Veja 10 impressões do Fashion Rio por quem não entende do assunto

Trabalhar numa sucursal tem dessas. Você, como repórter, pratica diariamente o exercício de abraçar todos os assuntos, de estar sempre inteirado sobre as editorias mais diversas. O escritório do Terra no Rio de Janeiro funciona desta forma há um ano e quatro meses. Somos seis profissionais. Somos seis homens. Já fizemos coberturas de novelas, celebridades, reality shows, áreas em que o sexo masculino, digamos, não é lá muito especializado (como toda regra, tem as exceções, obviamente). Imagina então falar de moda?

Como abordar um assunto com tantos detalhes e riqueza de ações se eu nem sei apontar o que é um paetê? Como fazer uma cobertura decente se eu me apronto em cinco minutos para sair (contando o banho)? Até hoje, salvo os fotógrafos, estes sim, paus para toda a obra, os repórteres da redação do Terra Rio tinham escapado das coberturas do Fashion Rio. Até hoje.

Fui o escolhido, aguentei a gozação dos colegas de trabalho com a minha sensação de ter entrando numa fria e, com a colaboração da reportagem de São Paulo do portal, esta, sim, mais do que especializada e que traz para você, diariamente (e dignamente), todos as nuances de um desfile de peças do próximo verão, conto nesta humilde reportagem as 10 impressões que eu tive da minha primeira aventura num evento de moda, o Fashion Rio Verão 2014.

Gente chique não gosta (muito) de andar

Desci do táxi, cheguei à Marina da Glória e fiz a minha primeira constatação do mundo fashion: gente chique, talvez pelos saltos ou com medo do suor mesmo, não gosta de andar. No desembarque, olha que coisa fina, tem aqueles carrinhos de golfe para levar você até a entrada definitiva do evento. Quando subi, tive a impressão de que, sei lá, demoraria pelo menos uns cinco minutos. Quase não deu para bocejar e já chegamos. Percebi, posteriormente, que os mesmos carrinhos levam as pessoas para as duas áreas do backstage, te dão carona para os estandes patrocinados. Todos caminhos super curtos. Um luxo (preguiçoso) só.

Mas que lua, hein, meu amigo?

O sol já dava seu adeus no horizonte, com o Pão de Açucar ao fundo, no lindo cenário cartão-postal do Rio de Janeiro, e ainda era fácil achar gente com óculos escuro dentro de um evento... fechado. Mas eu digo muita gente mesmo. Pausa: tudo bem, usar na cabeça, colocar na gola da camisa, essas coisas, eu mesmo faço isso, mas, na penumbra, privar os olhos desta forma é realmente ser fashion? Quem sou eu para dizer, obviamente.

Ulalá!

Tentei fazer um exercício, mas deixei para lá: a sala de imprensa do Fashion Rio é mesmo impressionante e perdi a conta de quantos computadores a organização reservou para os repórteres e fotógrafos. O espaço é amplo, o cenário é magistral, e tem café, água, refrigerante, energético, sanduíche e bolo. Isso sim é ser chique. Fiquei apenas com receio de deixar minha mochila jogada em qualquer canto e a carreguei para todos os lados, uma vez que já cansei de ouvir histórias de gente que teve os equipamentos furtados nas edições carioca e paulistana do evento de moda.

Massagem para a imprensa

De todos os jabás (os presentinhos que nós, jornalistas, ganhamos em alguns eventos), nenhum me pareceu mais brilhante do que duas massagistas em plena sala de imprensa – fora as que estão em outros setores do Fashion Rio. Aliás, tinha “coleguinha” marcando hora para não perder o regozijo de um momento tão relaxante e ainda ganhar um conjunto de cremes. Dispensei os hidratantes (acho que era hidratante, também não entendo de cosméticos) e curti as mãos da amiga Valéria. Com todo o respeito. Para quem tinha trabalhado por 14 horas seguidas no dia anterior, cobrindo um júri popular, nada mal.

Vovós fashion

Me chamou a atenção a quantidade de senhoras passeando pelo evento. Algumas de bengalinha na mão, e muito bom humor, além, claro, de elegância. “Sou a Vera Magalhães”, disse uma delas, super simpática. “Sou mãe da Andrea Magalhães”, continuou, dizendo ainda ser parente de não sei mais quem, todos supostamente famosos. Claro que eu não conhecia ninguém. Mas sorri e pedi para ela fazer o mesmo para a foto. “Eu sou a Lala Guimarães”, chamou a atenção a outra senhora da foto. Anotado, pois.

