Brasileira leva Yemanjá para as passarelas de Londres
Mariana Jungmann apresentou coleção inspirada na Deusa dos Mares durante sua estreia solo no Fashion Scout
Com uma coleção inspirada em Yemanjá, Mariana Jungmann fez sua estreia solo no primeiro dia da semana de moda de Londres, realizado nesta sexta-feira (12).
Nascida em Goiânia, a estilista brasileira apresentou suas criaçōes pela primeira vez no Fashion Scout, evento que ocorre paralelamente à programação oficial da London Fashion Week, levando à passarela saias e vestidos nas cores azul e branca em alusão à Rainha do Oceano.
“O show é na sexta-feira, sexta-feira é Yemanjá. Foi uma coisa que a gente quis muito. A paleta de cores foi com azul-bebê metálico, porque é o mar e a cor de Yemanjá. O branco da areia da praia, o verde musgo das rochas. Também temos o cinza exclusivo nesta coleção, que são as rochas do Rio de Janeiro. Fui brincando com isso e depois resolvi que ia brincar com as saias de Yemanjá. Então construí saias e vestidos com várias camadas, fui escondendo minha estampa e trazendo ela pra fora, porque como mulher a gente esconde muito os pedaços, mostramos um pouquinho, escondemos um pouquinho, até mostrarmos tudo totalmente”, disse Mariana em entrevista ao Terra logo após a apresentação.
Formada em mestrado de Design de Moda Feminina pela London College of Fashion em 2013, Mariana também aproveitou a ocasião para dizer qual é o perfil de sua marca.
“Quando comecei a fazer a coleção, comecei a pensar pra que tipo de mulher eu desenho. Desenho pra uma mulher forte, determinada e sexy. Mas uma mulher forte não significa que ela não é acessível, que não tem um lado mais molinho, alguma coisinha que ela esconde. Fiz um pouco de alfaiataria, pela questão desta mulher forte, a gente tem um lado masculino, toda mulher tem vários lados. A gente é um pouquinho menina, mas a gente também é um pouco homem. Então quis mostrar mesmo essa coisa da mulher forte. Não precisa vestir só coisas leves e bonitinhas”, acrescentou.
Tendo como marca registrada a Renda Renascença, Mariana Jungmann relembrou como a infância no Brasil serviu como fonte de inspiração para sua carreira.
“Na casa da minha vó em Goiânia tinha uma mesa de vidro grande. Entrava debaixo desta mesa pra brincar. Ela gostava de cobrir a mesa com um forro bonito e sempre usava muito renda Renascença. Eu trazia os brinquedos pra debaixo desta mesa e ia brincar. Aí comecei a ver o mundo pela renda. Eu amava aquilo, era meu mundo imaginário. A renda era onde eu me sentia segura. Tenho muito apego a tecidos, é a minha infância. Meus momentos bons, casa de vó, não tem coisa melhor”.
Além da espinha dorsal de sua marca ser inspirada no Brasil, Mariana também recorreu ao trabalho de rendeiras em Pernambuco pra desenvolver sua coleção.
“Primeiro faço a modelagem da peça, depois sento e desenho a renda inteirinha à mão. Mando tudo para as rendeiras do Nordeste, elas fazem e mandam a renda que vai em cada peça. Chegam aqui no meu estúdio e mudamos a cor, finalizamos, fazemos um monte de coisa até chegar ao produto final”.
Tensão da estreia
Segundo Mariana, fazer seu primeiro desfile solo durante um evento de porte no calendário oficial da moda de Londres foi uma mistura de emoções.
“É uma coisa muito engraçada. Sou uma pessoa muito competitiva. Então, pra mim é como ganhar, mas ao mesmo tempo, querer continuar ganhando, quero continuar fazendo isso. Quero ganhar ainda mais. A sensação da estreia é uma mistura de medo e euforia. Acho que é a melhor descrição de como me sinto mostrando minha primeira coleção solo no Fashion Scout. É incrível”, completou.
Após participar do Fashion Scout, Mariana se prepara agora para apresentar seu trabalho na França. “Essa coleção estamos levando pra um showroom em Paris. Semana que vem estou indo pra Paris pra fazer pesquisa pra próxima temporada. Tenho planos de participar da programação principal, mas nada oficial ainda. Vamos ver como as pessoas receberam esse desfile e o que isso vai me trazer no futuro, porque é meu primeiro solo. O próximo desfile, se Deus quiser, será maior”, explicou Mariana, que pretende consolidar sua marca no exterior antes de promovê-la no Brasil.
“Sou pequena e acho que quando você se propõe a fazer um trabalho, tem que ser bem-feito. Quero fazer aqui bem feito e quando vir que tenho capacidade de expandir, vou expandindo aos poucos”, concluiu.
Veja fotos do desfile:
Fotos: Patrícia Dantas/Especial para o Terra