Lea T desfila de maiô para o masculino da Givenchy
O terceiro dia de desfiles masculinos em Paris teve a modelo transgênera brasileira Lea T na passarela da Givenchy, com maiô listrado e blazer escuro. Outras modelos mulheres também pisaram a passarela da tradicional grife francesa, que trouxe para os homens uma moda com estampas com ar étnico, mas elementos modernos.
Ricardo Tisci, amigo de longa data de Lea T, responsável pela grife, apostou também no que vem sendo proposto por várias grifes: sobreposições e estampas. Trouxe ainda calças transparentes na perna, legging e bermudas. E, claro, casacos, parkas, jaquetas, peças-chave para o verão dos homens europeus. Além do ar étnico, reforçado pela trilha sonora e pelo make com faixas pintadas, houve ainda listras de várias cores que conversavam entre si, como marrom, bege e preto. Azul, branco e vermelho também surgiram.
Mas o destaque fica mesmo para as peças que recebem o corte de alfaiataria, mas nunca vêm sisudas nem óbvias. Isso principalmente pelas camisas mais largas, pelas T-shirts mais compridas e pelas sobreposições, como leggings, bermudas, camisas e camisetas usadas todas juntas, com a mesma estampa ou com outras. A presença de mulheres na passarela reforça ainda o ar feminino ou uma moda unissex que as grifes estão propondo.
Galliano
A grife que leva o nome de John Galliano, afastado desde 2011 por conta de seus comentários antissemitas, é desenhada desde então por Bill Gaytten, ex-ajudante do estilista, inclusive na Dior. O desfile aconteceu em uma estrutura de vidro no Jardim des Tuileries, ao lado da Place de La Concorde. Uma explosão de cores fortes, como amarelo, pink, azul pontuaram a coleção, para jovens descolados e modernos.
As calças vêm com o cavalo mais baixo, mas não exagerado, e modelagem levemente ampla. O comprimento é mais curto, para deixar aparecer poderosos sapatos com plataformas retas, em tons sérios, com estampas sutis e com brilho envernizado. Ternos com desenhos sóbrios pequenos ou maiores, mas sempre discretos, apareceram em tons como azul profundo. Um bom exemplo eram as peças com poás grandes, formados a partir da mudança de textura do tecido.
O caimento pode parecer moderno, mas a alfaiataria precisa está presente nos mínimos detalhes. Não faltaram ainda as sobreposições, que parece ser de primeira necessidade na moda masculina, com jaquetas e paletós mais curtos deixando a barra da camisa à vista.
Cerrutti
A Cerrutti 1881 (ano de criação da marca) não abriu mão da elegância que sempre marcou a grife italiana. O desfile começou com peças pretas (leia-se casacos, paletós e calças) para ir se abrindo a outros tons, como bege, bordô, azul-claro, marrom. A silhueta masculina vem reta, alongada, com calças mais secos e casacos abaixo do joelho. Mas havia espaços para detalhes diferenciados, como faixas horizontais que transpassavam os casacos na altura do tórax servindo de fecho.
Estampas de cordas, como na jaqueta e no casaco cinza do final ou no casaco azul-marinho, também puderam ser vistas em calças pretas, mas de forma texturizada, como se tivessem sido aplicadas sutilmente.
Saias
A Comme des Garçons apresentou um verão escuro, com pitadas de luz quando entravam as peças estampadas, sejam em camisas ou no look inteiro. Se na porta dos desfiles é fácil ver homens de saia, a grife de Rei Kawakubo também levou a peça para a passarela, com tons como cinza em várias nuances e preto. A estilista japonesa ainda trabalhou peças com drapeados ajustados, dando uma impressão amassada a calças e casacos (sim, eles de novo).
O belga Martin Margiela apostou também nas tonalidades mais escuras, com algumas inserções de branco e azul. Sobressaias vinham de forma sutil por cima de calças e por baixo de paletós. O desfile trouxe um casting com muitos modelos barbados e alguns mais velhos. Uma moda usável por todos.