O brasileiro Carlos Miele, um dos mais bem-sucedidos fora do País, apresentou sua coleção primavera-verão 2013 na semana de moda de Nova York nesta segunda-feira (10). Em entrevista exclusiva ao Terra, ele falou sobre o desfile, o processo de criação da coleção e sobre o atual momento do mercado da moda brasileiro. Segundo ele, o “grande interesse agora é pelo mercado brasileiro”, o que pode dificultar o caminho para o sucesso de novos estilistas.
“Eu me preocupo com os novos designers, porque eles vão ter uma concorrência muito maior. Eu estou estabelecido, de certa maneira, já estruturado no Brasil e fora do País. Mas vai ser difícil para as novas gerações”, disse ele.
Terra: Qual foi a inspiração para esta coleção apresentada na semana de moda de Nova York?
Carlos Miele:
É como se a mulher estivesse entrado numa floresta alucinada, onde as girafas são azuis, onde existe muitas mutações de peles de tigres e leopardos, e os pássaros têm formas fluidas. Uma floresta com cores ácidas e fortes. Os comprimentos são diferenciados, o que é bacana. Acredito que para o verão do ano que vem os vestidos e as saias fluidas vão funcionar bem. Essa floresta não é no Brasil ou sobre o Brasil, é imaginaria. Obviamente, meu DNA é brasileiro, então tem essa coisa forte de ser uma coisa sensual, da mulher sensual sofisticada.
T: Como foi o processo de chegar nessa floresta?
CM:
Não sei, é uma coisa um pouco infantil. Acho que começou ao ver um desenho infantil de uma girafa azul. A partir dai comecei a imaginar como seria uma floresta que nem essa, com animais diferentes e com modelos diferentes. É uma floresta bastante divertida para todo mundo.
T: Quais tecidos que você usou?
CM:
Acho que o chiffon é o tecido mais forte, mas a gente trabalha bastante com as técnicas do plissado. E tem franjas e bastante mistura.
T: Qual a trilha sonora que escolheu?
CM:
A trilha foi feita pelos irmãos Sean e Antony, os filhos do Caca de Souza. Estamos com uma trilha bastante dançante e animada.
T: Qual é a importância de apresentar sua coleção ao público americano?
CM:
Nova York é cada vez mais uma vitrine para o mundo. Nós estamos vendendo em 24 países e é muito importante estar localizado ou na Europa ou nos Estados Unidos para apresentar a coleção. Eu comecei meu circuito em Londres, mas senti que Nova York tem mais alinhamento com o Brasil, de fuso horário, de facilidade para mim e ao mesmo tempo começou a se tornar mais internacional do que Londres. Apesar de eu gostar muito de Londres e da liberdade que você pode trabalhar lá, acho que Nova York já é o centro das artes visuais, já é o centro da música e vai se tornar o centro da moda.
T: Com a melhora econômica do Brasil nos últimos tempos, você sente que as pessoas estão olhando a moda brasileira com mais atenção?
CM:
O grande interesse agora é pelo mercado brasileiro. O que vamos perceber são as marcas internacionais investindo muito no País. Acho que vai dificultar para a moda brasileira no futuro porque teremos mais concorrência. São empresas globalizadas que tendem a se expandir em mercados grandes, como China e Brasil.
T: Isso te preocupa?
CM:
A mim, particularmente, não preocupa. Eu me preocupo com os novos designers, porque eles vão ter uma concorrência muito maior. Eu estou estabelecido, a gente tem um DNA muito forte e tem um conhecimento do meu nome, de certa maneira, já estruturado no Brasil e fora do País. Mas vai ser difícil para as novas gerações.
A top brasileira Lais Ribeiro foi um dos destaques do desfile de Carlos Miele na semana de moda de Nova York
Foto: Getty Images
Na abertura, a modelo já mostrou o que seria o desfile: mangas e saias esvoaçantes, tecidos leves e muito movimento em contraste com o jogo de luz multicolorido
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Carlos Miele sempre apresentou a cultura popular do Brasil no exterior
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Seus desenhos transcendem as influências de suas raízes brasileiras reconstruindo-os para novos públicos
Foto: Getty Images
Seguindo a tendência, as franjas também estiveram presentes em vários looks e nos acessórios, como nas pequenas bolsas, nas cores terra e preta
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Na coleção apresentada na manhã desta segunda-feira (10), em Nova York, as estampas levaram para a passarela imitação de pele de animais selvagens, como onças e tigresas e também sereias e pássaros
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Mas as mulheres dessa coleção vão além: são selvagens e sensuais
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Seus desenhos transcendem as influências de suas raízes brasileiras reconstruindo-os para novos públicos
Foto: Getty Images
As pedrarias se destacaram nas bolsas, nos sapatos e nos cintos e, muitas vezes, os ombros surgiram ao estilo militar, com brilho e bem estruturados
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O designer não fugiu de sua identidade ao mostrar seu estilo voltado aos ambientes urbanos, inspirando-se em mulheres cosmopolitas, sofisticadas e independentes
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Os longos vestidos, marca registrada de Miele, apareceram em camadas, com tons sobre tons, fendas, babados e linhas desproporcionais
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O estilista traz técnicas do artesanato que foram lentamente esquecidas pela moda. Como resultado final apresenta vestidos preciosos e ultra femininos com estampas especiais
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Longos não ficaram de fora do desfile
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Assim, Carlos Miele conseguiu juntar na passarela a cidade e a selva, o cosmopolita e o florestal, criando uma conexão entre dois mundos distintos
Foto: Andrea DAndrea / Especial para Terra
Carlos Miele entrou ao final do desfile e agradeceu os aplausos da plateia
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O desfile de Theyskens' Theory levou as cores mais sóbrias para a passarela da semana de moda de Nova York
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O preto e o azul marinho apareceram em quase todos os looks
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Quando curtos, os vestidos foram combinados com capas mais largas
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Os decotes foram pouco profundos. Os looks foram finalizados por cabelos com aparência levemente molhada e ondas
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A estilista americana Donna Karan levou para a passarela da semana de moda de Nova York uma coleção leve e cheia de movimento
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As transparências, sensuais e nada vulgares, tomaram alguns modelos
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Algumas formas amplas deram movimento às peças desenhadas para a grife
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Donna Karan apostou em cores pastel em toda a passarela. Nude, ocre, azul e verde apareceram em peças, do começo ao fim do desfile
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A grife Reem Acra desfilou no quinto dia da semana de moda de Nova York peças amplas e muito estilosas
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A grife ainda apostou na trasnparência, sem perder a elegância
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Vestidos longos e tecidos furta-cor marcaram presença em todo o desfile da grife
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Os tons perolados também fizeram parte das peças desfiladas pela marca
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A estilista venezuelana Carolina Herrera foi responsável por abrir o quinto dia de desfiles da semana de moda de Nova York
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Ela apresentou sua coleção superfeminina sob os olhares de famosos, como Ivanka Trump e Julianne Hough
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A transparência apareceu de forma discreta e muito elegante, característica forte das coleções da estilista
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Para a nova linha, Carolina apostou em cores clássicas, como o preto e o branco
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Mesmo assim, deu cor à passarela com looks laranja, amarelo cítrico, cru e tons pastel de verde e azul
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A silhueta apareceu junta ao corpo, valorizando as formas das modelos
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Já os comprimentos foram bastante variados: do mini em vestidos envelope e saias com pregas espaçadas, a longos, com tecidos esvoaçantes e cheios de movimento
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As estampas de lenço se destacaram ao lado das abstratas com combinações de cores ousadas como preto, marrom, verde e laranja