Moda LGBTQIA+: 8 tops, estilista e maquiadora trans de sucesso
A moda agênero já é uma realidade, tanto que nas passarelas do Brasil e do mundo, várias e várias grifes apresentam coleções paa todos os sexos. Mas que tal conhecer pessoas que fazem a moda, seja estilista, como a estilista Isa Isaac Silva, a maquiadora Maxi Weber e modelos? São pessoas que fogem do estigma de serem apenas trans. Pelo contrário, os talentos pessoais de cada um são aplicados em suas profissões, sem que o fato de ser trans venha em primeiro lugar.
Na verdade, é exatamente isso o que a sociedade deve entender e assimilar. Há quem demorou muito tempo para realmente se assumir com trans, como contou recentemente a maquiadora Maxi Weber, em entrevista exclusiva ao "Elas no Tapete Vermelho", em que disse que começou a passar por transição de gênero com 16/17 anos, mas voltou atrás na época, porque sua família e o mercado não o aceitavam. Hoje, chegando aos 50, resolveu fazer a transição novamente.
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Encarar uma pessoa trans como um profissional igual a todos os outros é o caminho que a sociedade deve seguir. E o mundo da moda tem provado que sim, é possível. Separamos 8 profissionais que exercem suas habilidades e estão abrindo portas para que venham outros. Seus exemplos servem de reflexão no Mês da Consciência LGBTQIA+, cuja Parada acontece neste domingo (11), em São Paulo.
Isa Isaac Silva
A estilista baiana Isa Isaac Silva estreou no SPFW em outubro de 2019, apresentando desfile com looks totalmente brancos e todos os modelos negros, ainda se chamando apenas Isaac Silva, nome de sua marca. Hoje, já incorporou Isa ao seu nome, apesar de já ter contado em entrevistas que sempre se sentiu mulher.
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Um dos nomes mais incensados da moda atual, já fez parcerias com marcas de peso, como Havaianas e Vista Magalu, do Magazine Luiza, e C&A. Com o slogan "Acredite no Seu Axé", Isa Isaac Silva faz uma moda disruptiva, ativista e necessária. E já fez desfiles exaltando o poder LGBTQIA+. Isa Isaac Silva vai além do que mostra na passarela. Ela também emprega pessoas trans na confecção de suas peças. "A marca está realizando outro sonho de poder ter fornecedores, uma mão de obra feita por pessoas trans mulheres e homens com oficinas de confecção para atender nossa demanda e a de outras empresas também", disse em entrevista ao "Elas no Tapete Vermelho", no ano passado.
Maxi Weber
O talento da beauty artist Maxi Weber é conhecido há anos, nos backstage dos desfiles, em editoriais e capas de revista. Mas até pouco tempo, era conhecida apenas por Max Weber. De uns meses para cá, tem reafirmado em suas redes sociais e em suas aparições públicas sua transição de gênero.
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Em entrevista ao "Elas no Tapete Vermelho" afirmou que hoje se sente capaz e livre de assumir essa identidade, já que tinha tentado quando jovem e resolveu retransicionar. "Hoje sou independente. Na verdade, já faz um tempo que sou independente, mas agora tenho mais tempo para eu mesma". E acrescentou que hoje se sente "linda, leve e solta, mais gostosa".
Ôda Cairu
Natural do arquipélago de Cairu, na Bahia, a trans Ôda Cairu tem 23 anos foi a segunda modelo com mais desfiles no último SPFW, entrando na passarela 9 vezes. Ela viu sua vida mudar repentinamente, após ser revelada pelo concurso de modelos "The Look of The Year", em 2020. Antes da rotina nas passarelas, chegou a trabalhar como garçonete em sua cidade natal, até tornar-se aposta da JOY Management.
"Sou travesti, preta, já morei numa casa de acolhimento para pessoas LGBTQIA+ em Salvador. Identidade de gênero, sexualidade, empoderamento racial e questões sociais me atravessam, marcam a composição de minha história", afirmou. Desfilou para Isaac Silva, Ponto Firme, Martins, Apartamento 03, LED, The Paradise, Silvério, Greg Joey e David Lee.
Cecília Gama
A ex-estudante de Psicologia Cecília Gama, com 22 anos, foi a vencedora do primeiro reality show da TV para descobrir modelos trans "Born To Fashion", do Canal E! Entertainment, que tem Lais Ribeiro como apresentadora. A segunda temporada está em fase de produção e deve estrear em 2024.
