Amir Slama volta às passarelas com desfile em São Paulo
Estilista fará a 1ª apresentação da marca que leva seu nome no Fashion Day In, que terá desfiles de Marc by Marc Jacobs, Lolitta e Noir, Le Lis
O estilista Amir Slama realiza no próximo sábado (31), às 17h, o primeiro desfile da marca que leva seu nome, criada em 2010. Será durante a quinta edição do Fashion Day In, no Mube (Museu Brasileiro da Escultura), em São Paulo.
O evento terá ainda desfiles das grifes Noir, Le Lis (15h), Lolitta (16h) e Marc by Marc Jacobs (18h). “Aceitei o convite porque tem a ver com minha proposta de mostrar as coleções quando chegam às araras”, disse Amir, em entrevista exclusiva ao Terra. O estilista já havia declarado que o formato de desfiles com muita antecedência não atendia mais às suas clientes.
O evento acontece quase ao mesmo tempo em que as peças chegam às lojas. Esta edição contará ainda com showroom das grifes participantes para que os convidados possam comprar imediatamente os produtos que foram desfilados.
Afastado das passarelas com sua grife própria desde 2009, quando deixou a Rosa Chá, que criou no começo dos anos 90, Amir participou de desfiles com outras marcas com as quais ainda colabora, como a loja de departamentos italiana Yamamay.
Confira trechos da entrevista, em que fala também do incentivo da Lei Rounet a estilistas como Pedro Lourenço, que pôde captar R$ 2,8 milhões para seu desfile por intermédio de isenções fiscais. “Um desfile fora do Brasil, no mesmo nível dos estrangeiros, requer no mínimo 300 mil dólares (cerca de R$ 720 mil).” .
Terra: Você já tinha dito que os desfiles já não atendiam suas clientes e não pensava em voltar às passarelas. Por que resolveu desfilar agora com sua própria marca?
Amir Slama:
Recebi o convite há 30 dias e esse tipo de apresentação agora faz parte da minha ideia de mostrar as roupas perto de quando a consumidora final já pode comprar.
Terra: Se você for convidado a participar novamente das semanas de moda brasileira, não vai aceitar?
A.S.:
No formato tradicional, com quatro ou cinco meses de antecedência, para mim, é coisa do passado. Mas se receber um convite, posso dizer que vou refletir muito antes de dar uma resposta.
Terra: Fale da coleção que será apresentada sábado.
A.S.:
A inspiração vem dos anos 90, uma releitura das ideias que Versace criou naquela década, com um pouco do movimento punk, peças coladas ao corpo, listras, formas geométricas, na modelagem e nas formas. Branco, preto, rosa, laranja e um pouco de verde compõem a cartela de cores. A feminilidade que Versace mostrava, com um perfume brasileiro e certo lifestyle do Rio de Janeiro.
Terra: Como será o casting do desfile. Alguma top vai desfilar, como as que participam de sua campanha publicitária?
A.S.: Não. Estou selecionando um casting de meninas novas. Já que é um momento novo, as meninas também são novas, assim como a trilha sonora, de músicas que estou escutando atualmente.
Terra: O que acha do incentivo da Lei Rouanet dados a estilistas, como Pedro Lourenço, mostrar sua coleção em Paris (Alexandre Hechcovitch pode captar R$ 2,6 milhões e Ronaldo Fraga, R$ 2 milhões)?
A.S.: Quando me perguntam se moda é cultura, eu digo que sim e a partir do momento que é brasileiro, independentemente da forma como produz a roupa, não deixa de ser um nome do Brasil lá fora. Então, acho bacana a iniciativa, mas tem de ser por um tempo limitado, para ajudar a uma marca. Não pode ser permanente.
Há seis meses, me perguntaram se R$ 2,8 milhões era muito dinheiro para fazer um projeto. Eu falei que era, mas quando a gente pleiteia patrocínio, deve colocar determinados valores para ver se vem aquilo ou não. Em geral, vem menos. No caso de Pedro Lourenço, porém, foi aceito na totalidade.
Terra – Quanto é necessário fazer um desfile lá fora no mesmo nível das grifes internacionais?
A.S.:
Para fazer um desfile lá fora, competindo com grifes famosas, o mínimo necessário são 300 mil dólares (cerca de R$ 720 mil).
Terra: Você tem planos de levar sua marca para fora do Brasil, uma vez que é um dos estilistas brasileiros mais conhecidos no exterior?
A.S.: Fiz e ainda faço um trabalho fora do Brasil muito bacana com a rede de lojas italianas Yamamay, que tem mais de 600 unidades. Isso leva a imagem do Brasil de forma positiva. Agora, estou me estruturando para abrir uma loja em Paris. Isso deve acontecer em 2014, mas não posso dar mais detalhes no momento.