Mulher, flores e pink excitam estilista para criar coleção
O estilista Samuel Cirnansck acaba de apresentar sua 19ª coleção na semana de moda de São Paulo, o SPFW. Depois de se destacar com peças inspiradas na mulher e nas flores, ele conta com exclusividade ao Terra, no programa Papo Conceito com Carol Del Lama, como foi sua experiência, quais são suas inspirações e como a tecnologia está presente no processo artesanal de criação e execução das coleções de moda.
Terra – Qual foi a sua inspiração para criar a coleção do Verão 2014?
Samuel Cirnansck –
A mulher. Dessa vez quis pegar a juventude, os 15 anos e seu amadurecimento e fazer uma alusão com as flores. É esse desabrochar da flor de manhã, seu esplendor no meio do dia e sua oclusão à noite para receber o orvalho que me fizeram chegar à junção da silhueta nas peças, na qual as roupas vão se abrindo no final da saia e vão virando uma silhueta em “A”, com a cintura bem marcada e, depois, mais enxuta.
Terra – Como você escolhe as cores da sua coleção?
Samuel Cirnansck –
Dessa vez foi muito pitoresca, porque fiz uma viagem a Jacarta (Indonésia) e fiquei um tempo lá numa semana de moda. Então, fiquei encantado com a fúcsia, o rosa, o pink. Na volta passei na Holanda, onde fui às floriculturas. Isso me deixou muito excitado. Deixei para terminar a coleção na volta dessa viagem, e tive duas semanas para executar. Valeu a pena, porque cheguei fresco com as cores e os bordados, que são minuciosos e ricos, quase balinês e indiano. Gostei bastante dessa influência asiática.
Terra – E como funciona o seu processo de criação? Sempre tem uma viagem envolvida? Onde você busca referência?
Samuel Cirnansck –
Quando tem viagem de trabalho, procuro conciliar dois momentos. Mas na verdade, deixo a inspiração vir. Vejo tendência, o que as mulheres querem. Faço noite, festa e também quero a mulher urbana para não ficar engessado só na de festa. E a inspiração vem. Essa, por exemplo, esperei duas semanas, para voltar de viagem, que era longe. E deu certo. A próxima pode ser que eu comece hoje, ou amanhã. Quem sabe...
Terra – Seus vestidos são artesanais. Como você enxerga a tecnologia no seu trabalho?
Samuel Cirnansck –
Tem muita tecnologia. Não aparenta de perto, mas às vezes a roupa é toda tecnológica, e apenas terminada à mão. Fiz uma coleção que era toda cortada a laser, recolocada com cola especial, costurada de novo com cola laser. Depois é que foi feito o acabamento com bordado à mão. Aparentemente é artesanal, mas tem muita tecnologia por trás.
Terra – E quanto ao tecido, qual você mais gosta de trabalhar?
Samuel Cirnansck –
Particularmente gosto de seda. Alguns poliésteres me encantam para fazer umas roupas bem sofisticadas. Amo o gazar de seda, o musseline. Ultimamente tenho curtido muito mais o gazar. Mesmo sendo um tecido difícil de trabalhar, o resultado fica incrível.
Terra – Quais são os próximos desfiles que estão por vir?
Samuel Cirnansck –
Uma semana de moda de noivas e alguns convites internacionais. E gostaria de contar que, recentemente fiz um desfile em Brasília, no Festival Movimento HotSpot, no qual apresentei 13 anos minha carreira, fazendo um mix de roupas, desde o primeiro até o penúltimo desfile. Foi muito emocionante ver quanto o tempo passa e como a moda evolui, a gente vai se profissionalizando e como o mercado foi se encaixando em tudo isso. Foi bacana.