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Confira o que elas usavam na praia antes da chegada do fio dental

18 ago 2011 - 16h35
(atualizado às 16h49)
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Thaís Sabino

Um item essencial para a mala de viagem à praia é o biquíni. Chinelos, vestidos, shorts e saias também estão na lista, mas sem a roupa de banho fica difícil aproveitar o mar azul da praia de Ipanema, No Rio de Janeiro, ou a agitação do litoral norte paulista. A peça que hoje cabe na palma da mão, já precisou de um espaço maior na mala. A ideia de nadar com uma calça até os tornozelos e uma túnica comprida cobrindo todo o corpo está distante da moda atual, entretanto no passado era o traje de banho do momento. "As mulheres usavam um calção bufante por baixo de um vestido, nadavam de roupa", explica a professora de história da moda da universidade Santa Marcelina, Miti Shitara, sobre o modelo usado no século 19.

Na década de 1920, considerada "os anos loucos" pela história, o comportamento feminino sofreu uma brusca transformação. De acordo com a estilista Dhora Costa, no período após a Primeira Guerra Mundial as mulheres começaram a cortar o cabelo mais curto, fumar em público e trocaram os vestidos imperiais por modelos mais curtos e leves. A mudança também afetou as peças de banho e os calções com túnicas foram substituídos por macaquinhos de malha. A professora Miti Shitara diz ainda que as mulheres usavam sapatilhas e meias compridas para ir à praia.

O conhecimento dos benefícios da luz solar e a aspiração por um corpo bronzeado na década de 1930 colaboraram para encurtar mais a roupa de banho. O traje feminino ficou mais colado, curto nas pernas e ganhou um saiote para cobrir os quadris, de acordo com Miti. No início dos anos 1940, o maiô perdeu a saia e expôs as curvas femininas. Logo, a roupa de praia se dividiu em duas peças, mas tudo ainda bem comportado. De acordo com Miti, a parte de baixo cobria o umbigo e o sutiã era grande o suficiente para tapar todo o seio.

"O mais próximo do que conhecemos hoje como biquíni surgiu em 1946, na França, criado por Louis Réarde", afirma Miti. Segundo a professora, o nome da peça foi inspirado no atol do oceano Pacífico onde ocorreu uma explosão atômica experimental no mesmo ano. "O modelo foi um estouro, um escândalo e não pegou", diz. A stripper Micheline Bernardini foi quem desfilou com o modelo. "Dizem que até ela precisou ser convencida a vestir o traje", brinca Miti. Até o início dos anos 1950, as mulheres usaram a roupa de banho com duas peças pouco cavadas. De acordo com o professor de modelagem de moda do Senac, Roberto Rubbo, foi somente com o uso do biquíni pelas atrizes de Hollywood que o modelo considerado escandaloso se popularizou. "Ursula Andress, Brigitte Bardot e as pin-ups fixaram o biquíni como tendência e fizeram as mulheres não terem vergonha de mostrar o corpo", explica ele.

Elas dão as costas ao pudor

"A pílula anticoncepcional fez a mulher se sentir dona do próprio corpo e elas começaram a separar o desejo sexual da procriação", contextualiza a professora de história da moda Miti Shitara sobre o cenário da moda praia na década de 1960. Com isso, os biquínis ficaram ainda menores. Tanto é que a onda de transformação da moda e cultura feminina deu origem à popular música "Biquíni de Bolinha Amarelinha", sobre uma garota tímida que veste um biquíni curto. A canção americana retrata o cenário de conquista de espaço social pelas mulheres no momento.

A chegada das calças de cintura baixa influenciou diretamente no tamanho das calcinhas do traje de banho. Nos anos 1970, segundo Miti, surge o modelo tanga, de amarrar dos lados e com a cintura bem baixa, apenas cobrindo a genitália. O avanço da tecnologia têxtil incentiva a produção de peças mais justas e com melhor caimento no corpo. "O strech revolucionou os modelos, eles ficaram mais seguros, com a secagem mais rápida e mais baratos", enumera Miti.

Brasil: enroladinho, asa-delta e fio dental

A França criou o biquíni, mas o Brasil o adaptou. Enquanto americanas e europeias estavam satisfeitas com a evolução do traje de banho e o quanto ele valorizava o corpo feminino, as brasileiras quiseram mais. Segundo o professor do Senac, Roberto Rubbo, no final da década de 1970 surgiu a moda do "enroladinho". "As mulheres enrolavam as laterais do biquíni para eles ficarem mais cavados", explica ele. As praias do Rio de Janeiro foram o ponto inicial da tendência.

Nos anos 1980, foi a vez do biquíni asa-delta, que alongava a cintura e aumentava os glúteos da brasileira. A estilista Dhora Costa afirma que o modelo foi uma febre. "O Brasil é um país tropical, quente, a cultura de praia é forte aqui e as brasileiras têm uma anatomia privilegiada, além de gostarem de exibir o corpo", explica ela. Como filho do asa-delta, ainda nos anos 1980, chegou ao mercado o biquíni fio dental. Os três modelos tiveram pouca aceitação ao redor do mundo. "Existem praias na Espanha que é permitido o topless, mas não o uso do fio dental", justifica Dhora. Uma das razões para difusão do fio dental no Brasil é a forma física da mulata, cheia de curvas e com a pele firme.

Atualmente, o Brasil é referência na moda praia, de acordo com a estilista, e exporta as criações para o mundo inteiro. Os modelos de roupa de banho norte-americanos e europeus permaneceram fieis ao visto na década de 1970. Confira a evolução dos trajes de banho usados pelas mulheres, clicando na galeria de fotos.

O "bikini" foi inventado na França, em 1946
O "bikini" foi inventado na França, em 1946
Foto: Getty Images
Fonte: Terra
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