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Casa de Criadores começa colocando saias, vestidos e túnicas nos homens

Maioria dos desfiles masculinos apostou em peças típicas do guarda-roupa feminino; projeto Lab trouxe algumas boas estreias

15 out 2013 - 09h14
(atualizado às 09h14)
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A 34ª edição da Casa de Criadores, que apresenta as coleções de inverno 2014 no Memorial da América Latina, começou nesta segunda (14) com nove desfiles, quatro do Projeto Lab e cinco do line-up principal. Apesar de algumas grifes femininas, a noite se destacou por apostar em roupas masculinas com perfume andrógino, por meio de saias, legging, amarrações e transparências. Sim, para os meninos. Nesse universo, entram ainda cores típicas da cartela feminina, como o pink. E muito preto.

Os estilistas Weider Silveiro e Jadson Raniere, que sempre se apresentaram separadamente, se uniram e lançaram no evento a marca masculina 2/Dois. O corte de alfaiataria bem feito apareceu em algumas peças do avesso, mostrando as costuras. Calças e blazers também surgiram. Bombers esportivos e compridos se uniam a bermudas largas. A silhueta não era justa e entravam túnicas compridas, casacos leves longos, macacões. 

Tecidos próprios do guarda-roupa feminino, como chiffon e renda guipure se misturavam a lãs e malha prene. Os homens entravam com capacete cobrindo todo o rosto e as duas modelos, no começo e no final, apareceram mostrando a cara, mas em um visual andrógino. Nas cores bege, branco, vermelho e preto. E estampas geométricas basicamente em preto, branco e vermelho.

<p>Felipe Fanaia foi outro que mostrou um homem nada convencional na passarela</p>
Felipe Fanaia foi outro que mostrou um homem nada convencional na passarela
Foto: Namidia / Flickr

Horror

Felipe Fanaia foi outro que mostrou um homem nada convencional na passarela. Tanto na silhueta quanto nos materiais usados. Plástico e vinil pink se transofrmavam em casacos, macacões e calças, ao lado do preto e do bege. A atmosfera era do hospital psiquiátrico Briarcliff, onde se passa a segunda temporada da série American Horror Story.  Batinas de padres (leia-se túnicas longas pretas), camisas de força com estampas de delicadas flores. Aliás, a parte inicial do desfile mostrava looks totalmente com sarja acetinada de fundo bege e estampa de flor: terno, camisa gravata. 

Além de saias e sobreposições, o estilista trouxe ainda macacão de um perna só (a outra era preta) e blusa de tule com látex derramado, onde se sobressaia a silhueta do coração, não o romântico, o de verdade. O bom styling de Rober Dognani, estilista que se apresenta hoje no evento, conduziu bem esse “horror” de inspiração, mas com ótimo efeito de passarela e com peças que os meninos modernos vão poder apostar.

Malha

A Trendt, de Renan Serrano, fez um desfile apenas masculino, com trabalho em malha devoré bem feito, bem cortado e com detalhes como relevos rebaixados, criando uma certa geometria nas peças. Também trouxe saias e vestidos, de várias alturas para os meninos, além de sobreposições e, nos desenhos em devoré, alguma transparência. Destaque para os blusões de malha felpudinha, que podem ser usados também por mulheres. 

Ginástica

Participante do Projeto Lab, Rafael Caetano se inspirou na ginástica artística, modalidade que praticou até os 11 anos, para criar suas roupas cheias de amarrações, para homens e mulheres. Para efeito de passarela, mangas e pernas deslocadas, amarradas e presas podem dar um ar interessante. Na vida real, as peças só se encaixam se os excessos forem retirados.

Sua inspiração também trouxe um visual andrógino para os homens, que apresentavam algumas peças em malha bem fina, quase transparente e enormes rabos de cavalo. Depois, os tecidos ficavam mais pesados, passando por lã, malha prene e sarja resinada que lembra couro. Peças estruturadíssimas feitas com o mesmo material de mouse pad, em tons de preto, vermelho e nude foram outras propostas do jovem estilista paulista de 21 anos.

Riqueza

O estreante no evento Tarcisio Brandão, de Brasília, mostrou no Projeto Lab, sua coleção chamada The Golden Age of Brasil, na qual quis retratar as riquezas brasileiras. Para isso, tingiu algumas peças com café, deixando num tom nude bem leve, e trabalhou com rendas tipo labirinto, que ora aparecia nesse tom, ora em dourado. A renda dourada apareceu também num colete masculino.

<p>Tarcisio Brand&atilde;o retratou as belezas brasileiras</p>
Tarcisio Brandão retratou as belezas brasileiras
Foto: Namidia / Flickr

Os homens de Tarcisio vinham com calças mais curtas e camisas leves, lembrando os garimpeiros. E também podiam aparecer com bermudas e blazer em tom marrom. Para as mulheres, bodies e vestidos, como o de macramê, lembrando rede.

Bordado e couro

No line-up principal, a moda feminina apareceu em duas versões bem distintas. Com os bordados sobre estampas ou formando desenhos de cobras e pavões da marca Virgílio Couture, que entrou na onda esportiva chique e levou parkas transparentes sobre peças longas e curtas bordadas. Flores traziam uma atmosfera art noveau, tendência que promete chegar ainda mais forte à moda.

Por outro lado, com o ar roqueiro que marca sua linha, Alê Brito se inspirou no filme Mulher Solteira Procura, para resgatar os anos 80. O couro sintético com jeans se misturavam em peças amplas, com ênfase nos ombros, em um patchwork de cores, como preto, vermelho, verde, branco e roxo. Vestidos feitos com pedaços de tecidos criavam formas mais estruturadas.

Retalhos

Na onda da reciclagem, outro estreante, o baiano Gefferson Vila Nova, abriu os desfiles do Projeto Lab com peças feitas de vários tecidos, como malha, brim antichamas, jacquard. Nesta mistura, nota-se um bom trabalho de construção de peças, numa espécie de moulage-patchwork, desenhando bem a silhueta feminina, em vestidos curtos e jaquetinhas usados com leggings com franja na barra. Uma boa estreia.

Outro estreante foi Kauê Bueno, que trabalhou com volumes, feitos como dobraduras ou com muitos tules e redes de plástico usadas em construção, que aumentavam a silhueta das mulheres na passarela. A roupa bem finalizada, mas com muitos excessos.    

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Fonte: Terra
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