Backstage

Fui me aventurar pelos bastidores do desfile, a área onde as modelos se maquiam, se preparam para o tão aguardado momento de mostrar para a crítica especializada a nova coleção para o verão. Entrei no backstage da estilista Andréa Marques, super simpática. As modelos, em contrapartida, pareciam nervosas, correndo de um lado para o outro, e puxa vestido daqui, arruma dali. Deve ser normal, imagino eu.

Ministério da Saúde já!

Chamem o ministro Alexandre Padilha neste exato momento para o Rio de Janeiro, para a Marina da Glória. É incrível a quantidade de modelos que fumam. Não sei se pelo nervosismo do momento ou se pelo hábito do mundo da moda, o fato é que as magérrimas beldades estavam “comendo” cigarro. Sem exageros. Mulheres lindas, altas, e quase sempre, pelo menos as que observei, com a fumacinha saindo da mão escondida. O ministério da Saúde poderia fazer uma campanha dentro do Fashion Rio. Fica a dica.

Chegou a hora

“Você pode me dar um selo social”, pedi para a colega da organização, antes de entrar para o meu primeiro desfile. Já havia sido orientado por uma amiga, com várias coberturas como essa no currículo, que era preciso pedir com antecedência sua entrada nos halls do desfile para conseguir um lugar. E, de fato, é bem concorrido mesmo. A sala ficou lotada para a apresentação da estilista Andrea Marques. Fiquei com dó dos fotógrafos, todos espremidos no famoso “pit” para registrar as imagens das modelos. Vocês sabem quanto pesam as lentes, coletes e escadas, isso mesmo, escadas, que eles usam para registrar as imagens que vocês, incessantemente, acessam nas galerias?

Aconteceu alguma coisa?

Quando as modelos finalmente entraram na passarela, as cores se destacaram e o que mais me chamou a atenção na coleção, já me sentindo um pouquinho mais entendedor, foi que esta primou pela transparência das peças. Isso é tudo o que eu poderia falar. Mas o que me deixou intrigado mesmo foi o fato de as modelos passarem sem dar um sorrisinho que seja. Olhar firme, e elas chegavam até o final da passarela para, rapidamente, girar o corpo e deixar o espaço. Nenhum esboço de felicidade. Fiquei com vontade de perguntar: “aconteceu alguma coisa, minha querida?”. Depois me explicaram que é assim mesmo que, salvo algumas marcas que fogem desta linha, tudo gira mesmo em torno das roupas, que as modelos não devem chamar a atenção. Então, tá.

Mas já?

Consegui um lugar somente no alto de um dos lances de arquibancada, me aconcheguei (tinha até almofada para sentar) e fiquei com minha câmera em mãos. Me preparei para tirar diversas fotos. Troquei até a bateria. As modelos foram passando, uma a uma. Até que todas entraram juntas, saíram, e depois entrou a estilista que, mal pisou, e deixou a passarela. Aí as luzes se acenderam, todo mundo começou a deixar o local e entendi que desfile de moda dura pouco mais de cinco minutos. Quem sou eu para discutir, não é?

Fashion Rio Verão 2014

O Terra, a maior empresa latino-americana de mídia digital, transmite ao vivo os desfiles de verão 2014 do Fashion Rio, com exclusividade para web, inclusive para tablets, smartphones e TVs conectadas. Entre os dias 15 e 19, os desfiles serão transmitidos direto da Marina da Glória, na capital fluminense, pela parceria entre o Terra e FFW. Além das transmissões ao vivo, o Terra terá os blogs da apresentadora de TV Isabella Fiorentino e da jornalista de moda Rosângela Espinossi. 

Nesta temporada de verão, o Fashion Rio conta com os desfiles de 25 grifes, entre elas Blue Man, TNG e Herchcovitch. Esta edição do evento marca de forma definitiva a mudança no calendário da moda brasileira.

<a href=" http://moda.terra.com.br/infograficos/fashion-rio-verao-2014-vc-usaria/iframe.htm o infográfico</a>