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MET 2023: Por que look de Viola Davis protesta contra Karl Lagerfeld?

Artista usou vestido rosa pink Valentino no evento de moda em homenagem ao estilista alemão

2 mai 2023 - 14h47
(atualizado às 18h01)
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Viola Davis no MET Gala 2023
Viola Davis no MET Gala 2023
Foto: Reprodução/ Instagram @violadavis

Geralmente aguardado pelos amantes da moda por conta dos looks, o MET Gala ganhou maior repercussão por sua escolha de tema em 2023. Na edição realizada na segunda-feira (1º), o grande homenageado foi o estilista alemão Karl Lagerfeld (1933-2019), com a exposição "Uma Linha de Beleza".

Para os organizadores, ele foi "uma das forças mais cativantes, prolíficas e reconhecidas na moda e na cultura", segundo as palavras de Marina Kellen, diretora do MET. Mas essa definição ignorou o homem que também marcou seu nome na história por declarações racistas, gordofóbicas e até contra os direitos da comunidade LGBTQIA+, da qual ele próprio fazia parte.

A atriz e modelo britânica Jameela Jamil compilou algumas das declarações condenáveis:

  • "Ninguém quer ver mulheres curvilíneas", disse o estilista, em 2009, à revista alemã "Focus".
  • "Se não quiser que suas calças sejam puxadas, não se torne uma modelo! Entre para um convento, sempre haverá um lugar para você no convento", declarou, em 2018, à "Numero". Tal declaração foi dita no contexto do movimento #MeToo, contra assédio sexual, e respondia diretamente a denúncias de modelos assediadas por um estilista. 
  • O próprio #MeToo foi alvo da visão machista de Karl, que disse estar farto do assunto. "O que mais me surpreende são as estrelinhas que levaram 20 anos para lembrar o que aconteceu. Sem mencionar o fato de que não há testemunhas".
  • "Eu conheço alguém na Alemanha que abrigou um jovem sírio e depois de quatro dias disse: 'A melhor coisa que a Alemanha inventou foi o Holocausto'".

Por essas e outras declarações, a homenagem foi tão questionada e criticada, mas não deixou de ser feita. Desse modo, o caminho que algumas celebridades convidadas encontraram para se posicionar foi protestando.

Os atos de Viola Davis e Lizzo

Viola Davis usou um vestido rosa pink, da marca Valentino. A cor era detestada por Karl Lagerfeld, que dizia para "pensar rosa", "mas não usar". Como se sabe que a artista, uma das poucas na indústria na posição de EGOT (já premiada pelo Emmy, Grammy, Oscar e Tony, algumas das maiores premiações dos Estados Unidos) é também uma ativista contra o racismo, o protesto ficou logo evidente.

O ato foi repercutido internacionalmente. No Brasil, uma das figuras que comentou foi o jornalista Rener Oliveira, editor-chefe da Nordestesse. Para ele, a atriz mostrou "como ocupar espaços que foram negados durante anos na moda e entretenimento". "É meio que o revenge dress em cima do túmulo", avaliou o que chamou de "deboche com muito estilo" em post feito no Instagram.

Procurado pelo Terra, Oliveira também reconheceu que o legado de Karl na moda "é extenso", mas ponderou que "se tratando de temas e assuntos que hoje são mais urgentes do que nunca, não há espaço para falas preconceituosas, machistas e até mesmo homofóbicas". "A moda é o retrato dos tempos, e que bom que hoje podemos levantar esses debates na busca de moldar a nossa sociedade e deixar para trás o que não é mais aceitável". Ele defende a moda enquanto comunicação e política.

Além de Viola, outras convidadas usaram rosa, como a top model Naomi Campbell. Outro protesto declarado partiu da cantora Lizzo, que costuma se posicionar contra a gordofobia.

"Ninguém quer ver modelos gordas. As mães gordas com seus sacos de batatas fritas ficam em frente à TV dizendo que as modelos são feias", disse o estilista uma vez.

Já vestida para o evento, Lizzo posou para fotos comendo batata-frita na cozinha de um restaurante. Uma nítida afronta ao homenageado da noite.

Fonte: Redação Terra Você
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