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"Não usava shorts com vergonha das pernas finas", diz Lais Ribeiro

Com carreira internacional, a top brasileira fala sobre ser angel da Victoria's Secret e seu filho de cinco anos

12 set 2013 - 13h41
(atualizado às 14h19)
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Foto: Marina Massote / Especial para Terra

Lais Ribeiro, piauiense de 23 anos, é a modelo queridinha do momento. Em apenas quatro anos de carreira, ela já desfilou para marcas renomadas como Chanel, Louis Vuitton, Gucci, Dolce & Gabbana, Versace e hoje faz parte do seleto grupo das angels da Victoria's Secret, ao lado de brasileiras como Adriana Lima e Alessandra Ambrosio. Só nesta temporada da semana de moda de Nova York, Lais apareceu nas passarelas de sete grifes: Creatures of the Wind, Cushnie et Ochs, Helmut Lang, Herve Leger, DKNY, Badgley Mischka e Marc by Marc Jacobs.

Em clima de descontração, a modelo deu uma entrevista exclusiva para o Terra pouco após o final do desfile de Marc Jacobs. Eram seis da tarde quando a bela parou para almoçar e conversar com a nossa reportagem. Mesmo depois de um dia cheio, Lais não deixou a simpatia de lado e contou detalhes de sua carreira. Confira abaixo a entrevista.

Terra - Do Piauí para Nova York. Como começou a sua carreira de modelo?

Lais Ribeiro -

A minha trajetória foi muito rápida. Com 19 anos, eu estava fazendo um cursinho pré-vestibular - porque eu queria ser enfermeira - e na minha sala tinha uma menina que era modelo. Ela me convidou para ir na agência dela e, na mesma época, a Liliana, da agência de modelos Joy, estava fazendo um concurso regional de Beleza Mundial. Eu participei e fui selecionada para ir para São Paulo, onde fiquei por uma semana com as meninas dos outros estados. Depois disso, comecei a fazer o São Paulo Fashion Week e já fui chamada para morar em Nova York. Nesse processo todo não foram nem três meses. 

Então você nunca tinha sonhado em ser modelo. Você está feliz com essa reviravolta?

L.R. -

Sim, muito. Eu nunca sonhei com isso, mas aprendi a gostar. Porque, sendo modelo, você aprende outras línguas, outras culturas, conhece várias pessoas. Cada dia é um país novo, uma experiência nova.

Você está em Nova York há quase quatro anos. Como foi a adaptação?

L.R. -

A mudança foi um choque, porque Miguel Alves, a minha cidade (a 116 quilômetros ao norte de Teresina, com pouco mais de 30 mil habitantes), é sempre muito quente e quando eu cheguei aqui estava nevando. Eu não tinha roupa de frio, vim com um casaco que uma amiga me emprestou. E cheguei sem falar nada de inglês. Não tinha nem foto no meu book, então eu só me apresentava com o meu composite e meu cartão e falava: "Hi, I'm Lais" e pronto. Mas eu acho que isso acabou sendo bom pra mim, porque eu não sabia muito bem o que eu estava fazendo, não tive tempo de parar para pensar e ficar insegura. Às vezes, eu perdia algum trabalho porque eu não sabia me expressar, mas eu ia improvisando e a fluência veio com o tempo.

E como é a sua rotina?

L.R -

Rotina? O que é isso? Eu não tenho uma rotina. Moro em Nova York, mas não fico muito por aqui porque eu viajo bastante. Como a gente tem o Fashion Week de seis em seis meses, eu tenho que ir para o Brasil, Paris, Milão, Londres. E, entre um e outro, tem as campanhas. Além das viagens com a Victoria's Secret. Como eu tenho um filho, eu tento ir de dois em dois meses para o Brasil ficar com ele. 

Quantos anos tem o seu filho?

L.R.

- Ele tem cinco anos. Quando eu vim pra cá ele tinha um ano e meio. Estou tentando trazê-lo para cá, mas é um processo complicado e demorado. E a minha vida é muito corrida.

Qual foi o desfile que você mais gostou de fazer até hoje?

L.R. -

O da Victoria's Secret, sem dúvida alguma. É um momento mágico, delicioso.

