador de opinião. Aqui é para vender. A pessoa vê o desfile e já tem ali para comprar. É diferente.

Terra: Em relação às tendências, você acha que tem algum atraso em desfiles para o público popular ou segue a mesma linha das grandes semanas de moda?

A.S.: Eu acho que o que você lança no São Paulo Fashion Week ou aparece no editorial das revistas demora um pouco para o próprio consumidor digerir. Exemplo disso são as hot pants, que eu apresentei há quatro ou cinco anos na passarela e só hoje as pessoas começaram a usar. Tem um time um pouquinho diferente que é cada vez mais curto. 

Eu não acredito mais no formato de um desfile que você vai apresentar hoje para chegar às lojas só daqui a seis meses. As pessoas querem o imediatismo, ainda mais com uma comunicação rápida, como a gente tem hoje, com internet e revistas semanais. O consumidor vê e quer logo. Não quer esperar por meses para ter aquilo. Acho que mudou muito esse formato.

Fonte: Terra
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