A garota viu sua vida transformada. Hoje mora em Londres, está construindo uma carreira como modelo fora do país, já desfilu nas semanas de moda de Londres e de Paris, mas lembra que ainda há muito pelo que lutar. "Vivemos em uma sociedade que atrela nossos corpos a uma imagem marginalizada", disse em entrevista exclusiva ao "Elas no Tapete Vermelho".
Gabrielle Gambine
Gabrielle Gambine, modelo e atriz transgênero, é a estrela de "Jasmine", supense com previsão de lançamento no segundo semestre. A sobrinha da também trans Roberta Close vive a personagem que dá título à trama."A Jasmine é uma artista carismática, forte e determinada", afirma.
Aos 23 anos, usa a moda e a atuação na TV e no cinema como plataformas para inclusão e respeito às pessoas trans e travestis: "Há um longo caminho a percorrer na luta contra o preconceito, pensarmos a importância da saúde mental e o que podemos fazer para nos unir, dar suporte e trazer cada vez mais avanços no mercado de trabalho, com mais oportunidades para pessoas trans. É urgente", afirma ela, que também é artista plástica e posou recentemente para a marca de moda praia carioca Blue Man.
Sam Porto
Sam Porto, da Way Model, já é figura tarimbada nas passarelas do SPFW, tanto que desfilou para várias marcas na última edição. Foi o primeiro homem trans a desfilar no SPFW, em 2019. Em outubro daquele ano, entrou na passarela da grife Cavalera com a inscrição em seu dorso "Respeito Trans". Nascido em Brasília, o modelo conquistou o posto de recordista de desfiles na edição SPFW N48. Antes do sucesso na moda, chegou a trabalhar como tatuador e estudar design gráfico.
Já posou para o premiado fotógrafo Mario Testino, estrelou a capa digital da Vogue e figurou em editoriais de moda de publicações como Marie Claire e Made in Brazil, entre outras. A performance marcante repercutiu em veículos de todo o mundo, como o The Washington Post, que deu espaço de destaque ao neotop.
Lea T
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A modelo Lea T (Leandra Cerezo), filha do jogador Toninho Cerezo, foi uma das primeiras a abrir as portas da moda internacional a brasileiras quando estreou na campanha de Givenchy, levada pelo seu amigo e estilista da marca Riccardo Tisci, de quem era assistente de estilo, em 2010, ano que também fez um ensaio fotográfico nu para a revista francesa Vogue. No fim de 2014, com um contrato com a Redken, se tornou a primeira transgênero a atuar como o rosto de uma empresa de cosméticos.
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Hoje, aos 43 anos, vive na Itália. Além da Givenchy, fez inúmeros desfiles mundo afora e no Brasil. Em 2019, desfilou para a grife Água de Coco, em São Paulo, e deu uma entrevista ao "Elas no Tapete Vermelho": "É difícil dar conselhos a mulheres trans. Já me perguntei várias vezes o que eu poderia falar e sempre recebi mais delas. Aprendi muito com elas. Eu sei reconhecer minhas conquistas, mas o que falar para uma garota em total vulnerabilidade? É incoerente falar 'força'. Prefiro falar às pessoas cisgêneras (que se identificam em todos os aspectos com seu gênero de nascença). É preciso começar a refletir sobre o assunto, a ter empatia pela dor do próximo. Um discurso empático é importante para começar a reproduzir amor perante essas comunidades."
Valentina Sampaio
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Se Lea T foi uma das primeiras a quebrar barreiras internacionais, Valentina Sampaio arrebentou tudo. Foi a primeira modelo trans a posar para a capa da Vogue Francesa, a primeira modelo trans a ser contratada para a Victoria's Secret, a primeira trans a posar para a revista revista Sports Illustraded. Sim, a primeira modelo trans a ocupar espaços até então fechados para elas. "Espero que não existam mais esses rótulos. Todos nós somos seres humanos, independentemente de qualquer coisa, inclusive de nossa condição sexual", disse em entrevista ao "Elas no Tapete Vermelho", em 2016, entre um desfile e outro da 42ª edição do São Paulo Fashion Week.
"O caminho não foi fácil, o preconceito continua nos matando, por isso cada passo é uma grande vitória para todas nós. O Brasil é um país maravilhoso, mas ainda concentra o maior número de crimes violentos e assassinatos contra a comunidade trans em todo o mundo. Ser trans geralmente significa enfrentar portas fechadas para os corações e mentes das pessoas", afirmou em outra ocasião.