E como é ser uma angel da Victoria's Secret? Você já tinha alguma dimensão do que isso representa?

L.R. - Não, eu não tinha ideia, nunca imaginei que isso poderia acontecer. E hoje, vejo quantas meninas lutam por isso. Eu sou muito agradecida por tudo que tem acontecido na minha vida. A minha primeira sessão de fotos foi muito tranquila, já era com o Russell James, o fotógrafo de todas as campanhas da VS, e eu não conhecia a Miranda Kerr (modelo, também angel). Ela chegou, fez a maquiagem e quando nós nos vestimos ela começou a ser fotografada. A Miranda se divertia tanto, dançava. E eu, muito tímida, pensava: "ai meu Deus, eu tenho que fazer isso também? Como é que eu faço?" E ela super descolada, já sabia de tudo. Fiquei admirada com o trabalho dela, com o talento, a simpatia e a naturalidade. Eu acho que toda modelo fica muito tímida quando começa, principalmente por sempre ter escutado que é alta e magra demais, e a Miranda foi um exemplo.

Você sofria no colégio por ser alta e magra demais?

L.R. - Nossa! Eu sempre fui tímida. Não usava shorts com vergonha de mostrar as minhas pernas finas. Ganhei muitos apelidos que eu não quero nem lembrar. 

E hoje? Qual a reação desses colegas quando você volta para Miguel Alves?

L.R. - A minha cidade é muito pequena, então eu encontro com todos eles. É meio engraçado, porque aqueles que diziam não ser meus amigos agora querem ser. Mas os amigos de verdade me apoiam, gostam do meu trabalho e sempre ficamos juntos quando eu vou pra lá. É muito gostoso voltar.  

Como é a relação com as outras modelos no backstage?

L.R. - É uma palhaçada, a gente brinca muito, faz fotos engraçadas com os fotógrafos. Porque, normalmente, os fotógrafos são sempre os mesmos, então já estamos acostumadas. É uma família naquele momento. Lógico, tem outras que ficam no canto lendo, mas vai muito do dia também.

Rola alguma inveja?

L.R. - Eu acho que, como em todo trabalho, rola, sim, uma inveja, uma concorrência, briguinhas. Mas eu tento ficar o mais longe possível, ficar na minha, ouvindo música quando eu fico chateada com alguma coisa. Porque, como eu sou um pouco nervosa, eu prefiro não me envolver em confusões.

E como você se cuida?

L.R. - Eu sou bem desligada, olha o meu almoço (apontando para a pizza na nossa frente). Eu faço hidratação nos cabelos com uma amiga brasileira que tem um salão aqui em Nova York. Para cuidar da minha pele, eu tento ao máximo não usar maquiagem, beber bastante líquido e dormir bastante, que é a coisa que eu mais gosto de fazer na vida.

Alguma dieta especial?

L.R. - Quando cheguei em Nova York eu só comia pizza e sanduíche e comecei a ganhar alguns centímetros. Os clientes começaram a achar que eu estava fora das medidas e eu cheguei a perder desfiles por causa disso. Entendi então que esse é o meu trabalho e que tenho que me cuidar. Agora eu faço academia e tento me alimentar de uma forma mais saudável.

Qual a dica que você dá para as meninas que sonham em seguir seus passos?

L.R. - Tem que ter força de vontade e muita paciência, porque esse mundo não é fácil. Se você realmente quer ser modelo, tem que focar no seu objetivo, comer bem, ficar bem, procurar estar com pessoas que te fazem bem. Eu aprendo um pouco mais a cada dia, principalmente a ter paciência.

Alguém te ajudou quando você estava começando?

L.R. - Várias meninas me deram conselhos. Principalmente a Gracie Carvalho, a Bruna Tenório, a Aline Weber, a Adriana Lima e a Candice Swanepoel, que fala português. A Bruna e a Aline eu acho que me ajudaram mais no começo, porque eu sempre encontrava com elas nos desfiles. Elas traduziam coisas que eu não conseguia entender e acompanharam a minha evolução no inglês. Todas me ajudaram bastante e, sempre que alguma menina nova chega, eu tento fazer o mesmo.

Fonte: Especial para Terra
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